Responsável pelas maiores maldades de “Nos Tempos do Imperador”, Tonico Rocha (Alexandre Nero) é o maior inimigo da coroa, defende a escravidão e, como se não bastasse, não cansa de diminuir as mulheres e os negros.
Apesar de não ter existido na vida real, comportamentos como o dele não existiram apenas na ficção! Para que o personagem fosse escrito, os autores se inspiraram no Barão de Cotegipe, um dos políticos mais polêmicos da época. Entenda!
Barão de Cotegipe inspirou criação de Tonico Rocha

Desde que decidiu ser deputado, Tonico Rocha revelou ter um grande rancor com a família real. Em seu caso, a sua motivação era um conflito que teve na infância com Dom Pedro II (Selton Mello).
Isso fez com que o rapaz se voltasse contra a monarquia, fazendo de tudo para provocar a família real e se beneficiar através da política, defendendo a escravidão com a desculpa de proteger a economia do país – e de seu próprio bolso.
Apesar de não ter sido uma pessoa real, suas atitudes foram inspiradas em um homem que existiu e, apesar de não ter as mesmas motivações que o personagem, foi tão polêmico quanto.

João Maurício Wanderley, também conhecido como Barão de Cotegipe, nasceu em Villa da Barra, atualmente conhecida apenas como Barra. Na época, o município fazia parte da Capitania de Pernambuco e, hoje, é integrada à Bahia.
Descendente de holandeses, há registros históricos que afirmam que o Barão era mestiço, filho de uma escrava, mas em todas as suas pinturas sempre foi embranquecido.
Assim como Tonico Rocha, o Barão de Cotegipe se formou em direito em Olinda e, logo depois, ao retornar para a sua cidade natal, engatou na carreira política.

Filiou-se ao partido Conservador e, rapidamente, cresceu como político. De deputado provincial, se tornou geral, para depois ser chefe da policia e ainda nomeado por Dom Pedro II como o presidente da província da Bahia.
Sendo um dos maiores lideres dos interesses escravagistas, ele foi um dos responsáveis por auxiliar no adiamento da libertação dos escravizados. Como forma de acalmar os ânimos e ganhar mais tempo, ele aprovou a Lei dos Sexagenários, proposta anteriormente pelo Partido Liberal.
No entanto, esta lei não era muito efetiva, visto que os escravos ganhariam a sua alforria apenas depois dos 60 anos e muitos não chegavam nessa idade.

Grande opositor do movimento abolicionista, João Maurício ainda arrumou desentendimentos com a Princesa Isabel, que, na época, já atuava como regente de seu pai.
Durante um dos embates, a nobre conseguiu fazer com que ele renunciasse a seu cargo como Presidente do Conselho, o que permitiu que ela seguisse com a Lei Áurea em 1888.
Mesmo assim, durante a votação do projeto, o Barão de Cotegipe foi um dos cinco senadores a se manifestar contra o abolicionismo, já que uma ruptura drástica do sistema escravocrata afetaria a economia do país, pois os fazendeiros teriam que arrumar mão de obra e ainda indenizar os escravizados.

Por conta disso, João Maurício Wanderley já previa a queda da Coroa. De acordo com historiadores, após a aprovação da Lei Áurea, enquanto a princesa a assinava, ele decidiu cumprimentá-la com muito sarcasmo.
Na ocasião, ele teria dito para ela: “A senhora acabou de redimir uma raça e perder o trono!”. Com toda elegância, a filha de Dom Pedro II não se deixou ofender e teria garantido que perderia quantos tronos fossem necessários para libertar os negros.
Já o Barão de Cotegipe não viveu muito tempo mais. No fim de sua vida, ele ainda se tornou o presidente do Banco do Brasil, ficando no cargo pouco menos de um ano, já que morreu em 1889, aos 73 anos.