Ao reunir quatro histórias em uma única série, a Netflix tinha uma missão desafiadora nas mãos: construir uma saga que fosse completa por si só, utilizando elementos das séries originais dos heróis, mas não a ponto de tornar “Os Defensores” muito dependente delas. A produtora conseguiu em partes e, entre falhas e acertos, listamos os 4 pontos que mais chamaram atenção na nova série.
Crítica de “Os Defensores”
Enredo enxuto
Com um número reduzido de episódios – a série tem apenas 8, enquanto as outras tem uma média de 13 – , “Os Defensores” tem um roteiro enxuto, direto e bem produzido. O ponto forte é a vilã interpretada por Sigourney Weaver (“Alien: O Oitavo Passageiro”), cuja origem e motivações fortalecem a ameaça que coloca a cidade de Nova Iorque em risco.
Além disso, foi acertado o uso de Elektra, do “O Demolidor”, como um dos pontos centrais da história. Ressuscitada pela organização criminosa Tentáculo, a personagem, que volta como vilã, consegue ser uma boa antagonista para todos os heróis, especialmente, claro, para Matt Murdock, que tem questões mais profundas para resolver com ela.
Universo compartilhado
Outro grande ponto positivo da história é a consistência. Tudo o que aconteceu nas séries individuais de Jessica Jones, Punho de Ferro, Luke Cage e o Demolidor se conecta bem ao universo compartilhado por eles agora.
Quem acompanhou as séries anteriores vai encontrar muitas referências e algumas respostas sobre os desfechos de cada uma. Ao mesmo, os fragmentos dos quatro heróis, juntos, constrói um bom enredo e fica fácil comprar suas motivações para se unir e combater um inimigo em comum.
Por outro lado, quem conheceu os heróis só agora em “Os Defensores” pode ficar perdido especialmente na apresentação dos personagens. A série presume que eles e os personagens que compõem seu universo – como Elektra, Claire Danes e Foggy Nelson, entre outros – já são conhecidos pelo público e não se preocupa muito em contextualizá-los.
E apesar de ser um serviço aos fãs da Marvel, o objetivo, claro, é que a série cative o máximo de público possível. Com “Os Defensores”, a Netflix tem a chance, inclusive, de despertar a curiosidade do público novo e ganhar novos espectadores para as outras quatro séries dos heróis.
No entanto, a sensação é de que faltaram elementos para despertar essa curiosidade e não só “jogar” personagens ou deixar de lado partes importantes das histórias individuais que fazem falta para entender e comprar a briga de cada um deles.
Elenco e personagens
Jessica Jones (Krysten Ritter) e Matt Murdock (Charlie Cox) parecem elevar o nível dos outros heróis, cujas histórias individuais ficaram bem abaixo dos dois primeiros em termos de qualidade e complexidade.
Assim, a detetive e o advogado parecem roubar a cena toda vez que aparecem e têm uma boa química, apesar de perderem um pouco com diálogos previsíveis e clichês que apareciam especialmente nos conflitos.
Assim, Punho de Ferro (Finn Jones) e Luke Cage (Mike Colter) ainda ficam mais à sombra e parecem menos interessantes, mas principalmente porque não tiveram séries solo tão cativantes quanto a da dupla que completa o grupo.
Visual e ritmo
Com visual marcante, a série usa um recurso bastante original e bem produzido para dar mais ritmo às cenas. Cada um dos heróis têm um espectro de cor que caracteriza suas passagens e elas se mesclam à medida em que eles também começam a se misturar.
Assim, os Defensores ganham uma identidade forte e fácil de identificar. Ao mesmo tempo, o visual indica que a própria cidade também é uma defensora, tudo isso de forma sutil e fluida.
Com ritmo mais parecido com “Jessica Jones” e “O Demolidor”, a série acerta ao diferenciar bem qual é o mundo dos Defensores do grupo da Marvel, “Os Vingadores”, e definir que enquanto uns precisam resolver problemas da galáxia, esses precisam ser os “amigos da vizinhança”.
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