Detentos de “Tremembé” que cometeram crimes tão cruéis (ou mais) que os protagonistas

“Tremembé” destaca outros detentos, inspirados em figuras reais, que cometeram crimes horríveis

“Tremembé”, série do Prime Video que se tornou um fenômeno, gira em torno da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, conhecida como “presídio dos famosos”, que recebeu detentos notórios com ampla repercussão na mídia pelos crimes cometidos.

A série destaca Suzane von Richthofen (Marina Ruy Barbosa), Elize Matsunaga (Carol Garcia), Anna Carolina Jatobá (Bianca Comparato) e Alexandre Nardoni (Lucas Oradovschi), além dos irmãos Cravinhos (Kelner Macêdo e João Pedro Mariano) e Roger Abdelmassih (Anselmo Vasconcelos).

No entanto, outros criminosos que conviveram com o grupo e ganharam destaque na série, representando uma história real, também cometeram atrocidades tão grandes – ou até piores – do que eles. Conheça outros casos!

“Tremembé”: os crimes cometidos pelos outros detentos

Cássia

Cássia, que ganha destaque nos primeiros episódios de “Tremembé”, vivia perseguindo Ana Carolina Jatobá na cadeia. Interpretada por Ana Paula Dias na ficção, a criminosa ficou marcada pela extrema crueldade que demonstrou com a própria filha na vida real.

A personagem teve inspiração no caso da Regina Aparecida Costa, natural de Araraquara, condenada a 20 anos de prisão. Segundo o Ministério Público, a detenta recebeu pena por prostituir a filha de apenas 11 anos. O caso aconteceu em Monte Aprazível, no interior de São Paulo, onde Regina conheceu o pedreiro Marco Marques de Souza, de 24 anos.

Cássia (Ana Paula Dias) em “Tremembé” (Crédito: Reprodução/Prime Video)

Os dois começaram a se relacionar e, com o tempo, ele foi demonstrando interesse na criança. Para manter o relacionamento e o sustento da casa, Regina permitia que o homem violentasse sexualmente a filha, em troca de R$ 50 por noite. Pouco depois, Marco se declarou apaixonado pela criança e a detenta sugeriu que fosse morar com elas, com a condição de sustentar a família.

Como resultado, Marcos decidiu sair de casa e morar apenas com a menina, mas quando a mãe dele descobriu o que acontecia, ameaçou procurar a polícia. O pedreiro devolveu a garota para Regina, mas continuou fazendo as visitas mediante pagamento, enquanto outros homens se aproximavam dela, com autorização da mãe.

A situação ficou tão crítica que a menina pediu para a mãe parar, mas a Regina reagiu com violência, espancando a filha. A criminosa chegou a levá-la no alojamento de cortadores de cana para explorar a garota, mais uma vez, em troca de dinheiro. Quando conseguiu fugir, a menina procurou o conselho tutelar, contando o inferno que vivia há meses e colocou a mãe e o amante atrás das grades.

Gil Rugai

Gil Rugai, interpretado por Leôn Moreno em “Tremembé”, recebeu pena por matar o pai e a madrasta, Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino, a tiros. O ex-seminarista cometeu o crime em 2004, no interior de São Paulo, sendo considerado como principal suspeito logo depois da tragédia.

Um vigia relatou ter visto o herdeiro saindo da casa do pai com outra pessoa na noite do crime e mudou o rumo das investigações. A perícia encontrou, em seguida, um cartucho disparado pela arma usada no assassinato no quarto dele, que se declarava inocente de todas as acusações.

Leôn Moreno e Gil Rugai (Crédito: Prime Video/Reprodução)

O caso, assim como outros relatados em Tremembé, se tornou muito comentado, já que Gil tinha apenas 20 anos na época do crime. O caminho até a condenação levou anos, com vários pedidos de habeas corpus até o veredito, em fevereiro de 2013, com pena de 33 anos e 9 meses de prisão.

