Em 2019, o ator Keanu Reeves veio ao Brasil enquanto encabeçava a produção da série “Conquest”, da Netflix. Na ocasião, a Avenida Paulista, em São Paulo, foi tomada para filmagens decisivas da série de ficção científica – mas, quatro anos depois, foi anunciado que essas cenas nunca virão a público.
Entenda o que aconteceu com a série “Conquest”, que teria Bruna Marquezine no elenco, foi marcada por inúmeras polêmicas nos bastidores e teve de contar com fundos providenciados pelo próprio Keanu Reeves para seguir adiante na pré-produção.
O que aconteceu com “Conquest”?
Na trama de “ Conquest”, um gênio cria uma espécie parecida com os humanos para ajudar em causas humanitárias pelo mundo. Ao descobrir a verdade sobre os seres, a humanidade os recebe com preconceito – mas, apesar do ambicioso projeto do diretor Carl Erik Rinsch soar promissor, ele teve problemas desde o início.
De acordo com uma extensa reportagem do “ The New York Times”, Rinsch – que tem apenas um filme no currículo, “47 Ronin” – começou a produção do piloto da série com o próprio dinheiro. As gravações começaram na África e, na época, membros da produção denunciaram condições insalubres de trabalho.
Logo, Rinsch não tinha mais dinheiro para finalizar a pré-produção, e precisou da ajuda do amigo, Keanu Reeves. Assim, o ator contribuiu financeiramente com “Conquest”, e passou a integrar a equipe de produção. Com isso, Rinsch concluiu seis episódios com duração entre quatro e dez minutos, e usou isso para vendê-la.
Na época, a Amazon se interessou pelo projeto – mas, prevendo que “Conquest” poderia bombar tanto quanto “Stranger Things”, a Netflix interrompeu as negociações oferecendo US$ 44.3 milhões, bem como “regalias” como a possibilidade de o diretor realizar a última edição.
Com isso, a superprodução começou, incluindo gravações no Brasil, no Uruguai e em Budapeste. Em 2019, o projeto trouxe Keanu Reeves a São Paulo, e chegou a gravar uma cena em plena Avenida Paulista, mas a produção não demorou a desandar, também por falta de dinheiro.
Rinsch teria, então, pedido mais dinheiro à Netflix, que teria inteirado o valor inicial com US$ 11 milhões, totalizando US$ 55 milhões. O comportamento do diretor, que já era descrito como “errático” desde a época em que o contrato com a Netflix foi assinado, teria então se tornado ainda mais suspeito.
Durante a pandemia de Covid-19, segundo e-mails e mensagens de texto recebidas pelo “The New York Times”, o diretor teria alegado ter descoberto o “mecanismo secreto” de transmissão da doença, bem como uma forma de prever a incidência de raios.
Além disso, ele teria gasto boa parte do dinheiro destinado à produção no mercado de criptomoedas e em itens de luxo, como cinco Rolls-Royces, móveis e roupas de marca. Na sequência, ele teria alegado que a Netflix, na realidade, o deve dinheiro, pedindo cerca de R$ 14 milhões.
Membro do elenco, Bruna Marquezine chegou a se pronunciar sobre a demora na produção, adiantando que a série enfrentava problemas. Tempos depois, a Netflix anunciou ter abandonado “Conquest”, afirmando que Rinsch pode levar o projeto a outras produtoras, mas que a empresa que decidir tocar a série terá de reembolsar o que já foi gasto pelo streaming.
Nas redes sociais, Rinsch chegou a alegar que as acusações de “comportamento errático” não seriam verdadeiras, e se recusou a se posicionar quando consultado pelo “The New York Times” sobre a situação.