A terceira temporada de “The Crown” mal estreou na Netflix, mas já está dando o que falar. Os novos episódios, que se passam entre 1964 a 1977, trazem mais reviravoltas do que nunca para a história da Família Real.
Entre espiões soviéticos, crises no casamento, corações partidos, a morte de uma autoridade, a ascensão de outras e até o primeiro pouso na Lua, saiba o que é verdade e o que é ficção na série.
“The Crown 3”: O que é verdade e o que é ficção
Anthony Blunt
Primo distante da rainha, Anthony Blunt (Samuel West) é desmascarado como espião soviético na terceira temporada de “The Crown”, mas isso realmente aconteceu? A resposta é sim.
Um dos membros mais respeitados da Família Real, Anthony foi recrutado para ser espião da União Soviética na década de 1930, quando lecionava na Universidade de Cambridge.
Assim como é mostrado na série, Anthony foi também um agente da contra-espionagem britânica MI5 e pertenceu ao grupo de espiões conhecido como os Cinco de Cambridge (Cambridge Five).
Última visita?
Logo no início da terceira temporada, vemos Winston Churchill (John Lithgow) em um estado de saúde crítico, que vai piorando ao logo do tempo, até a morte do ex-primeiro-ministro, em janeiro de 1965.
A série mostra a rainha Elizabeth II (Olivia Colman) visitando Winston Churchill poucos meses antes de sua morte, para discutir as chances de eleição de Harold Wilson (Jason Watkins), assunto que a deixou apreensiva.
Na cena, enquanto Churchill aparece cochilando, a rainha declara seus sentimentos por ele, já que os dois foram próximos durante muitos anos. “Você era meu anjo da guarda. O teto sobre a minha cabeça. O ferro no meu coração”.
“Você foi a bússola que me guiou e dirigiu – não apenas eu, todos nós. Onde a Grã-Bretanha estaria sem seu maior britânico?”, acrescentou Elizabeth II, supostamente na última vez em que os dois se viram.
Não existem registros na vida real de que essa visita tenha, de fato, acontecido pouco tempo antes de Churcill morrer, como em “The Crown 3”, mas é verídico que a Rainha gostava muito dele e queria honrá-lo por sua contribuição.
Enterro de Winston Churcill
Apesar de ter feito algumas adaptações referentes à última visita, a Rainha Elizabeth II realmente esteve presente no enterro de Churchill, rompendo com os costumes e regras da Família Real.
Os monarcas costumavam enviar um representante legal para homenagear a família, mas a Rainha fez questão de ir pessoalmente, algo que só se repetiu no velório de Margaret Tatcher.
Também é verídico que, durante a cerimônia, Elizabeth II fez questão de exaltar o legado do ex-primeiro ministro, fornecendo uma coroa de flores brancas com a mensagem: “Da nação e da Commonwealth. Em lembrança, Elizabeth R.”.
Boatos sobre Harold Wilson
Outro destaque que ganha força na terceira temporada de “The Crown” é o boato de que Harold Wilson, que venceu as eleições e se tornou primeiro-ministro em 1964, era um agente soviético.
Mas, afinal, os rumores realmente existiram? Assim como é mostrado na série, muitas pessoas realmente desconfiaram que Wilson poderia ser um aliado russo, mas não existe nenhum registro histórico que confirme a suspeita.
A trajetória do primeiro-ministro nos novos episódios também é real. Wilson tinha muita simpatia pela União Soviética no início do mandato, além de ter sido acusado por um soviético de ter matado Hugh Gaitskell.
Viagem da Princesa Margaret
Durante a terceira temporada de “The Crown”, vemos a turnê de Margaret (Helena Bonham Carter) por várias regiões dos Estados Unidos, em 1965, quando viajou, acompanhada pelo marido Lord Snowden (Ben Daniels), para atender a compromissos reais.
A Netflix dá a entender que a visita foi um sucesso, mas fora da ficção foi diferente. O comportamento selvagem e a bebedeira do casal fizeram com que eles fossem proibidos por diplomatas britânicos de fazerem uma visita de retorno na década de 1970.
Encontro com Lyndon B Johnson
Lyndon B Johnson (Clancy Brown) é uma das figuras de destaque da terceira temporada e, assim como em “The Crown”, a Princesa Margaret realmente conheceu o presidente e foi muito bem recepcionada por ele enquanto estava em turnê.
Por outro lado, a Netflix sugere que Margaret convenceu Lyndon B Johnson, durante um jantar, a socorrer a Grã-Bretanha de uma crise, mas historicamente não existem registros de que a conversa teve impacto na decisão.
Outro ponto que merece atenção é o clima de romance entre Lyndon e Margaret. Na série, a princesa surpreende o presidente com um beijo depois de cantarem juntos, o que não foi comprovado na vida real.
Traições
Margaret e Tony Armstrong-Jones, mais conhecido como Lord Snowdon, realmente viveram um relacionamento conturbado e cheio de traições, como foi explorado durante a terceira temporada de “The Crown”.
Em 1972, Tony chegou a se envolver com sua produtora assistente, Lucy Lindsay-Hogg, que mais tarde se tornaria sua esposa, mantendo um caso extra-conjugal com a amante durante um tempo.
O envolvimento de Margaret com Roddy Llewellyn (Harry Treadaway) é mais um dos fatos reais abordados pela série. Os dois tiveram um caso que durou de 1973 até 1981.
Também é verídico que a imprensa flagrou os dois juntos várias vezes e fez questão de publicar artigos, que ganharam força no mundo todo, sobre o caso adúltero de Margaret.
O casal tentou ao máximo manter os problemas do casamento em segredo, anunciando a separação após 18 anos de relacionamento, quando Tony voltou a se casar, assim como é abordado pela série.
