Ke$ha livre: revolta e solidariedade contra supostos ‘abusos’ de produtor

Tudo começou em 2005. Ke$ha, aos 18 anos, era uma promessa musical que idolatrava músicos como Iggy Pop e Dolly Parton e foi contratada pelo produtor Lukasz Sebastian Gottwald.

Conhecido como Dr. Luke, o dono da gravadora Kemosabe Records, de propriedade da Sony, decidiu investir na cantora.

Após alguns anos, singles como “Tik Tok” e “Your Love is My Drug” colocaram a artista de Los Angeles entre as grandes estrelas da música pop, mas um fato permaneceu oculto: a de que Dr. Luke teria cometido abusos com a cantora.

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Depois de passar por um difícil período em reabilitação para se livrar das drogas, Ke$ha denunciou em outubro de 2014 as agressões sexuais de Dr. Luke. Quase 10 anos antes, disse a cantora, o produtor havia colocado pílulas em sua bebida. Ela só foi recuperar os sentidos após acordar pelada em sua cama sem se lembrar do que realmente aconteceu.

Este lamentável caso seria o ponto de partida para que ela se envolvesse ainda mais com bebidas e drogas.

Ao entrar com uma medida judicial, Ke$ha também denunciou as agressões verbais por parte de Dr. Luke: de acordo com a cantora, ele a chamava de “a porra de um frigorífico de gordura” e dizia: “ Você não é tão bonita, não é tão talentosa, é apenas sortuda por ter a mim”. (Além de Ke$ha, Luke também produziu Kate Perry, Kelly Clarkson, Shakira, Britney Spears, entre outras.)

O advogado da cantora afirmou que uma das intenções de processar Dr. Luke era “ obter novamente o controle de sua carreira musical” e lhe garantir “liberdade pessoal após sofrer por mais de 10 anos como vítima de manipulação mental, abuso emocional e instância de agressão sexual nas mãos de Luke”.

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Julgamento: #FreeKesha

O julgamento do caso aconteceu em 19 de fevereiro, em Nova York. A juíza Shirley Kornreich negou a moção para que a cantora rompesse o contrato com Dr. Luke, que prevê a produção de mais três discos.

Imediatamente seguiu-se uma onda de solidários virtuais, que criaram a hashtag #FreeKesha no Twitter. Cantoras como Demi Lovato, Ariana Grande e Lady Gaga escreveram mensagens de apoio no microblog. “Isto só vai tornar-te mais forte, sua linda e corajosa. As orações estão contigo. É frustrante ver as mulheres chegarem-se à frente com o seu passado, apenas para serem derrubadas, desacreditadas e desrespeitadas. Acontece muitas vezes”, disse Demi.

https://twitter.com/ddlovato/status/701134345545748480

Mas, quem tomou a atitude mais notável foi Taylor Swift. A superestrela do pop atual anunciou doação do equivalente a R$ 1 milhão para ajudar na batalha legal contra o produtor.

As reações foram adversas. Demi Lovato sugeriu que Swift queria ‘se promover’ e alegou que ela poderia ter outra atitude que não fosse a doação do dinheiro: “Leve algo para Capitol Hill ou realmente fale sobre alguma coisa e eu vou ficar impressionada”, escreveu Lovato.

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“Ela era minha pequena irmã”

Os advogados de Dr. Luke disseram que o produtor havia investido um montante de mais de R$ 100 milhões em Ke$ha. Em sua defesa, Luke disse que “nunca fez sexo com ela” e acrescentou: “ela era como minha pequena irmã”.

O produtor acusou a mãe e a cantora de criarem uma “campanha de publicar declarações ultrajantes e falsas” contra ele. “Não entendo por que eu tenho que tomar uma medida extraordinária de conceder uma liminar”, declarou ao Hollywood Reporter.

A Sony ‘concordou’ em permitir que Ke$ha grave sem a participação do produtor. Os advogados da cantora defenderam que isso poderia “levá-la ao fracasso”, devido aos interesses da Sony em mentir à Corte para defender Dr. Luke.

Os advogados da cantora também argumentaram que, pela Kemosabe Records, Ke$ha “sofrerá danos irreparáveis, despencando sua carreira a um ponto em que não haveria mais retorno”.

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