Fabrício Boliveira criticou Thiago Fragoso após o ator afirmar que não consegue papéis na TV por ser “hétero e branco”
Fabrício Boliveira, um dos protagonistas da novela “Volta Por Cima”, respondeu a uma recente declaração de Thiago Fragoso, que expressou insatisfação com o mercado audiovisual brasileiro, dizendo que ser “homem hétero e branco” dificulta a obtenção de papéis na televisão. Fabrício interpretou a fala como proveniente de uma pessoa “mimada”.
Fabrício Boliveira rebate fala de Thiago Fragoso
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Thiago Fragoso disse: “Em cada novela ou série, eu tenho a chance de fazer um personagem. Ou sou eu, ou o Jonas Bloch, ou o Herson Capri, ou o namorado da Larissa Manoela, que também é loiro de olhos azuis. Entrou um, não pode mais ter homem hétero, branco”.
Fragoso ressaltou insatisfação com a situação atual da televisão, afirmando que sua experiência é limitada, e questionou as mudanças no cenário de representatividade.
Fabrício Boliveira não hesitou em criticar essa perspectiva. Ele afirmou que “não dá para lidar com tanta ignorância hoje, em 2024”, referindo-se à falta de reconhecimento da diversidade e das desigualdades no Brasil.
“Ele não mora no Brasil, né? Ele não olhou para a história dele nem para a história desse país. Só pode ser isso”, disse Fabrício, ressaltando que a declaração de Fragoso é um reflexo de um privilégio que muitos artistas não compartilham.
O ator de “Volta Por Cima” afirmou: “Acho que é realmente um lugar de mimado, de quem sempre teve tudo e não quer de jeito nenhum compartilhar esse espaço”.
Para Boliveira, apenas uma pessoa “cis, hétero e branca” poderia fazer uma afirmação dessa natureza, destacando que muitos artistas têm lutado arduamente para obter reconhecimento em um cenário muitas vezes excludente.
Fabrício também chamou a atenção para a necessidade de os atores se esforçarem mais e estarem cientes da crescente diversidade no mercado. Ele observou que muitos atores talentosos estão ganhando espaço, e que, ao longo de sua carreira, teve que trabalhar com contratos de obra, sem um salário fixo mensal, ao contrário de Fragoso, que integrou o elenco fixo da Globo por mais de 20 anos.
“Eu nunca tive tempo nem o privilégio de poder pensar nas minhas obras ou no que queria fazer porque não tinha um salário fixo chegando todo mês. Quando tive [maior estabilidade financeira], em vez de ficar de boa em casa, eu estava exercendo outro tipo de função, abrindo cadastro para outros atores negros”, explicou Boliveira, referindo-se à sua iniciativa no Elenco Negro, que conecta atores pretos a diretores e produtores.