Desastre de Aberfan
Um dos episódios mais tristes da terceira temporada de “The Crown” é o desastre de Aberfan, no País de Gales, em 1966, quando uma mina de carvão explodiu próxima a uma escola, matando mais de 116 crianças e 28 adultos.
Ainda que sob outra perspectiva, a série explora as consequências reais ligadas à tragédia, mas a reação de Elizabeth II foi um pouco diferente do que é mostrado, já que a rainha desencoraja uma visita ao local.
De acordo com moradores da região, que chegaram a presenciar a chegada da rainha, “The Crown” exagera ao retratar uma insensibilidade de Elizabeth, realmente comovida com a causa.
Mais alguns detalhes foram alterados por decisão artística da Netflix, como os caixões das crianças durante o enterro, que deveriam ter sido brancos, ao invés de madeira.
Mãe do príncipe Philip
Alice de Battenberg (Jane Lapotaire), mãe do príncipe Philip (Tobias Menzies), é mais uma das protagonistas que ganha destaque, já que a terceira temporada mostra e explora a relação que os dois tiveram.
Da mesma forma que é mostrado em “The Crown”, Alice sofreu muito durante a vida e foi diagnosticada com esquizofrenia em 1930, levada à força para um sanatório suíço e tratada pelo renomado psicólogo Sigmund Freud.
A relação entre eles é tratada com naturalidade pela série, atenta aos fatos reais, como o apelido de “Bubbikins” para o filho, além do fato de Alice tê-lo agradecido pela visita que fez à Família Real durante o verão.
Também é verdade que, enquanto morava na Grécia, Alice escondeu e protegeu uma família judia durante a Segunda Guerra Mundial, sendo reconhecida por seus esforços mais tarde.
O único fato que ficou distante da realidade foi o fato de a princesa se sentir isolada na Inglaterra, quando foi morar no Palácio de Buckingham, com o início do golpe dos coronéis na Grécia, em 1967, ficando lá até sua morte, em 1969.
A Netflix acabou optando por trocar a ordem de alguns fatos em prol do drama. Quando Alice desembarca na Inglaterra, a Família Real está tentando recuperar sua reputação, mas a crise ainda não estava acontecendo.
Por outro lado, a declaração polêmica de Philip sobre cortes de salário da Família Real, em canais norte-americanos, que acabou gerando uma má repercussão para todos, aconteceu somente em 1969.
Não há registros de que seja verdade que Alice conversou com John Armstrong (Colin Morgan), jornalista do “The Guardian”, que escreve uma peça solidária sobre seu passado trágico em “The Crown”.
Documentário da Família Real
É verdade que a Família Real virou alvo de um documentário, gravado em 1969, que não está mais disponível para acesso público. Assim como é mostrado na série, Philip topou abrir as portas do palácio para gerar uma melhor reputação.
Intitulado “Família Real”, o documentário também teve a intenção de celebrar a coroação de Charles (Josh O’Connor) como príncipe de Gales no mesmo ano, quando o herdeiro foi, de fato, enviado pela Rainha ao país.
Também é fiel à realidade que a participação de Philip foi expressiva durante as filmagens. O marido da Rainha foi presidente de um comitê responsável por planejar e aprovar cada uma das cenas presentes na produção.
A única coisa que foi adaptada é a mudança de Alice para o palácio, que aconteceu alguns anos antes das filmagens começarem, então ela já estava morando com a Família Real quando o documentário aconteceu.
O interessante é que até mesmo as manchetes se mantiveram fiéis ao que aconteceu no passado e Elizabeth II era, de fato, uma estrela do Radio Times, conforme a terceira temporada levou ao ar.
Coroação do príncipe Charles
A coroação de Charles, que aconteceu em 1969, foi totalmente baseada em fatos reais e Elizabeth II insistiu para que o filho assumisse o comando do país e conquistasse o apoio de boa parte do povo.
O que não se sabe é até que ponto a Netflix exagerou na insatisfação do príncipe, ainda que o herdeiro tenha partido muito antes da formatura em Cambridge, mas existem registros que falam que a Rainha foi incisiva em sua decisão.
Toda preparação se manteve fiel aos fatos reais, incluindo as aulas que o príncipe teve com Edward Millward (Mark Lewis Jones), até o momento em que precisou alterar seu discurso e falou algumas palavras na língua galesa durante a cerimônia.
Golpe contra Harold Wilson
A terceira temporada de “The Crown” mostra o chefe de jornal e diretor do Banco da Inglaterra, Cecil King (Rupert Vansittart), tentando cortejar Lord Mountbatten (Charles Dance) para liderar um golpe de Estado contra o governo de Harold Wilson.
Apesar de não dar para afirmar nada do que se passa em portas fechadas, algumas manobras da reunião anual de Burma Star Association aconteceram, mas o contato não partiu de Cecil King, como nas telas da Netflix.
Missão Apollo 11
Durante o verão de 1969, três astronautas, Buzz Aldrin, Neil Armstrong e Michael Collins, se tornaram os primeiros homens a andar na Lua como parte da missão Apollo 11, fato que deixou a Família Real eufórica.
Os novos episódios de “The Crown” mostram a realeza acompanhando tudo sobre o pouso na Lua, fato que condiz com a realidade, até mesmo a mensagem enviada pela Rainha aos astronautas que realizaram o feito.
O único detalhe é que registros históricos indicam que a Rainha relutou em escrever a mensagem. Apesar disso, a terceira temporada se mantém fiel aos fatos históricos, até mesmo à visita dos astronautas ao palácio em 1969.
Apesar do entusiasmo verídico com o assunto, Philip não chegou a ter uma reunião particular com os astronautas, conforme mostrado pela série, chegando a conhecê-los somente ao lado da Rainha.
“The Crown” na Netflix
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