A influenciadora Virginia Fonseca prestou esclarecimentos em audiência na CPI das Bets por envolvimento com propagandas de jogos de azar
Em meio a investigações sobre as bets, jogos de azar que tomaram conta da publicidade nos últimos anos, a influenciadora Virginia Fonseca foi chamada para depor. Em dezembro de 2024, a presença dela como testemunha na CPI das Bets já havia sido confirmada – e, nesta terça-feira (13), ela prestou esclarecimentos sobre seu envolvimento com as plataformas de apostas.
Entenda a convocação de Virginia na CPI das Bets e veja o que a influenciadora falou em seu depoimento.
Virginia na CPI das Bets: entenda a convocação
Em 3 de dezembro de 2024, a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as Apostas Esportivas Online (CPI das Bets) autorizou a convocação de alguns famosos para prestar depoimento. Entre eles, estava a influenciadora Virginia Fonseca, conhecida por, em meio aos próprios negócios, divulgar jogos de azar no Instagram.
Mas, afinal, o que significa a presença de Virginia na CPI das Bets? Assim como frisado pelo presidente da comissão, o senador Hiran Gonçalves (PP – RR), a influenciadora foi convocada como testemunha, e não como investigada. A função dela, portanto, é a de prestar esclarecimentos.
Conforme informou a relatora da CPI, a senadora Soraya Thronicke (Podemos – MT), no momento da convocação, ela é importante para a comissão pela “expressiva popularidade e relevância” da influencer no mercado digital. “Torna-se fundamental compreender o alcance e as responsabilidades éticas associadas a tais ações, especialmente em um segmento com potenciais implicações sociais”, disse ela sobre Virginia.
A influencer, inclusive, não foi a única famosa chamada para depor. Além dela, a CPI também já convocou Deolane Bezerra, Jojo Todynho, Felipe Prior e Gusttavo Lima.
Esclarecimentos de Virginia na CPI: o que ela disse?
Durante a audiência, Virginia foi questionada sobre valores, supostas sociedades com grupos de apostas, conformidade das propagandas feitas por ela no Instagram e mais. Veja abaixo os destaques das falas da influenciadora na CPI das Bets:
Virginia nega “cachê da desgraça”
Um dos pontos mais divulgados quanto a relação da influenciadora com jogos de azar era a suposição de que ela ganharia mais dinheiro com as perdas dos próprios seguidores. Na CPI das Bets, o assunto foi abordado sob a alegação de haver cláusulas contratuais assegurando isso – algo negado por Virginia.
“Fechei meu contrato com a Esportes da Sorte e esse valor que eles me pagaram, se eu dobrasse o lucro dele, receberia 30% a mais da empresa. Em momento nenhum foi sobre perdas dos meus seguidores, nunca teve isso, meu contrato não tem nada de anormal. O que aconteceu foi isso – e nem foi atingido esse valor. Não foi dobrado, nunca recebi um real a mais do que o contrato de publicidade que fiz por 18 meses”, disse.
Influenciadora promete repensar parcerias
Diante de fatos expostos durante seu depoimento, Virginia foi questionada sobre repensar a parceria com as Bets, e garantiu que o fará. Ainda assim, ela afirma não se arrepender do envolvimento, e também não garante que deixará de fazer publicidades como essas.
“Não me arrependo de nada que fiz na minha vida, acredito que tudo seja ensinamento. Hoje, estou aqui e espero que ajude vocês”, declarou.
Virginia esclarece vídeos sem alerta de publicidade na CPI das Bets
Ao longo do depoimento, Virginia afirmou que, ao divulgar os jogos de aposta, se certifica de deixar avisos aos seguidores. Segundo a influencer, ela sempre lembra que os jogos são para maiores de 18 anos, que é preciso ter responsabilidade e que pessoas com propensão a vícios devem evitar as plataformas.
A relatora Soraya, porém, exibiu uma série de vídeos da influenciadora em que não havia alerta ou sinalização de se tratar de publicidade. Sobre isso, Virginia afirmou que o vídeo é antigo e que “na época, o Conar [Conselho Regional de Autorregulamentação Publicitária] não mandava colocar imagem”.
Apresentadora diz desconhecer casos de prejuízo extremo por Bets
Questionada por Soraya se tem conhecimento sobre seguidores que pediram socorro após perder muito dinheiro nas plataformas, Virginia afirmou que soube de um caso – mas que o seguidor em questão “não seguiu com o processo” contra ela.
Além disso, questionada sobre ter conhecimento de pessoas que se suicidaram após o prejuízo decorrente das Bets, ela negou. Virginia ainda afirmou que não tem o poder de impedir que as pessoas sofram danos.
“Acho que pedem socorro para a senhora porque a senhora tem poder de fazer alguma coisa. Eu não tenho”, declarou.
Virginia nega ter enriquecido com jogos de azar na CPI das Bets
Questionada sobre o patrimônio, Virginia frisou que não se tornou milionária com as publicidades de jogos de azar e nem fazendo uso das plataformas, como aparece fazendo com frequência. Ela afirmou que, no ano passado, o faturamento de sua empresa, a We Pink, foi de cerca de R$ 750 milhões, o que comprovaria a fala dela.
Na sequência, Soraya perguntou a Virginia se, com o atual patrimônio, ainda vale a pena continuar fazendo a publicidade para essas empresas. A isso, a influenciadora repondeu de forma direta, mas resumida. “Isso é uma coisa que vou chegar em casa e pensar, pode ter certeza”, afirmou.
Influenciadora se nega a revelar valor de campanha
Questionada na CPI das Bets sobre qual teria sido o maior valor de uma campanha feita por ela divulgando jogos de aposta, Virginia optou por não responder. “Me reservo ao direito de ficar calada”, declarou.
Virginia admite conta secundária para jogar nas plataformas
Constantemente, Virginia mostra cenas em que ela mesma aparece jogando nas plataformas de aposta. Questionada se isso acontece através de uma conta da própria influenciadora, ela negou. “Não. É uma conta que eles mandam senha. É uma conta feita para eu jogar. Não é uma conta fake”, disse.