Em “A Vida da Gente”, a diferença na forma como Eva (Ana Beatriz Nogueira) trata as filhas é o principal drama enfrentado por Manuela (Marjorie Estiano), sempre preterida pela mãe, que não esconde a preferência pela caçula, Ana (Fernanda Vasconcellos) – e a pergunta é: por quê? O mistério só veio a ser solucionado na reta final da novela e quem expõe tudo é Iná (Nicette Bruno).
Na reta final da trama de Lícia Manzo, a avó é quem explica esta rejeição, que tem uma causa muito mais banal do que se poderia imaginar. A questão é que Eva sempre viu Manu, desde o nascimento, como um fardo porque a menina nasceu com uma deficiência nas pernas. Em conversa tensa com a filha, Iná diz que Eva nunca soube lidar com esta “imperfeição”, já que sempre foi muito apegada às aparências.
“Desde pequena, percebi em você essa insegurança. Por mais que eu tentasse, por mais que eu fizesse, nada dava conta. Tinha que ser tudo o mais caro, roupa de marca, brinco, sapato… Em tudo você tinha que ser a melhor e a gente não era, não tinha… Hoje, me pergunto se a vida ter te dado uma filha imperfeita não foi um modo de querer te iluminar, te fazer entender que a perfeição e a imperfeição são faces de uma mesma moeda, de uma mesma pessoa. Ninguém é só perfeito ou imperfeito, minha filha”, alerta Iná.
Eva sente o baque e tenta cortar a conversa, mas a mãe seguirá expondo tudo. “Ouve o que vou te dizer: a Manuela quando nasceu teve um problema e puxava uma perna, está ok, mas você, minha filha… Você tem defeitos muito mais graves. Defeitos de alma, imperfeições seríssimas, mas nem por isso rejeitei você. Nem por isso deixei de te amar”, aponta Iná.
O conselho, no entanto, virá tarde demais. À esta altura a relação de Eva tanto com Manu, quanto com Ana, já estará muito quebrada e a mãe termina “A Vida da Gente” distante da família.