Relembre os 10 maiores sucessos dos 50 anos de TV Globo

Em 26 de abril, a TV Globo completou 50 anos, celebrando extintos e atuais programas que mantiveram – e ainda mantêm – a emissora na liderança de audiência.

Criada a partir de uma concessão da Rádio Globo aprovada pelo então presidente Juscelino Kubitschek, em 1957, a Rede Globo iniciou as atividades em 1965 exibindo os jornais “Tele Globo” e “Se a Cidade Contasse” como os principais programas de sua grade jornalística.

“Rua da Matriz” é um dos principais embriões da teledramaturgia brasileira. Foi a primeira série da emissora. O formato mundialmente conhecido como ‘novela televisiva’ surgiu pela primeira vez na Globo com a estreia de “Ilusões Perdidas”, no mesmo dia em que a emissora iniciou suas transmissões.

Nesse meio século, a Rede Globo inovou nos formatos tecnológicos de seus programas, aprimorou os roteiros de suas telenovelas, investiu em programas jornalísticos e revelou inúmeros talentos históricos que ainda habitam o imaginário popular.

Confira 10 grandes sucessos que se destacaram nos 50 anos de trajetória da TV Globo:

“Ilusões Perdidas”, a primeira novela da TV Globo

Data de estreia: 26 de abril de 1965
Último capítulo: 30 de julho de 1965

A primeira novela da TV Globo foi adquirida após a compra da TV Paulista, que já havia exibido “Ilusões Perdidas” numa versão ao vivo. O primeiro episódio foi transmitido no mesmo dia em que a emissora foi ao ar, em 26 de abril de 1965.

Com direção de Sérgio Britto (substituindo a Líbero Miguel), a novela teve total de 56 episódios e colocou os atores Leila Diniz e Reginaldo Faria como par romântico. A trama também trazia Osmar Prado no elenco.

“Eram dois estúdios grandes e gravava-se o capítulo todo que ia ao ar”, contou Norma Blum, que também fez parte do elenco, ao jornal Extra. “Então, não tinha hora para acabar. ‘Ilusões’ foi feita toda em estúdio e não se tinha a força do figurino. Tanto que eu usei minhas próprias roupas nas cenas”.

Criação do “Jornal Nacional”

Data de estreia: 1º de setembro de 1969
Último programa: no ar

O programa telejornalístico foi o primeiro em rede nacional retransmitido por todas as emissoras pelo Brasil. Sua estreia contou com os apresentadores Cid Moreira e Hilton Gomes com o objetivo de noticiar os principais acontecimentos pelo Brasil e pelo mundo.

A clássica dupla, formada por Cid e Sérgio Chapelin, seria formada em 1972 e só seria alterada com a entrada de Celso Freitas, em 1983. Chapelin retornaria em 1989 e ficaria até 1996, ano em que o diretor da Central Globo de Jornalismo promoveria a grande mudança que colocaria William Bonner e Lilian Witte Fibe como novos âncoras.

Considerado o telejornal de maior audiência do Brasil desde sua estreia, o “Jornal Nacional” trouxe a primeira entrada de repórter ao vivo (feito por Glória Maria), cobriu em tempo real a Guerra do Golfo e conquistou prêmios importantes, como o Emmy pela cobertura dos atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos.

Cobertura da Copa do Mundo de 1970 (México)

Data de estreia: 31 de maio de 1970
Último programa: 21 de junho de 1970

A primeira transmissão em cores da TV aberta no Brasil foi a cobertura da Copa do Mundo de 1970, por intermédio da união de diversas emissoras pelo mundo, incluindo a TV Globo.

Mesmo que restrito a poucos aparelhos, esse tipo de transmissão foi possível por conta do teste interestadual realizado com o padrão alemão PAL-M de cores. Desta forma, a imagem colorida era enviada a receptores localizados nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo e enviadas via satélite.

Com um índice de audiência ainda maior que a chegada do homem à Lua, a Copa da “seleção canarinho” foi eternizada pela locução de Geraldo José de Almeida. Graças à transmissão, as lojas de eletrodomésticos viram seus lucros multiplicarem com a venda de televisores nos meses que antecederam o evento esportivo.

