Estrelada por Matthew Broderick e Uzo Aduba, “Império da Dor” é uma minissérie da Netflix que foi baseada em uma história real: as origens e as consequências da crise do vício em opioides nos Estados Unidos. Por mais que muito do que vemos ali é um retrato da realidade da época, a gigante do streaming fez apenas uma adaptação.
O que é real e o que não é em “Império da Dor”
A série é inspirada no livro “Pain Killer”, de Barry Meier, e também no artigo “The Family That Built an Empire of Pain”, de Patrick Radden Keefe, publicado originalmente na New Yorker Magazine.
A trama é ambientada na década de 1990 e acompanha inicialmente Edie Flowers (Uzo Aduba), uma investigadora do Ministério Público dos Estados Unidos, que começa a questionar a introdução do OxyContin no mercado.
A pílula passou a ser vendida em larga escala para o tratamento de dor e promovida como um produto não viciante, mas as consequências logo começaram a surgir, se transformando em uma crise de opioides grave e preocupante.
A situação retratada pela série aconteceu de verdade. A Purdue Pharma, uma grande empresa farmacêutica liderada pelos magnatas da família Sackler, durante o final da década de 1990, realmente conseguiu aprovação para o OxyContin.
O narcótico, na época, era visto como um grande avanço da medicina, mas seu único ingrediente ativo é a oxicodona, que faz parte da família de substâncias químicas da heroína, sendo até duas vezes mais potente que a morfina.
A consequência da disseminação descontrolada do OxyContin, então, causou a maior epidemia de opioides dos Estados Unidos, uma vez que os usuários que não conseguiam a receita iam atrás de cocaína para cessar a abstinência.
Assim como é mostrado na série, várias famílias foram destruídas e muitos usuários do opioide vieram a óbito devido à overdose da substância, enquanto os Sackler conseguiram se salvar com um bom advogado e negaram as acusações.
A única adaptação que a produção fez foi a personagem de Uzo Abuda, Edie Flowers, que, apesar de não ter existido na vida real com o mesmo nome, é importante para amarrar os fatos apresentados, além das investigações.
A personagem foi parcialmente derivada de alguns dos que já trabalhavam no Distrito Oeste da Virgínia quando o promotor John Brownlee assumiu sua posição de liderança em 2001 e fez avanços significativos no caso.
Estudos mostram ainda que o advogado confiou principalmente em “um investigador de fraudes ansioso” com o nome de Gregg Wood, encarregado de examinar os vários casos contra o desenvolvedor da OxyContin, a Purdue Pharma.
“Desde os primeiros dias da epidemia [de opioides] – muito antes dos Alertas do Google – Wood enviava compilações regulares de artigos de notícias relacionados ao OxyContin e estatísticas de overdose por e-mail para agentes da lei, promotores e outras partes interessadas”.