A motivação para o crime foi a demissão do jovem da produtora Referência Filmes, que pertencia ao pai. Após cumprir parte da pena, Gil conseguiu a progressão ao regime semiaberto na Justiça, em 2021 e ao aberto, posteriormente, em 2024, com o uso de tornozeleira eletrônica e cumprindo medidas cautelares.

Poliana

Mais uma detenta que chamou a atenção, Poliana (Letícia Tomazella) teve inspiração em uma criminosa da vida real chamada Luciana Oldberg. A detenta recebeu condenação de 29 anos de prisão em 2013 por registrar abusos sexuais cometidos contra suas irmãs gêmeas, de apenas três anos, além de compartilhar o material em grupos de pedofilia.

O crime envolvia ainda o marido dela, proprietário de uma academia de boxe, e um aluno, com quem o casal mantinha um relacionamento a três. As crianças, nesse meio tempo, eram dopadas com tequila e violentadas, segundo informações do jornal O Globo.

Poliana (Leticia Tomazella) em “Tremembé” (Crédito: Reprodução/Instagram @leticiatomazella @ullissescampbell)

Um dos participantes desses grupos viu o vídeo e denunciou o crime à polícia, o que levou à prisão de Luciana e dos outros dois envolvidos. Na cadeia, Luciana se aproximou de Suzane, que chegou a ter um relacionamento com o irmão dela, Rogério Olberg.

Raíssa

A personagem Raíssa (interpretada por Débora Fernanda) tem sua trajetória inspirada em um dos crimes mais chocantes já registrados no interior de São Paulo: o caso de Vanessa dos Santos Martins. Condenada em 2007, Vanessa foi responsável pela morte de seu enteado, Alan David Andrade Garcia, de apenas cinco anos.

O brutal assassinato ocorreu em Penápolis (SP), enquanto o pai da criança estava ausente. Os autos do processo indicam que Vanessa atacou Alan com extrema violência, usando socos, chutes e golpes na cabeça, que causaram hemorragia interna e o rompimento do baço. A defesa de Vanessa alegou, na época, que a madrasta sofria de depressão pós-parto e teve um descontrole desencadeado por uma crise de choro do menino.

Raíssa (Débora Fernanda) em “Tremembé” (Crédito: Reprodução/Prime Video)

Alan foi levado ao hospital por ela, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos. Condenada a 28 anos e 8 meses de prisão, Vanessa foi transferida para o Presídio de Tremembé. Foi lá que sua história tomou um rumo inesperado: a criminosa passou por uma profunda transformação, ajudando a fundar uma igreja dentro da penitenciária. Vanessa se tornou uma figura central e respeitada, atuando como pastora e conselheira para outras detentas, incluindo Suzane.

Sandrão

Sandra Regina Ruiz, a Sandrão, interpretada por Letícia Rodrigues, ficou famosa por se envolver com Suzane e Elize no presídio. A criminosa, entretanto, foi condenada em 2003 por participar do sequestro e assassinato do menino Talisson Vinicius da Silva Castro, um adolescente de 14 anos, da periferia de Mogi das Cruzes.

Letícia Rodrigues e Sandrão (Crédito: Divulgação/Prime Video/TV Record)

Na época, ela e outros três envolvidos exigiram resgate da família, mas a vítima acabou morta com um tiro na cabeça, mesmo após parte do valor negociado ter sido entregue. De acordo com a sentença, Sandrão era quem fazia as ligações, onde exigiam R$ 30 mil pelo resgate. Os parentes, entretanto, só conseguiram R$ 3 mil.

O crime de sequestro seguido de morte (latrocínio) é classificado com alto grau de violência e rendeu a condenação de 27 anos de prisão à detenta, que afirmou ter sido ameaçada e coagida a participar. A notoriedade de Sandrão, no entanto, se deve mais ao seu papel de líder e articuladora na prisão. Atualmente, ela está em regime aberto, desde 2015.

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