Em alta na Netflix, a série documental “Cirurgião do Mal” (“Bad Surgeon: Love Under the Knife”) conta a história do médico italiano Paolo Macchiarini, que ficou famoso por supostamente criar os primeiros órgãos sintéticos do mundo e que, mais tarde, seria acusado de ser uma fraude.
Dividida em três partes, a atração apresenta depoimentos de famílias das vítimas, da ex-noiva e de alguns colegas que contam tudo o que sabem e que oferecem acesso exclusivo a revelações bombásticas sobre o caso.
História real por trás da série “Cirurgião do Mal”
Paolo Macchiarini foi um cirurgião italiano conhecido por suas pesquisas em transplantes de traqueia utilizando uma técnica pioneira que envolvia o uso de enxertos sintéticos revestidos com células-tronco do próprio paciente. Ele ganhou destaque por suas realizações no campo da medicina regenerativa e transplante de órgãos.
Porém, ao longo do tempo, surgiram várias controvérsias e críticas relacionadas às práticas de pesquisa e conduta ética de Macchiarini. Em 2016, uma investigação do Karolinska Institutet, na Suécia, onde ele trabalhava, concluiu que o especialista agiu de má fé em vários artigos científicos.
Além disso, houve alegações de que os resultados de seus procedimentos não eram tão bem-sucedidos quanto inicialmente relatado, e que alguns pacientes envolvidos nos transplantes teriam enfrentado sérios problemas de saúde e até mesmo morrido.
Segundo informações do jornal britânico The Guardian, por exemplo, Macchiarini e sua equipe realizaram, ao todo, oito transplantes do tipo entre 2011 e 2014, sendo três na Suécia, em 2011 e 2012, e outros cinco na Rússia. Dos pacientes, todos os três suecos morreram, e quatro dos russos.
O que aconteceu com o médico de “Cirurgião do Mal”
Paolo Macchiarini foi julgado na Suécia em maio de 2022 e, na ocasião, a acusação apontava que as três cirurgias realizadas na Suécia constituíam agressão, danos corporais e até negligência. O cirurgião foi inocentado pelo tribunal em duas das três acusações, mas considerado culpado por causar “lesões corporais leves” em um dos pacientes.
O médico italiano foi condenado a uma pena suspensa, ou seja, sua sentença seria reavaliada caso ele cometesse, em um prazo de dois anos, mais um crime no período em que estivesse em liberdade condicional. Em julho de 2023, no entanto, um tribunal de apelações revisou a decisão e condenou o especialista a dois anos e meio de prisão por culpabilidade em todos os três casos.
Um recente artigo da revista Science afirma que, atualmente, há em andamento um recurso contra a condenação de Macchiarini no Supremo Tribunal Sueco e ele não precisa comparecer à prisão para receber sua sentença até que ela seja finalizada.
Não está claro quando o caso será ouvido, já que alguns são resolvidos em poucos dias, enquanto que outros podem levar mais de dois anos. Se a sentença for mantida, o cirurgião italiano provavelmente cumprirá dois terços da pena, de acordo com os padrões suecos.
O caso de Paolo Macchiarini destacou questões éticas importantes relacionadas à pesquisa médica, conduta científica e responsabilidade no campo médico. Ele também levou a uma discussão mais ampla sobre a necessidade de garantir a integridade na pesquisa científica e a importância de uma revisão rigorosa dos resultados antes de serem aceitos e divulgados.
A série documental “Cirurgião do Mal” conta com três episódios no total e está disponível na Netflix para assinantes.
