Maria Eduarda de Carvalho perdeu a irmã, Maria Antonia, no mesmo ano do nascimento de sua filha, Luiza
Maria Eduarda de Carvalho perdeu a única irmã, Maria Antonia, vítima de um câncer agressivo e raro, em 2010. A morte aconteceu no mesmo ano do nascimento da filha, Luiza, levando a atriz a transformar sua dor em obra de arte no teatro, sete anos depois, se aproveitando do espaço para superar o trauma.
Maria Eduarda de Carvalho transformou perda de irmã em peça
Bisneta do escritor José Cândido de Carvalho, Maria Eduarda sempre gostou de escrever, mas o pontapé para começar a colocar isso em prática veio anos após a perda da irmã, Maria Antonia.
“Coisas da vida. No intervalo de um mês eu vi o nascimento da minha filha, Maria Luiza, e a minha única irmã, Tune (Maria Antônia), morrer”, afirmou a atriz, ao Gshow, em 2017.
Apesar de toda dor, Maria Eduarda se surpreendeu com a curiosidade de Luiza sobre a tia, que, na época, tinha 26 anos e estava se formando em publicidade.

“Foi aí que nasceu a peça ‘Atrás do Mundo’. Com o objetivo de manter a memória de Tune viva, resolvi reescrever a nossa história de 25 anos de convivência e que minha filha entendesse a importância dela na minha vida. Apresentar tudo sobre a minha maior cúmplice e amiga”.
De acordo com a atriz, a peça foi responsável por fazê-la processar o trauma, após anos de sofrimento. “Costumo dizer que a arte salva vidas porque salvou a minha. Hoje tenho uma outra relação com a morte da minha irmã graças a essa peça”.
Além de escrever o espetáculo, Maria Eduarda produziu e atuou na peça como Duda, uma menina de 7 anos, que acaba de perder a irmã e desenvolve uma bela amizade com um garoto também sozinho.
Interpretado por Leandro Baumgratz, o pequeno, em contrapartida, tinha acabado de vivenciar a separação de seus pais. Nos bastidores, Luiza chegou a ajudar e influenciar diretamente a mãe na produção do roteiro.

“Muitas de suas perguntas estão na peça, assim como várias conclusões e também criações”, contou Maria Eduarda, à Quem. “Me lembro do meu embaraço na primeira vez que Luiza me perguntou porque minha irmã nunca estava presente, já que eu falava tanto nela. Luluba tinha dois anos e queria saber se ‘a Tuni era invisível’. De imediato fiquei sem repertório…”.
“Não sabia o que responder, então fui tentando me aproximar da lógica infantil, que é extremamente poética e concreta, para dar conta de responder. Acabei descobrindo que é possível falar das perdas da vida de uma forma lúdica e cheia de encantos”.
Maria Eduarda de Carvalho comenta sobre a irmã que perdeu
Maria Eduarda admitiu que sempre pensa na irmã e deixou a família muito emocionada ao colocar o espetáculo em prática. “O fato dela não estar mais presente fisicamente não muda a importância que Maria Antonia tem pra mim”.
“Penso nela diversas vezes por dia. De uma forma diferente, o diálogo permanece, porque estou sempre imaginando o que ela diria, ou como reagiria aos acontecimentos diários”, acrescentou ainda, reforçando que as duas eram muito grudadas e cúmplices de vida.
“Para além de todo o sofrimento vivido, uma questão não me saia da cabeça: como tornar Antonia viva para Luiza? Como fazer com que Luiza conhecesse sua tia, mesmo nunca a tendo encontrado? Como tocar na morte para falar da vida e de seus encontros irreversíveis, insubstituíveis e eternos? Nasceu ‘Atrás do Mundo'”.