Por que a Netflix mudou a lenda da Cuca na série “Cidade Invisível”: entenda

Quem assistiu à série brasileira “Cidade Invisível” na Netflix deve ter reparado na presença constante das borboletas durante a história. Ao longo da trama, descobrimos que os pequenos animais estão associados à personagem Cuca (ou Inês), interpretada por Alessandra Negrini.

Geralmente relacionamos a figura da Cuca à de um jacaré. No entanto, no seriado não é bem assim: o ser mítico controla as borboletas e as usa para fazer com que suas vítimas adormeçam.

Para entender a ligação entre a personagem e as borboletas, precisamos relembrar a história de Inês e ir um pouco à fundo na lenda do folclore brasileiro.

Relação da Cuca com as borboletas em “Cidade Invisível”

Quando crianças, a lenda da Cuca é apresentada à maioria das pessoas como a de uma bruxa que rapta crianças e que pode ter a forma de uma velha ou de uma feiticeira com cabeça de jacaré. No entanto, a lenda brasileira foi adaptada das lendas portuguesas e espanholas, que originalmente se chama Coca.

Na lenda da Coca, o ser mítico não tem uma forma específica, ele é apenas uma criatura escura – ou uma sombra – que assustava as crianças e tinha grandes poderes que envolviam a mente. Por conta disso, poderia transformar os sonhos das crianças que não se comportavam em pesadelos.

Após muitas misturas e união de significados, a lenda da Coca chegou ao Brasil e se transformou na lenda da Cuca. Algumas pessoas acreditam que a entidade seja uma bruxa velha ou até mesmo um animal noturno, como corujas ou mariposas. Ou seja, em uma das versões da crença brasileira, a Cuca pode, sim, se transformar em uma borboleta, ou mariposa, para chegar aos quartos das crianças.

“Cidade Invisível” optou por não seguir o lado mais conhecido do folclore. Na série, a Cuca se transforma em uma borboleta para chegar ao seu destino. Além disso, também há uma explicação para as vítimas de Inês adormecerem. Na mitologia, é dito que o pó solto pelas borboletas pode deixar as pessoas cegas. No entanto, o seriado usa essa história de um modo diferente: ao invés de cegueira, o pó causa adormecimento.

Um dos flashbacks da série revela ao público que, há muitos anos, Inês foi expulsa de sua família por engravidar sem estar casada. Em seguida, descobrimos que ela dá à luz a um bebê que já está morto na floresta. Depois que passa por essa trágica situação, os olhos da personagem são tomados por uma borboleta azul. E é assim que ela se transforma de vez no ser mítico.

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