Com crítica social afiada e final sombrio, episódio “Pessoas Comuns” de “Black Mirror” expõe os perigos de uma vida dependente da tecnologia e dos serviços por assinatura
A nova temporada de “Black Mirror” chegou na Netflix deixando os fãs de queixo caído — e coração apertado. O primeiro episódio, intitulado “Pessoas Comuns”, virou assunto nas redes por seu enredo perturbador e extremamente atual, ao retratar os limites da tecnologia na vida cotidiana. E como toda boa ficção distópica, a história mexe com o emocional do público ao ponto de ser considerada uma das mais traumatizantes da série.
O texto abaixo contém spoilers do episódio!
“Pessoas Comuns” de “Black Mirror”: sobre o que é

Estreando a sétima temporada de Black Mirror, o episódio “Pessoas Comuns” rapidamente se destacou por seu conteúdo denso e devastador. Estrelado por Rashida Jones e Chris O’Dowd, o capítulo conta a história de Amanda e Mike, um casal de classe média que sonha em formar uma família, mas tem a vida virada do avesso após um acidente mudar tudo.
Após Amanda entrar em coma, Mike se vê diante de uma escolha desesperadora: aceitar ou não uma solução experimental oferecida por uma empresa chamada Rivermind, representada por Gaynor (Tracee Ellis Ross). A promessa da empresa? Restaurar a consciência de Amanda através de um sistema tecnológico conectado à nuvem, mas com altos custos e exigências tecnológicas, como permanecer sempre em áreas de cobertura e dormir por longos períodos.
A princípio, a ideia parece um milagre moderno. Mas logo a situação foge do controle. Amanda passa a dormir por horas intermináveis, e os gastos com o plano de assinatura (de US$ 300 por mês) começam a pesar. Para piorar, ao cair no plano gratuito, ela começa a falar propagandas de forma involuntária, como se fosse um “streaming humano” com anúncios — uma crítica direta ao modelo de negócios de várias plataformas atuais.

Com o tempo, Amanda começa a “falhar” e decide que viver nessas condições não é mais viável. Em uma das cenas mais impactantes da série, ela pede a Mike que a mate enquanto estiver inconsciente, pois não quer ser um produto de consumo para sempre. O episódio termina de forma ambígua, com Mike entrando no quarto dela — e olhando diretamente para a câmera.
Final explicado de “Black Mirror”: “Pessoas Comuns”
O criador da série, Charlie Brooker, explicou em entrevista à Netflix: “Você notará que ele olha diretamente para você, o espectador, no último momento. […] O pedido dela, ser sufocada até a morte enquanto fazia uma publi, parecia perfeitamente sombrio e perfeitamente ‘Black Mirror’”.

A reação do público não demorou: muitos disseram que ficaram emocionalmente abalados, que o episódio foi profundamente angustiante, e que jamais vão esquecer a cena final. A crítica também destacou o quanto o episódio é aterrorizante justamente por parecer possível — especialmente em um mundo cada vez mais dependente de serviços por assinatura, big techs e inteligência artificial.
Assim, “Pessoas Comuns” entra facilmente na lista dos episódios mais sombrios e reflexivos de “Black Mirror”, provocando um desconforto necessário ao tocar em temas cada vez mais presentes na realidade.