Em alta na Netflix, “Terra Indomável” traz como pano de fundo um massacre real, de 1857, cometido pelos mórmons
“Terra Indomável”, que chegou ao Top 1 de séries mais vistas pelos brasileiros nos últimos dias, retrata um período violento do meio-oeste americano. A produção original da Netflix, entretanto, se baseia em um massacre real, cometido por mórmons, responsável por trazer fatos reais para o streaming.
“Terra Indomável”: massacre real inspirou a série da Netflix
“Fugindo do passado, mãe e filho formam uma nova família em meio à crueldade e à luta pela liberdade no oeste dos Estados Unidos”, diz a sinopse oficial da minissérie, para maiores, de 6 episódios.
A série, portanto, acontece em meio à guerra de Utah, que contrapôs colonos, governo, mórmons e nativos americanos. Diretamente de 1857, diversos conflitos se espalharam pela região, deixando mortos e feridos.
No primeiro episódio, “Terra Indomável” prova que, apesar de se basear em uma personagem fictícia, traz um contexto histórico rico, valioso e fiel aos detalhes por trás.
A trama começa com uma das matanças mais violentas dos Estados Unidos: o Massacre de Mountain Meadows. A tragédia ocorreu em setembro de 1857 após um grupo, com cerca de 140 colonos que partiram do Arkansas em direção à Califórnia, montar um acampamento no vale de mesmo nome.
Como resultado, um grupo de homens vestidos de nativos iniciaram um ataque violento contra eles, em massacre que durou 5 dias. A trégua ocorreu quando um homem com bandeira branca se aproximou dos colonos e declarou que o exército mórmon escoltaria o grupo em segurança.
No entanto, a proposta não passou de uma armadilha, quando os religiosos mataram 120 pessoas à sangue-frio, poupando apenas algumas crianças pequenas, por acreditarem que não se lembrariam.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias encobriu o seu envolvimento na matança por décadas e culpou os índios Paiutes pelo massacre.
De acordo com historiadores, líderes e soldados mórmons articularam o ataque. A igreja, contudo, demorou 150 anos para reconhecer o papel de seus membros nos assassinatos, em setembro de 2007.
Por que aconteceu o Massacre de Mountain Meadows
Tudo começou após o assassinato de Joseph Smith, fundador do mormonismo, em Illinois, em 27 de junho de 1844, aos 38 anos. O homem influente, assim como o irmão, foram mortos por uma multidão furiosa na cidade de Carthage, enquanto aguardavam julgamento por acusações de traição e conspiração pela destruição de um jornal independente.
Depois da perda, Brigham Young assumiu o comando da Igreja e passou a impor uma liderança autoritária da fé. Eventualmente, o líder levou seus seguidores à região de Slat Lake Valley, onde passou a governar, desafiando o governo americano.
Em 1857, os oficiais federais em Utah fugiram, acreditando que seriam mortos. Nesse meio tempo, o presidente na época, James Buchanan, viu o domínio como uma ameaça, ordenando que o exército fosse enviado à cidade.
Os mormóns, em contrapartida, interpretaram a atitude como uma declaração de guerra contra a religião. Da mesma forma, os nativos Paiutes fecharam uma aliança com Young, contra o governo americano. Em seguida, boatos de que o grupo de colonos que atravessava o país estaria envolvido na morte de Joseph Smith começaram a ganhar repercussão.
Os fiés, por outro lado, agiram sob o comando de John D Lee, o único a pagar pelo massacre. Duas décadas depois, em meio ao apelo popular, o líder foi julgado e executado, servindo como uma espécie de bode expiatório da igreja.