Mais tarde na vida, Lázaro Ramos chegou a comprar o apartamento onde a mãe trabalhou – e onde também sofreu maus tratos
Em entrevista ao “Globo Repórter” (Rede Globo), Lázaro Ramos relembrou momentos difíceis de sua infância. Afirmando que não fala muito sobre isso pois não quer que essas questões o definam como pessoa, o ator contou que a mãe, quando trabalhava como empregada doméstica, chegou a ser agredida pela patroa – algo que marcou a vida dele para sempre.
Lázaro Ramos relembra vivência da mãe como empregada doméstica
Em um episódio especial sobre ele no “Globo Repórter”, Lázaro Ramos deu uma rara declaração sobre a mãe, Célia Maria. Ela morreu quando o filho ainda era adolescente, e teve vivências muito tristes que, segundo o ator, equilibrava com resiliência e alegria.
“Ela era forte na leveza. Isso que é lindo. Ela aproveitava todos os momentos, minha mãe não tinha tempo ruim”, disse ele, emocionado ao relembrar a experiência dela como empregada doméstica.
“Ela trabalhava de domingo a domingo, não tinha folga. Nos momentos em que eu ia para a casa da empregadora dela, ficava trancado no quartinho. Às vezes, minha mãe entrava, mas muito maltratada”, disse ele, detalhando algumas cenas.
“Minha mãe não podia comer carne no trabalho dela, sabe? Era ovo. Às vezes quando eu estava lá, ela pegava um pedacinho de carne escondido para me dar. Dureza…”, refletiu o ator.
Afirmando que não quer que essas experiências o definam – como não crê que definem Célia Maria –, ele relatou um episódio especialmente perturbador. “Vi minha mãe tomar um tapa da empregadora dela, mas, para além do tapa, o que é mais simbólico para mim é que assim que ela acabou de tomar o tapa, entrou no quarto e me deu um sorriso”, disse.
Emocionado, ele descreveu a mãe com carinho. “Essa mulher estava sempre – sempre! – querendo que eu voasse. Não queria que eu estacionasse em um lugar de sofrimento e dor”, declarou.
Lázaro Ramos comprou apartamento onde a mãe trabalhava
Mais tarde na vida, quando se viu em condições de fazê-lo, o ator comprou o apartamento que, antes, pertenceu à ex-empregadora de Célia Maria. “Achei que era por vingança. Fui guiado por um sentimento absolutamente humano de ver aquilo, ver que podia comprar… Comprei”, disse ele.
O destino do apartamento, porém, foi nobre e muito significativo para ele. “Entrei lá e falei: ‘Não quero ficar com esse apartamento, ele tem de ser doado’. Encontrei uma instituição que acolhe pessoas em trabalho análogo à escravidão e doei para essa instituição”, concluiu.