Na semana em que a tragédia completa 10 anos, a Netflix disponibilizou a série “Todo Dia a Mesma Noite”, inspirada no livro de mesmo nome, que acompanhou o incêndio na Boate Kiss em 2013.
Após o clube de dança ser tomado pelas chamas, 242 pessoas morreram e outras 636 ficaram feridas. Desde então, quatro pessoas foram vistas como responsáveis, mas até hoje não foram condenados por seus crimes.
Culpados por incêndio na Boate Kiss não foram condenados
Uma das tragédias que mais abalou o Brasil, o incêndio na Boate Kiss deixou 242 famílias sem seus filhos, que saíram para uma noite de diversão e foram vítimas das chamas.
Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão foram os primeiros culpados pela tragédia. Enquanto um é o músico da Banda Gurizada Fandangueira, que se apresentou naquela noite, o outro é o produtor.
Naquela noite, ambos decidiram acender um artifício pirotécnico próximo a um material inflamável, o que deu início às chamas que rapidamente consumiram o local.
Porém, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Lodeiro Hoffmann, os sócios da Boate Kiss, também foram apontados como culpados.
De acordo com a Justiça, os dois sabiam do risco de morte existente, por saber que a banda usaria fogos de artifício e manter uma casa noturna sem saída de emergências, além da falta de treinamente de seus funcionários, que foram orientados a não deixar ninguém sair sem pagar.
Mais do que isso, o local estava sem o alvará de funcionamento e também com um nível de ocupação acima de sua capacidade.
Porém, não foi tão simples para que o julgamento dos quatro réus pudesse ocorrer. Assim como explicado por um dos juízes responsável pelo caso, Ulysses Louzada: “Não tem nenhum país do mundo que tenha tantos graus de jurisdição recursais”.
Isto é, devido aos recursos solicitados pelos advogados dos acusados, o julgamento foi sendo cada vez mais prorrogado. Um dos primeiros pedidos, que foi atendido, era que o caso não fosse julgado em Santa Maria, mas, sim, em Porto Alegre.
Enquanto isso, as famílias das vítimas da Boate Kiss se uniram em uma associação para garantir que a justiça fosse feita, mesmo que tivesse passado mais de sete anos após a tragédia.
Apenas no final de 2021, foi marcado o julgamento, que durou seis dias, com três depoimentos por dia: das vítimas, ex-funcionários e famíliares.
Ao fim de tudo isso, o juiz Orlando Faccini Neto determinou que os quatro réus eram culpados pelo crime, dando 22 anos e seis meses para Elissandro, 19 anos e seis meses para Mauro e 18 anos para os músicos.
Porém, quando todos acreditaram que o pesadelo havia acabado, oito meses depois, o Tribunal de Justiça anulou o julgamento.
Após o pedido dos advogados dos réus, foi visto que ocorreram falhas em procedimentos formais, acusando alguns fatores de não terem seguido o procedimento comum de um julgamento.
Por conta disso, os acusados terão de passar por um novo processo, que retorna às fases de recursos, fazendo com que não haja um prazo para um segundo julgamento.
Mesmo após 10 anos, as famílias das 242 vítimas ainda lutam por justiça.