
Há mais de 30 anos o seriado “Chaves” encanta os espectadores brasileiros – e garante boa audiência ao canal SBT – por isso, natural que teorias conspiratórias sobre a trama e os personagens surjam ao longo dos anos.
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Mas nenhuma delas soa tão intrigante como a possibilidade da série de Roberto Bolaños ser reflexo dos 7 pecados capitais. Quem a sustenta é o professor pós-doutorado de História Ademir Luiz, que publicou ensaio com o polêmico título “Pecados, demônios e tentações em Chaves”. Eis os detalhes: Chaves = Gula
Tudo bem que o fato de não ter pai nem mãe que o sustentasse fez com que Chaves se tornasse ainda mais querido pelos fãs. A fome é uma necessidade humana, mas, para o professor, “sua preferência por sanduiche de presunto indica desprezo pelas leis de Deus, que proibiu o consumo de porco, esse animal sujo e de pé fendido”. Seu Madruga = Preguiça
Com “muito trabalho para continuar sem trabalhar”, Seu Madruga personifica a preguiça, segundo o pesquisador. Por mais que faça um bico ou outro, ele não se esforça nem ao menos para pagar os 14 meses de aluguel que deve. Quico = Inveja
Bastava ver o Chaves e a Chiquinha com algo ‘improvisado’, para que Quico fosse buscar um brinquedo cobiçado, só pra causar inveja nas crianças. Mas, invejoso mesmo era ele: “ O brinquedo do outro, mesmo sendo obviamente inferior, sempre lhe parece mais interessante”, argumenta Luiz. “Um círculo vicioso de inveja, jamais saciada”. Dona Florinda e Professor Girafales = Luxúria
Pelas bofetadas que distribui no Seu Madruga, todos haveriam de pensar que Dona Florinda seria a “ira”, mas não; ao lado do Professor Girafales, ela representa a luxúria, ou seja, o desejo incontrolável de que um sacie o amor do outro. As “infindáveis” xícaras de café também são um elemento importante para o raciocínio, porque alimentam “ainda mais o fogo que não podem debelar”. Girafales e Florinda são propensos a um “ritual erótico” que pula as relações sexuais. Ele fuma bastante, tornando-se “portador do célebre cacoete pós-coito de acender um cigarro”. Dona Clotilde = Vaidade
A beleza pode passar longe da personagem Dona Clotilde, mas é importante salutar que a atriz Angelina Fernández foi ex-miss da Espanha. Partindo da teologia de Peter Binsfeld (1589), diz que “cada um dos sete pecados capitais possui um patrono infernal”. O da ‘bruxa do 71’, no caso, é o Satanás – ora gato, ora cachorro, “uma representação do misticismo, o cão em ‘pessoa’”. Personagens esporádicos, como a menina Paty e a tia Glória, seriam “demônios sexuais femininos prontos para atiçar outros apetites”. (Vale lembrar que, mesmo sem a beleza, Dona Clotilde já ‘saciou’ o apetite de Seu Madruga várias vezes.) Chiquinha = Ira
A filha de Seu Madruga é mais ‘esperta’ que os demais garotos, mas não pode evitar o isolamento de um clichê: é baixinha e, por conta disso, irritada. A “personalidade raivosa” de Chiquinha é baseada na seguinte justificativa: “ é a menor e fisicamente mais fraca da vila”. Mesmo atropelando com triciclos e distribuindo pontapés na garotada, não suporta o confronto e, por isso, vive chorando. Seu Barriga = Avareza
Alguém fica com dó quando Chaves recebe o Seu Barriga toda vez com uma pancada? Pois, de acordo com Ademir Luiz, os golpes são parte de uma punição antecipada de sua ‘óbvia ganância’ – afinal, ele não se priva de cobrar o aluguel de seus inquilinos. Há, segundo o professor, outra evidência: “o fato de possuir como veículo uma Brasília amarela liga-o imediatamente ao país Brasil, indicando que em vida deve ter se envolvido em escândalos de corrupção”.