“Globo Repórter” e a profundidade dos acontecimentos

Data de estreia: 3 de abril de 1973
Último programa: no ar

Pensado para se tornar um programa mensal, a primeira edição do “Globo Repórter” foi ao ar com o objetivo de trazer uma análise mais aprofundada de acontecimentos importantes, que telejornais como “Jornal Nacional” não estavam habituados a trazer.

Com uma equipe de mais de 10 pessoas, o diretor da Divisão de Reportagens Especiais da TV Globo, Moacyr Masson, conseguiu que o programa se tornasse semanal em agosto do mesmo ano. Com texto de Luiz Lobo e Jorge Pontual, o programa iniciou transmitindo diversas imagens de arquivo de emissoras estrangeiras.

Num de seus melhores momentos, trouxe diversos profissionais do cinema em sua equipe, como Eduardo Coutinho, Luiz Carlos Maciel e Maurice Capovilla. Isso foi possível graças ao empenho de Paulo Gil Soares, que passou a dirigir o programa em julho de 1973.

Desde sua primeira edição o “Globo Repórter” conta com Sérgio Chapelin como âncora. Entre suas reformulações, estabeleceu o padrão reportagem para abordar os assuntos (abandonando cada vez mais o formato ‘documental’) e passou a eleger um assunto por programa a partir de 1996, com a entrada de Silvia Sayão como editora-chefe.

“Fantástico”, a revista eletrônica dominical

Data de estreia: 5 de agosto de 1973
Último programa: no ar

“Um painel dinâmico do que é produzido numa emissora de televisão”. Desde que foi criado, em 1973, o “Fantástico” vai do jornalismo aos quadros de dramaturgia, tornando-se uma espécie de laboratório para experimentar formatos.

Reunindo uma equipe com os grandes profissionais da emissora – incluindo Luiz Lobo, Paulo Gil Soares, Walter Avancini e Augusto César Vannucci – “Fantástico” testou as primeiras exibições em cores realizadas pela própria emissora, inovou nas apresentações de vinhetas e aprofundou ainda mais o jornalismo factual que costumava realizar.

A partir dos anos 1990, o programa tornou-se mais ‘solto’, com maior uso de computação gráfica e matérias ‘leves’, que contavam com maior participação dos repórteres.

Humor nas noites de domingo com “Os Trapalhões”

Data de estreia: 13 de março de 1977
Último programa: 27 de agosto de 1995

Mesmo que tivessem sido criados no início dos anos 1970, na TV Tupi, depois de saírem da TV Record com o programa “Os Insociáveis”, “Os Trapalhões” têm sua história vinculada à TV Globo. Foram mais de 18 anos na grade da emissora, animando as noites de domingo com sua irreverência e humor.

Essa relativa ‘liberdade’ dos criadores de “Os Trapalhões” foi possível devido às exigências que o humorista Renato Aragão apresentou ao Diretor de Operações da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.

Quando abordado para levar o humorístico à emissora, Renato chegou a fazer uma lista de três páginas determinando quem seria o diretor, redator e qual o horário do programa. Ciente do sucesso que estava por vir, Boni aceitou as condições.

O programa estreou em março de 1977, com direção de Augusto César Vannucci e já com o clássico quarteto que fez da comédia pastelão a principal referência do programa.

“Roque Santeiro”: da censura ao pico de audiência

Data de estreia: 24 de junho de 1985
Último capítulo: 22 de fevereiro de 1986

A novela “Roque Santeiro” foi adaptada pela primeira vez para a televisão em 1975, a partir do texto teatral “O Berço do Herói”, escrito por Dias Gomes. Trinta episódios foram produzidos, protagonizados por Betty Faria (Porcina), Lima Duarte (Sinhozinho Malta) e Francisco Cuoco (Roque Santeiro), porém a Censura Federal proibiu a exibição da novela por conta de seu teor político.

