A Netflix tem investido cada vez mais pesado em produções originais e, embora títulos como “Stranger Things” e “Black Mirror” dominem as indicações do streaming, outras produções menores, mas igualmente interessantes, ficam mais à sombra. O resultado é que nunca passeamos o suficiente pelo catálogo para encontrá-las e deixamos passar em branco títulos como a série britânica “Crazyhead” – que está disponível desde outubro, mas provavelmente você nem ouviu falar.
Com apenas uma temporada de seis episódios, a produção reúne uma séries de fatores – entre ação, humor e bons personagens – que a tornam uma escolha não-óbvia, mas muito divertida. Listamos 3 grandes motivos pelos quais “Crazyhead” merece um espaço na sua lista de séries para assistir, além de uma nova temporada na Netflix.
Personagens
A trama acompanha Amy (Cara Theobold) e Raquel (Susan Wokoma), duas amigas que se conhecem por acaso graças a um “dom” de conseguir enxergar demônios que se disfarçam entre os seres humanos. Elas, então, dedicam-se à caça e extermínio dessas criaturas, que estão perseguindo Raquel para a realização de um ritual que só é possível com o corpo dela.
Sem necessidade de personagens masculinos para se estabelecerem, as duas protagonistas dão um show de força, independência e libertação de padrões. Durante a batalha para impedir que demônios tomem conta de seus corpos, elas ainda reforçam a importância e o potencial da união e confiança entre elas.
Além das protagonistas, o elenco de apoio também ajuda a contar a história, que é bem enxuta. Além da “gangue” de vilões, os interesses amorosos de Amy, Jake (Lewis Reeves) e Tyler (Arinzé Kene), e o psiquiatra de Raquel complementam os momentos de ação e humor.
“É incrível ter duas mulheres jovens e fortes com histórias e personalidades tão diferentes à frente, apesar de ser um pouco raro. Mas acho que aos poucos conseguimos variar histórias e elencos para alcançar uma representação mais equalitária do nosso mundo”, disse o ator Lewis Reeves, que interpreta Jake, ao Vix.
Humor
Diferente do humor hollywoodiano a que estamos mais acostumados, o estilo inglês de “Crazyhead” é bem mais sutil e sarcástico. Portanto, a série é repleta de comentários ácidos, piadas e situações irônicas que acabam nos aproximando dos personagens, já que é justamente o humor bem pontuado que constrói personalidades fortes.
De acordo Lewis Reeves, o uso do humor bem intercalado com a ação foi uma das principais preocupações da produção. “Ficar tentando ser engraçado geralmente não dá certo. Por outro lado, assim como a ação e qualquer outro gênero, a comédia também foi trabalhada a sério”, contou o britânico em conversa com o Vix. O resultado é uma boa combinação de momentos de ação, tensão e alívios cômicos que mantém o ritmo da série no alto.
Romance
Uma vez que as protagonistas não fazem o tipo “mocinhas”, os romances também ganham um tom particular e natural, mais interessante e afastado de clichês. Um dos destaques é o triângulo amoroso entre Amy, Jake e Tyler, irmão de Raquel. Amy não fica refém de nenhum dos dois e, ao contrário, tem relacionamentos despendidos e puxa o desenvolvimento dos personagens masculinos. “À medida em que Amy traz Jake para o mundo dos demônios, é quando ele realmente começa a amadurecer e crescer como personagem, se adaptando à nova realidade e se envolvendo mais com os outros”, explica Lewis.
Quem gostava da série “Buffy”, “Supernatural” ou “Misfits” (cujo criador é o mesmo de “Crazyhead”, Howard Overman) vai encontrar alguns elementos familiares na produção da Netflix. Nem a produtora, nem o ator Lewis Reeves confirmaram uma continuação da série, mas já estamos ansiosos!
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