Simone Biles, maior ginasta da história dos Estados Unidos, levantou debate sobre saúde mental no meio esportivo
Simone Biles, ginasta mais vencedora da história dos Estados Unidos, desistiu de disputar a final nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, quando provou que a saúde mental vale mais do que qualquer medalha. A atleta contribuiu para gerar debate em torno do assunto no meio esportivo e teve história contada pela Netflix.
O que aconteceu com Simone Biles?
Pouco depois que começou a carreira na ginástica artística, Simone passou de estrela júnior em ascensão nos EUA a melhor do mundo, com apenas 16 anos. A atleta se destacou no Campeonato Mundial de 2013.
“Naquele ponto, eu estava apenas tentando ir lá e fazer meu nome”, afirmou, no documentário da Netflix. De acordo com Simone, o campeonato foi o único que conseguiu jogar com menos pressão.
“Esse foi o primeiro e único Mundial em que fui o azarão. Depois de vencer, isso muda todas as expectativas para o resto da sua carreira. É fácil ser o azarão. Agora, toda vez que apareço, espera-se que eu vença”.
A produção leva o nome de “O Retorno de Simone Biles” e foi produzida em colaboração com o Comitê Olímpico Internacional. O documentário acompanha desde a ascensão de Simone, por exemplo, até a tomada de decisão em 2020 e sua volta por cima.
Nos anos seguintes, Simone conquistou um segundo título mundial em 2014, mais um em 2015 e, nos Jogos Olímpicos do Rio de 2016, ficou no degrau mais alto do pódio quatro vezes. A atleta, contudo, seguiu se superando.
Após um ano afastada dos treinos, Simone voltou ao cenário internacional e teve seu maior mundial da carreira: ganhando uma medalha em cada final. Em 2019, por outro lado, conquistou cinco medalhas de ouro no Campeonato Mundial, batendo o recorde.
“Na verdade, acho que havia algo de bom em entrar em 2016 às cegas, porque eu não sabia de nada e as expectativas não eram tão grandes como são agora. Agora, depois de ter ido a duas Olimpíadas, cada uma delas fica um pouco mais estressante porque sei exatamente o que esperar”.
Simone Biles
Episódio de estresse nas Olimpíadas de Tóquio
A princípio, o estresse atingiu Simone de forma mais intensa, em 2020, durante a competição em Tóquio, quando ela teve que se retirar da final da equipe feminina e de quatro finais individuais, priorizando, sobretudo, a sua saúde mental.
Segundo a atleta, o quadro foi causado por uma combinação do trauma decorrente de seu abuso nas mãos do ex-médico da seleção dos EUA, bem como o isolamento causado pela Covid-19 e a sensação de ter “o peso do mundo” nos ombros.
Quando ainda estava no Japão, Simone confidenciou que não foi fácil tomar a decisão. “Trabalhar cinco anos por um sonho e ter que desistir dele não foi nada fácil”, declarou para Hoda Kotb, da NBC.
Como está Simone Biles atualmente
Antes do Campeonato Mundial de 2023, a atleta confessou que pensou em desistir. “Eu não sabia se algum dia seria capaz de competir novamente porque houve vários momentos nesse ano em que eu treinava e pensava: ‘Estou tão cansada dessa busca pela perfeição extrema’, ‘Acho que não quero passar por isso de novo, nunca mais’”.
Nos três anos seguintes, depois de Tóquio, Simone manteve sessões de terapia, reforçando estar fazendo um esforço maior para cuidar da mente e do corpo. Nesse meio tempo, passou a lidar melhor com a pressão envolvendo o esporte.
Da mesma forma, sua vida amorosa também deu voltas e a atleta se casou com Jonathan Owens, que joga no Chicago Bears, em maio de 2024, no México. Com a chegada das Olimpíadas de Paris, Simone espera conseguir superar o trauma e lidar bem com a pressão.
Dividido em duas partes, o documentário da Netflix mostra a busca por equilíbrio entre vida pessoal e esporte, enquanto se prepara para dar o seu melhor em Paris.
“Tive que lutar contra demônios, dia após dia nos treinos. Realmente, tenho que provar a mim mesmo que posso fazer isso. Posso escrever meu próprio final”, concluiu a atleta.