A histórica novela retornaria à programação somente em 1985, com Regina Duarte assumindo o papel de Porcina e José Wilker como Roque Santeiro. Com 209 capítulos, passou a ser escrita por Aguinaldo Silva a partir do episódio 41, contando com a direção-geral de Paulo Ubiratan.

A trama da novela é uma sátira à exploração política dos mais pobres, aproveitando-se de sua fé. Exibida em nove países, é até hoje considerada a novela mais assistida da TV Globo, atingindo a marca de 67 pontos no Ibope (cada ponto representa cerca de 47 mil domicílios).

A ascensão dos programas infanto-juvenis com “Xou da Xuxa”

Data de estreia: 30 de junho de 1986
Última exibição: 31 de dezembro de 1992

O programa que catapultou a “rainha dos baixinhos” a um dos mais altos índices de audiência pelas manhãs da TV Globo misturava brincadeiras, atrações de circo e exibições de desenhos animados.

Ainda que permanecesse no ar entre 1986 e 1992, o “Xou da Xuxa” tornou-se modelo dos programas matutinos, com o objetivo de manter as crianças em frente às telinhas.

No programa de número 2000, a produção da TV (dirigida por Marlene Mattos) armou um reencontro da apresentadora com seu pai, Luís Meneghel, com quem não falava havia cinco anos.

Com o fim do “Xou da Xuxa”, a programação da TV Globo tentaria encaixar a apresentadora em diversos formatos – a maioria deles, irregulares: “Xuxa”, “Xuxa Park”, “Xuxa no Mundo da Imaginação”, “Conexão Xuxa”… Seu último programa na emissora, “TV Xuxa”, estava tão ruim no Ibope que teve menos audiência que o desenho “Pica Pau”, exibido no mesmo horário pela concorrente TV Record.

A espera do beijo gay em “América”

Data de estreia: 14 de março de 2005
Último capítulo: 5 de novembro de 2005

A trama da novela “América” era suficientemente dramática para conquistar audiência: mostrou as dificuldades de Sol (Deborah Secco) ao atravessar ilegalmente a fronteira do México para os Estados Unidos.

Com o avançar da trama, a novela de autoria de Gloria Perez e direção de Jayme Monjardim polemizou nos últimos episódios ao levantar a discussão se deveria ou não exibir o beijo gay dos personagens Júnior (Bruno Gagliasso) e Zeca (Erom Cordeiro).

A emissora optou por não transmitir. Se por um lado houve reações inflamadas pedindo boicote à Globo, por outro a emissora vislumbrou um de seus maiores índices de audiência no Ibope, alcançando média de 66 pontos.

“Avenida Brasil”: a audiência da novela novamente em alta

Data de estreia: 26 de março de 2012
Último capítulo: 19 de outubro de 2012

Nazareth (Renata Sorrah), de “Senhora do Destino”, reinava como uma das vilãs mais cruéis da teledramaturgia. A aparição de Carminha (Adriana Esteves) na trama de “Avenida Brasil” deu um novo salto ao desempenho das vilãs em novelas.

Histérica, vingativa e audaciosa, a personagem humilhava os que considerava descartáveis e tramava contra qualquer um que obstruísse seu caminho.

Mas, Carminha não era a única a ser dotada de alta popularidade; personagens como Tufão (Murilo Benício), o marido que aparecia comendo na maioria das cenas com amigos e familiares; Leleco (Marcos Caruso) e seu jeitão descontraído; e a dona do salão de beleza Monalisa (Heloísa Perissé), que representava a ascensão da classe média, também fixaram por um bom tempo no imaginário popular após o término da novela.

O jornal britânico “The Guardian” destacou a mudança na agenda da presidente Dilma Rousseff para não entrar em conflito com o último capítulo da novela. Outras publicações, como “Forbes” e “BBC”, alertaram para uma possível descarga no fornecimento de energia elétrica por conta do episódio final.

Segundo levantamento do Ibope, três entre quatro televisores sintonizaram na novela naquele fatídico 19 de outubro.