Hoje muito conhecido, Seu Jorge usava o violão para atrair a atenção das pessoas nas ruas: “Quando eu não estava com meu instrumento, era invisível”
Nome emblemático da música e até do cinema, Seu Jorge tem uma história marcante. Hoje pai de família e bem-sucedido, ele já enfrentou obstáculos trágicos na vida – e isso inclui a morte de um dos irmãos em uma chacina no Rio de Janeiro, além de um período de cerca de sete anos vivendo nas ruas.
O Zappeando está concorrendo ao Prêmio iBest! Se você curte nosso conteúdo, dá aquela força e vote na gente! É rapidinho e faz toda a diferença: basta clicar aqui.
História de vida de Seu Jorge é marcada por obstáculos

Dono de hits extremamente conhecidos, como “Burguesinha”, e intérprete de papéis marcantes, como o de Mané Galinha (“Cidade de Deus”), Seu Jorge nem sempre teve uma vida fácil. Aos dez anos, ele já trabalhava como borracheiro para ajudar a família e os três irmãos – e mais tarde, em 1990, perdeu um deles em uma tragédia.
Morte do irmão de Seu Jorge
Tudo aconteceu em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, quando o músico tinha 19 anos. Vitório, irmão mais novo do músico, foi morto em uma chacina, algo que emociona o artista até hoje. Ao quadro “Pode Perguntar” do “Fantástico” (Rede Globo), por exemplo, ele declarou que se arrepende da forma como viveu os últimos momentos com Vitório.

“Estava tocando uma música do Fleetwood Mac no rádio, e eu não queria ouvir a música. Fui mesquinho e briguei com ele por causa da música. Enchi o saco dele, falei um monte de bobagens e fui para o trabalho. Quando voltei, ele estava morto. Eu gostaria de ter falado para ele: ‘Desculpa por ter sido mesquinho, o rádio é nosso, não é meu’. Essa é uma coisa que eu vou carregar para o resto da vida”, declarou ele.
Após a morte do irmão, o músico se mudou para o Méier, no Rio de Janeiro, como forma de tentar uma nova vida.
“Quando meu irmão morreu, a gente no dia seguinte a gente já foi embora de lá, não tinha condição de ficar no mesmo lugar. Espalhou todo mundo. Só tinha dois caminhos: ou eu entrava para a boca de fumo para vingar a morte dele como o Mané Galinha fez, ou eu escolhia o que escolhi. Nunca tive disposição física nem coragem para o crime. Tive de me aceitar e ressignificar minha vida a partir da perda”, disse ele.

Seu Jorge chegou a viver nas ruas
Após a mudança, o músico viveu em grande dificuldade. Durante cerca de sete anos, conforme já relatado por ele, o artista viveu nas ruas, e contou com a ajuda muito simbólica de duas pessoas. Ainda no quadro do “Fantástico”, ele contou ter vivenciado algo muito emocionante com um policial e com o dono de uma banca.
“O Gerson era dono da barraca, e o Antero era um ‘polícia’. Era um ‘polícia’ mais ‘easy going’ [“tranquilo”, em tradução para português’]. Sei lá como explicar esse cara. Ele começou uma vaquinha para tentar me comprar um violão. Essa foi uma das maiores gentilezas. Ele sabia que se eu tivesse um violão, teria a possibilidade de tocar. Ele não conseguiu, mas o esforço desse cara foi uma coisa muito linda”, disse ele.

Em seguida, Seu Jorge contou como, no fim das contas, ganhou o instrumento indiretamente pelos esforços do policial. “O Gerson percebeu que ele estava fazendo esse movimento, e ele tinha quatro violões. Me deu um com umas revistinhas com música do Legião Urbana”, declarou o músico.
Segundo ele, o violão era uma forma de ser visto pelas pessoas. “Quando eu não estava com meu instrumento, eu era invisível. Quando eu estava, despertava muita curiosidade de pessoas que queriam me ouvir – e, à medida que ouviam, ficavam bastante surpresas. Ficavam indagando por que eu estava naquela condição”, comentou.
O artista, porém, afirmou que sempre teve a certeza de que sua condição precária era transitória. “Eu falava: ‘Isso vai passar, vou sair’. E consegui sair. Eu sabia que ia sair. [Diziam] ‘Toca mais alguma aqui’, ‘você comeu?’, ‘quer tomar alguma coisa’?”, narrou o músico.

O Zappeando está concorrendo ao Prêmio iBest! Se você curte nosso conteúdo, dá aquela força e vote na gente! É rapidinho e faz toda a diferença: basta clicar aqui.