Ângela Diniz ganhou visibilidade novamente em nova série da HBO que propõe reflexão importante
A história de Ângela Diniz, socialite mineira assassinada pelo namorado nos anos 1970, ganhou uma nova versão através da série da HBO Max, lançada na última quinta-feira (13). Dirigida por Andrucha Waddington, a produção revisita os últimos anos de vida da socialite, que ainda reflete os dilemas da liberdade feminina e da violência de gênero no Brasil.
Confira todos os detalhes!
Série da HBO Max sobre o caso Ângela Diniz
“Ângela Diniz: Assassinada e Condenada” conta a história emblemática do assassinato à queima roupa da socialite pelo namorado Doca Street, papel de Emilio Dantas. Figura conhecida da alta sociedade mineira dos anos 70, Ângela Diniz, interpretada por Marjorie Estiano, foi uma mulher de espírito livre, a frente do seu tempo, que marcou gerações.
O julgamento controverso de sua morte foi um dos mais emblemáticos e midiáticos do país, já que resultou, a princípio, na liberdade e na inocência do playboy. Utilizando a tese da legítima defesa da honra, a defesa do criminoso e acusado transformou Ângela em culpada pela própria morte, gerando revolta entre a opinião pública.
A série da HBO Max, portanto, busca explorar o caso, reconstruindo fatos importantes e evidências que não passam despercebidas, com inspiração no podcast Praia dos Ossos. Através do enredo, o público pode enfim conhecer mais sobre uma mulher que se destacou pela beleza, independência e vida fora dos padrões da época.
O que aconteceu com Ângela Diniz?
Ângela começou a namorar com o empresário Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street, em 1976. No ano novo daquele mesmo ano, o playboy atirou contra a namorada, após uma discussão, matando a vítima, que na época tinha apenas 32 anos, com quatro tiros.
O crime, ocorrido em 30 de dezembro, aconteceu na casa de praia em Armação dos Búzios, no litoral fluminense. Além de ampla cobertura da imprensa, o assassinato causou comoção nacional, especialmente durante o julgamento de Doca. A causa do atentado teria sido o fato do playboy não aceitar o fim do namoro de três meses.
O caso se tornou um marco na história da luta contra a violência de gênero, especialmente porque o assassino utilizou a controversa tese da “legítima defesa da honra” em seu julgamento inicial. Após grande comoção social e pressão de movimentos feministas (com o lema “Quem ama não mata”), o Ministério Público recorreu à sentença inicial e Doca Street foi posteriormente condenado a 15 anos de prisão, pena que foi cumprida.
Diretor da série comenta sobre Ângela Diniz
Andrucha Waddington, diretor da série da HBO Max, reforça que revisitar o caso é essencial para compreender o presente, afinal, muitos debates propostos pela produção continuam atuais.
“A legítima defesa da honra caiu como tese só em 2023, isto é, 47 anos depois do crime. Isso prova como a discussão é muito atual. A gente acha que as coisas mudaram, mas tem muito para mudar ainda. Ângela foi assassinada duas vezes. A segunda foi no tribunal”, declarou o diretor, em coletiva de imprensa.
O diretor defendeu ainda que optaram por dar voz à história de Ângela para que mais pessoas possam conhecê-la. “Nosso cuidado foi não transformar a tragédia em espetáculo. A série é sobre a assassinada, não sobre o assassino. Se quiséssemos explorar o escândalo, teríamos dado mais espaço ao Doca Street, e não fizemos isso”.
“Isso é um true crime e uma série de julgamento e não só pela parte jurídica, mas pelo nosso olhar de julgamento. É uma série que nos faz analisar tudo e a gente vai se assustar, mesmo sendo há 47 anos”, concordou a diretora de produção de ficção da Warner Bros. Discovery, Renata Rezende.
“Ângela Diniz: Assassinada e Condenada” está disponível no catálogo da HBO Max. No total, a série ganha seis episódios, exibidos semanalmente na HBO e no streaming, ficando completa em 11 de dezembro.