Ryan Murphy rebate críticas sobre série de Ed Gein na Netflix: “Não estamos glorificando”

Ryan Murphy garantiu que o objetivo de “Monstro” não é glorificar, mas entender os criminosos, como Ed Gein, por quem já era obcecado

Ryan Murphy, um dos criadores e produtores executivos de “Monstro”, fenômeno global da Netflix, rebateu críticas sobre a nova temporada, focada em Ed Gein. A série, que toma algumas liberdades ficcionais, foi acusada, a princípio, de glorificar os assassinos que retrata e gerou debate nas redes sociais.

“Monstro”: Ryan Murphy rebate críticas sobre Ed Gein

Desde que estreou no streaming, “Monstro” adaptou histórias reais e chocantes, começando por “Dahmer: Um Canibal Americano” (2022), “Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais” (2024) e, mais recentemente, “Monstro: A História de Ed Gein” (2025).

Em pronunciamento sobre a série fazer denúncia ou vangloriar a trajetória dos assassinos, Ryan Murphy deu sua opinião sincera, em coletiva internacional de imprensa. “Acho que as pessoas sempre ficam muito confusas sobre essas séries, elas normalmente só entendem mesmo um ano depois”.

“Monstro: A História de Ed Gein” (Crédito: Netflix © 2025)

“Essa é a minha experiência. A mesma coisa aconteceu com Dahmer, a mesma coisa aconteceu com os Irmãos Menendez. Você vê primeiro, de forma compreensível, a natureza gratuita dos crimes e das pessoas que os cometeram. Mas acredito que é sempre o presente do tempo que nos leva aos editoriais e artigos que dizem ‘ah, acho que o que eles estavam dizendo era…’, e acho que essa frase, ‘o que eles estavam dizendo’, é muito importante”.

O criador e produtor-executivo deu ainda sua visão sobre o caso de Ed Gein, conhecido como “O Açougueiro de Plainfield”, que aterrorizou os Estados Unidos na década de 1950 e ganha vida através de Charlie Hunnam. “Tem aquela ideia de que a história se repete porque ninguém prestou atenção, e acredito que, no caso de Ed em particular, ninguém nunca o colocou em algum contexto cultural”.

“[Ninguém falou] ‘Isso foi o que Ed fez, e essa foi a consequência, e isso foi o que o influenciou’, que foi a 2ª Guerra Mundial. Esse era o meu interesse. Vivemos um tempo em que há guerras em todo o mundo, e ficamos acostumados com as imagens que vimos. A série é um comentário sobre isso também”.

“Monstro: A História de Ed Gein” (Crédito: Netflix © 2025)

Ryan Murphy comenta sobre escolha de Ed Gein

O serial killer nasceu em 1906 no estado de Wisconsin, crescendo em um ambiente opressivo e marcado, sobretudo, pela rigidez moral da mãe, Augustina Gein. Depois da morte dela, em 1945, Ed Gein apresentou comportamento macabro e instável, que resultaria em seus crimes, incluindo assassinatos e restos humanos para confeccionar máscaras, roupas e objetos domésticos.

“O ponto crucial dessa série, para mim, está no episódio 7, em que Charlie entrega uma das melhores atuações que eu já vi. É sobre saúde mental, e qual é a obrigação da sociedade de se importar com as pessoas com a saúde mental comprometida ou descartá-las”, avaliou Ryan Murphy.

“Temos uma cena em que Charlie, como Ed, se emociona e sente um tipo de alívio quando ele descobre que fez todas aquelas coisas porque ele tem esquizofrenia e é uma pessoa doente. Eu estava muito interessado nos transtornos mentais e no isolamento masculino”.

Charlie Hunnam como Ed Gein em “Monstro” (Crédito: Netflix © 2025)

De acordo com Ryan Myrphy, Ed Gein poderia se encaixar na cultura incel. “Ele era de muitas formas o protótipo [do incel], o que é algo muito atual de se falar agora. Ele era isolado, tinha questões com mulheres, era frustrado, lidava com transtornos mentais. Nunca é somente sobre o crime, é sobre o tópico social”.

Ryan Murphy já tinha estudado a história de Ed Gein

Ryan Murphy, por fim, admitiu entender a origem das preocupações do público, mas defendeu que deseja que a série seja sempre um motivo para reflexão de longo prazo. “É uma mente pequena que quer que tudo seja fácil e que a jornada até a verdade não seja difícil, mas a série é sempre isso”.

“Não é gratuito, nós passamos muito tempo trabalhando na imagem e discutindo o que mostramos ou não. Mas eu entendo, e acho que no final tudo sempre funciona da melhor forma. Você precisa esperar um pouco depois de fazer alguma coisa para ser compreendido de verdade”.

“Monstro: A História de Ed Gein” (Crédito: Netflix © 2025)

O criador e produtor-executivo, eventualmente, conheceu a história de Ed Gein quando ainda tinha oito anos. “Tive uma introdução pessoal a Ed Gein”, relembrou. Ryan Murphy chegou a assistir “Psicose” (1960), inspirado pelo assassino, quando ficou sozinho com uma babá e nunca se esqueceu da reação.

“Fiquei transtornado e liguei para a minha avó, que teve de vir me socorrer”, entregou. Apesar disso, Ryan começou a ler tudo o que pudesse sobre o universo de Ed Gein, colocando algumas referências – como “O Massacre da Serra Elétrica” (1974) e “O Silêncio dos Inocentes” (1991) na série da Netflix.

“Sempre fui fascinado por ele”, reforçou. “Sempre tive interesse em explorar por que cada geração faz uma versão mais violenta e mais gráfica dessa história e eu queria entender o motivo. Por que estamos tão interessados nisso? O que está acontecendo em nosso ambiente para nos tornarmos insensíveis à versão da geração anterior?”.

“Monstro: A História de Ed Gein” está disponível no catálogo da Netflix.

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