Algumas tramas da série foram inventadas pela autora dos livros que as inspiraram, mas outras são fatos históricos
“Bridgerton” se tornou um verdadeiro fenômeno na Netflix e deixou muita gente obcecada com a história da família da alta sociedade britânica no Período de Regência em Londres, na Inglaterra. A trama e um prato cheio para fãs de história, mas nem tudo é realna série, inclusive a família de protagonistas.
Apesar de quase todos terem sido criações de Julia Quinn, autora da saga de livros que inspirou a obra, muita coisa ainda é verídica e teve relevância histórica em 1800, período em que é ambientada a trama. Os criadores contaram até com uma consultora renomada para retratar alguns acontecimentos.
Saiba agora o que é real em “Bridgerton”!
O que é real na série “Bridgerton” da Netflix
Família Bridgerton não existiu
Todo mundo que assistiu à série já deve ter se perguntado algumas vezes: afinal, a família Bridgerton existiu? A resposta é: não. Os membros da alta sociedade londrina surgiram nos livros de Julia Quinn e não existe nenhum registro histórico que comprove sua existência naquela época.
“Bridgerton não é uma aula de história, não é um documentário. Na verdade, não existiam Bridgertons reais no Período de Regência de Londres de 1813, pelo que eu sei. Honramos a história, é claro, mas não estamos em dívida com ela”, explicou Chris Van Dusen, o criador, em entrevista ao veículo “Daily Express”.
Chris Van Dusen esclareceu ainda que a intenção era fazer as pessoas se identificarem com os personagens e mergulharem na história de cada um deles. “É um mundo reimaginado, e o que estamos realmente fazendo é casar a história e fantasia de uma forma que considero realmente emocionante”.
Inicialmente, Julia Quinn planejou escrever uma trilogia, focando somente em Daphne, Anthony e Colin, mas a história acabou ganhando força. “Quando comecei o primeiro livro, pensei que seria o primeiro de uma trilogia. Juro que não me recordava que tinha dado a Daphne sete irmãos e irmãs”, contou ao site “Goodreads”.
Período Regencial em Londres
Afinal, em que época se passa “Bridgerton”? O período escolhido para contar a história da família tem muito da realidade. Muitas das tradições e estilos que vemos nas telinhas da Netflix realmente fizeram parte da realidade de Londres durante o século 19.
Isso inclui a temporada de jovens damas, como os Featheringtons e os Bridgertons, entrando na sociedade na busca por maridos, com o intuito de se casar com pretendentes promissores, principalmente para os interesses da família.
Os bailes e figurinos, com exceção dos espartilhos, também eram parte da rotina da realeza. Para tornar esse universo historicamente preciso, os criadores contaram com a ajuda consultora histórica Hannah Greig, que já trabalhou em outras produções de época.
Rainha Charlotte
Os produtores de “Bridgerton” optaram por um elenco que aposte na diversidade, mas foram historicamente certeiros ao escalarem a atriz negra Golda Rosheuvel para fazer o papel da Rainha Charlotte.
Isso veio à tona em uma pesquisa genealógica feita pelo historiador Mario De Valdes que indica que a monarca era de herança negra, descendente direta de Margarita de Castro y Sousa, um ramo negro da Casa Real Portuguesa
Historiadores dizem que os retratos de Charlotte mostram características africanas também. Mario De Valdes chegou a apontar a forma que um médico usou uma frase racista para definir a aparência da Rainha.
Doença mental do Rei George III
Registros históricos também comprovaram que o Rei George III realmente sofria de problemas mentais, que com o tempo acabaram o tornaram incapaz de continuar governando, assim como mostrado em “Bridgerton”.
O Período Regencial, que se tornou o pano de fundo da história, ganhou esse nome pelo fato do príncipe George IV ter assumido o trono no lugar do pai, atuando como regente, com o suporte da mãe, a rainha Charlotte.
Mais liberdade para as mulheres
Uma das coisas que mais chamou a atenção de quem assistiu “Bridgerton” é que algumas mulheres pareciam ter muita liberdade, mesmo para uma época tão retrógrada, como Genevieve Delacroix (Kathryn Drysdale), que administra o próprio negócio já no Período Regencial, por exemplo.
Na série da Netflix, a personagem é conhecida como a modista local, responsável por todos os vestidos femininos. Historicamente, algumas ocupações foram mesmo assumidas por mulheres no século XIX, mas limitavam-se a profissões como professora, costureira, empregada doméstica e escritora.
Jornais realmente publicavam fofocas
Lady Whistledown promoveu a maior parte dos escândalos de “Bridgerton” ao usar um pseudônimo para publicar as principais fofocas da alta sociedade da cidade de Londres. Isso, de fato, era comum.
Durante o Período Regencial, as fofocas circulavam em jornais impressos e páginas semanais com as principais polêmicas. A historiadora Hanna Grieg apurou que um jornal diário tinha uma coluna dedicada para celebridades.
Chamado “The Morning Chronicle”, o periódico descrevia as idas e vindas do mundo das celebridades em uma coluna que levou o nome de “inteligência da moda”, com a diferença de tentar disfarçar os nomes dos envolvidos, deixando apenas as iniciais.