Produção original espanhola da Netflix, “Gangues da Galícia” segue a trajetória de expansão do tráfico na região
“Gangues da Galícia” acompanha uma advogada, de mudança, que chama a atenção na nova cidade, sobretudo do filho de um grande traficante de drogas. A série espanhola em alta na Netflix, no entanto, gerou curiosidade sobre a história real que inspirou o enredo, com detalhes adaptados para a ficção.
“Gangues da Galícia”: série da Netflix é inspirada em história real
Em “Gangues da Galícia”, a advogada bem-sucedida muda para uma pequena cidade. Contudo, sua chegada não passa despercebida pelos moradores, principalmente pelo herdeiro de um clã mafioso.
Para se vingar pela morte de seu pai, Ana (Clara Lago) decide recomeçar do zero no interior da Galícia. A advogada entra no radar, principalmente, de Daniel (Tamar Novas), herdeiro do clã Padim, responsável pelo assassinato.
Apesar de não se basear totalmente em fatos reais, “Gangues da Galícia” se inspirou em uma história verídica para construir a narrativa. A série construiu o roteiro, primeiramente, com base nas atividades criminosas de Manuel Charlín Gama e seu clã, os Charlines.
O grupo dominou o tráfico de drogas na região por décadas. Além disso, Manuel Charlín Gama foi uma figura central no contrabando de cocaína na Galícia, durante as décadas de 1980 e 1990. Depois de ir preso uma vez, o criminoso conseguiu ampliar ainda mais sua influência.
Nesse meio tempo, a cidade de Cambados se tornou um ponto estratégico para a entrada de drogas na Europa. Posteriormente, em 1990, a Operación Nécora, liderada pelo juiz Baltasar Garzón, foi uma tentativa de desmantelar o tráfico de drogas na Galícia. Manuel Charlín e outros membros da gangue terminaram presos.
O que é real e o que não é em “Gangues da Galícia”
Entretanto, mesmo com Manuel atrás das grades, os filhos, Josefa Charlín Pomares e Manuel Charlín, deram continuidade à operação. Um dos eventos reais, mostrado pela série da Netflix, foi a traição de Manuel Baulo, chefe de transporte de Charlín.
Na época, o suposto aliado virou informante para as autoridades, fornecendo informações cruciais que levaram à prisão de Charlín e outras autoridades. Em retaliação, o chefe do clã ordenou seu assassinato, fato que aconteceu em 1994, após levar vários tiros, em sua casa em Cambados.
Apesar disso, fatos foram adaptados para a ficção em “Gangues da Galícia”, disponível no streaming. Ana, por exemplo, não existiu na vida real e foi criada de forma a dar sustentação ao arco mais dramático.
Do mesmo modo, a operação policial que prendeu Charlín e seu filho Melchor, em 2018, está na série de 7 episódios. Na época, as autoridades galegas interceptaram um navio transportando 2,5 toneladas de cocaína. O criminoso, no entanto, conseguiu sair após pagar fiança, uma vez que as provas não eram exatas.
Charlín morreu em 2021, aos 89 anos, mas o tráfico na Galícia permaneceu ativo. Eventualmente, novos grupos criminosos emergiram, operando de maneira mais discreta. Os fatos reais, que marcam a história da região, serviam de base para a produção da nova série original da Netflix.
