“Inferno em La Palma”: erupção real não deixou feridos, mas relatos de quem presenciou emocionam

Erupção do Cumbre Vieja, vulcão de La Palma, causou destruição durante quase 100 dias e afetou moradias

A ilha de La Palma, localizada no arquipélago das Canárias, abriga o Cumbre Vieja, considerado o vulcão mais ativo da região. Recentemente, a Netflix lançou uma série que mostra as consequências devastadoras de uma possível erupção seguida por tsunami.

Na vida real, o vulcão entrou em erupção em 19 de setembro de 2021, às 15h12 (horário local), permanecendo em atividade durante 85 dias e afetando, sobretudo, várias moradias. Confira os relatos de quem presenciou o abalo na Espanha.

Inferno em La Palma: relembre última erupção do vulcão

Na série da Netflix, uma família norueguesa viaja para a famosa ilha de La Palma, localizada no Oceano Atlântico, em busca de um merecido descanso. No entanto, as férias viram um pesadelo quando uma pesquisadora alerta sobre a possibilidade iminente de uma erupção vulcânica capaz de desencadear um tsunami devastador.

O Cumbre Vieja, na vida real, já teve outras erupções históricas em 1470, 1585, 1646, 1677, 1712, 1949 e 1971. A mais recente aconteceu em 19 de setembro de 2021, mas não chega perto dos eventos descritos pela Netflix.

(Crédito: Divulgação/Netflix)

Entretanto, a erupção resultou em quase 100 dias de destruição na ilha, chegando ao fim em 13 de dezembro, sendo o primeiro despertar do vulcão nos últimos 50 anos. Como resultado, igrejas, casas e outros estabelecimentos ficaram totalmente destruidos.

No final, aproximadamente 3 mil propriedades se perderam pela lava, que cobria 1.219 hectares, de acordo com levantamento oficial. Nesse meio tempo, 7 mil pessoas precisaram ser evacuadas, mas a erupção não causou nenhuma morte.

Da mesma forma, também não ocorreu registro de nenhum ferido. A lava, por outro lado, tornou as casas inabitáveis, fazendo com que famílias precisassem deixar tudo para trás.

Relatos de quem presenciou a erupção do vulcão Cumbre Vieja

Entre os afetados, Jacqueline Rehm e Juergen Doelz eventualmente perderam a residência em que moravam na vila de Todoque, para as larvas, vivendo durante sete semanas em um pequeno vilarejo.

“Cumbre Vieja” (Crédito: PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP via Getty Images)

“Não pudemos salvar nada, nenhum dos móveis, nenhuma das minhas pinturas, está tudo sob a lava agora”, lamentou Jaqueline, em entrevista repercutida pelo “G1”.

Juan Vicente Rodríguez, um residente da ilha, expressou sua preocupação com a erupção, em entrevista no mesmo ano. “Para muitos, será um grande show, mas para nós é difícil e desolador. Estamos em choque. Não é fácil assimilar”, comentou para a BBC News.

Presidente de uma cooperativa de banana-da-terra, Juan Vicente Rodríguez comentou sobre o impacto devastador da erupção nas áreas agrícolas, que perdeu mais de 350 hectares. “Boa parte da produção foi afetada no auge da alta temporada. Muitas entidades bananeiras foram destruídas. É uma perda enorme”.

Vale ressaltar que a banana-da-terra é uma das culturas mais importantes das Ilhas Canárias e, com o turismo, representa uma das principais fontes de renda na região. Rodríguez conseguiu abrigo com amigos e familiares, enquanto os que não tinham essa opção seguiram para quartéis militares e hotéis.

No bairro El Paraíso, por exemplo, cerca de 70% das residências sofreram as consequências da destruição. “É muito triste ver a casa da sua família destruída e falar com vizinhos que lhe dizem: ‘A minha já foi engolida’. É triste. Triste, triste, triste, triste…”, declarou Davinia, aos prantos, ao El País.

“Não levei nada material, só comida e roupas. Não levei nada. Se a lava precisa levar, deixe levar tudo. Se isso está acontecendo, tem que ser por um bom motivo… Não sei”.

Séries da Netflix