As mulheres inesquecíveis e o feminismo em Mad Men; veja top 10

O último episódio não deixou dúvidas que as personagens mulheres são um dos grandes marcos de “Mad Men”. A série começa em 1960 e termina no final de 1970, um período de lutas pelos direitos civis, direitos das mulheres, transformações culturais e sociológicas nos Estados Unidos e no mundo em geral. O crescimento do consumo, a popularização da TV, a Guerra do Vietnã, a morte de Martin Luther King… tudo isso é pano de fundo ou de frente na série, que narra tempos reais em que as pessoas não tinham tanto conhecimento sobre os danos reais do tabagismo, por exemplo.

Peggy Olson, Joan Holloway, Betty Draper Francis, Megan Draper…cada uma delas representa um tipo de mulher daquela época. Desde a feminista que busca reconhecimento pelo trabalho até a mulher que tenta ser a esposa e mãe perfeita, como mandava o senso comum ainda retrógrado da época, mas não tem vocação para isso.

Reveja, relembre e prepare-se: há spoilers sobre o final da série, cujo último episódio foi transmitido no último domingo nos Estados Unidos e na segunda-feira no Brasil.

Confira as 10 principais mulheres de Mad Men:
Truddy Campbell

A esposa perfeita dos anos 60. Bonita, inteligente, leal, fiel e apaixonada. Depois de saber que é traída, passa por mudanças. Muitas temporadas depois, é outra mulher, muito mais confiante, ainda que não 100% independente. Acaba atraindo o marido Pete no final e termina com ele.
Sally Draper

De criança a uma quase adulta, a filha mais velha de Don e Betty passa por uma transformação física natural muito intensa e a personagem acompanha a isso com certa maturidade. É Sally o único dos filhos que consegue enxergar direito quem seu pai realmente é e chega a peitá-lo quando o vê cometer erros. O diálogo dos dois sobre a iminente morte de Betty, com quem Sally teve um relacionamento conturbado a vida toda, no último episódio, é sensacional.
Sylvia Rosen

A amante que Don arruma no prédio em que mora com Megan é uma mulher de opinião forte. E ele ficou de quatro por ela. Mas o romance não durou muito, pois ela sentiu o peso do adultério principalmente devido à sua amizade com Megan. Na despedida sexual, foram flagrados por Sally. Grande momento que ajudou a garota a saber mais sobre o pai.
Dra. Faye Miller

A psicóloga faz a linha “mulher já moderna” dos anos 60, a década em que a série ocorre e que foi uma década de transformação, em que feminismo, liberação sexual, drogas e guerras deixaram marcas indeléveis no mundo ocidental, com consequências inclusive nas artes (foi a década em que os Beatles estiveram em cena e mudaram a música pop, por exemplo). Dra. Faye é uma mulher que anda com uma aliança de casamento apenas porque presta consultoria em diversos escritórios e quer evitar passar seus dias tomando cantadas de todos. Mas toda esta postura “mulher séria e inteligente que sabe o que quer”, embora tenha atraído Don, não o deixou apaixonado. Ele a largou quando percebeu que estava apaixonado pela secretária, a linda Megan.
 Pediu-a em casamento. Rachel Menken

É para esta empresária de sucesso que Don Draper se apresenta no primeiro episódio da série com a célebre frase “O que você chama de amor foi inventado por caras como eu para vender meia-calça.” Depois de ela refutar as ideias de Don como diretor de criação para sua grande loja, os dois acabam se envolvendo e têm um caso. Rachel desistiu quando percebeu que ela nada mais era do que uma válvula de escape para Don. “Pra você é apenas um caso barato. Você não quer fugir comigo, apenas quer fugir. Você é um covarde.” A maioria não teve coragem de falar assim com o todo-poderoso diretor de criação conquistador. Merece crédito. (E, claro, ela também é linda).
Jane Sterling

Não foi apenas Don que se casou com a secretária. Roger Sterling, o sócio da agência com as melhores frases (ou a maioria das melhores frases) da série, também. E não que ele não fosse mulherengo como Don. Mas Jane foi a mulher que o fez largar sua mulher (lembre-se que ele teve um caso com Joan Holloway antes disso). Não demorou muito para o casal perceber que não funcionava junto.
Megan Draper

Só a cena dela cantando “Zou Bisou Bisou” já seria digna de dar um lugar à Megan nesta lista. Mas ela era muito mais que uma mulher linda, charmosa e que canta bem. Ela era o espírito livre, que deixou de ser secretária, virou redatora, mas, ainda insatisfeita, perseguiu os sonhos (ser atriz em Hollywood) e realmente casou com Don por amor, não por seu dinheiro (ou foi?), embora este conforto proporcionado pelo marido tenha facilitado muito sua vida, inclusive as tentativas de ser atriz em Hollywood. Pode se dizer que foi a mulher que conseguiu chegar mais perto do coração de Don Draper.

Betty Draper Francis

Infantil, imatura e linda. Betty começou como modelo e largou para ser “a” esposa, mãe de família dos anos 60. Mas não tinha muita habilidade para isso. Pouco carinhosa com os filhos, viveu sempre em conflito com Sally. Não conseguiu manter o casamento quando descobriu a maior das mentiras de Don (depois de já saber ter sido traída): ele era, na verdade, Dick Whitman, soldado que roubou a identidade do próprio superior na guerra da Coreia e voltou para os EUA como herói em busca de uma vida totalmente nova (deixando para trás a antiga família e o próprio irmão, que se matou após o reencontro com Dick/Don). Betty tentou largar o vazio da vida e estudar o que sempre quis na faculdade: Psicologia. Mas logo no começo do curso ela se sente mal na faculdade e cai na escada. Descobre que está com câncer no pulmão e tem pouco tempo de vida. Um fim trágico para uma vida vazia.

Joan Holloway

Joan começa como a chefe das secretárias. Amante de Roger, ela não tem esperanças (ou vontade) de se tornar sua mulher. É a pessoa na agência a que todos recorrem quando tem problemas. Ela sabia lidar com o machismo que imperava no escritório, padrão de costume naquela época. E tinha forte personalidade para lidar com isso, usando até sua beleza e charme de maneira consciente para conseguir o que queria. Tem uma desilusão amorosa, é usada (como objeto sexual) para salvar a agência e conseguir a Jaguar como cliente, torna-se sócia e segue firme em busca do que quer, vencendo obstáculos e criando um filho sem marido (a mãe a ajuda).
Peggy Olson

Peggy começa como uma secretária assustada, se envolve com Pete Campbell, engravida… tudo poderia dar errado, mas ela começa a se posicionar quando doa o bebê, entende quem Peter é. Quando promovida à redatora, Peggy começa a virar a mulher que todos os fãs da série amam. Ela tem o arco dramático mais acentuado e, por isso, está no topo da lista. Torna-se a principal personagem feminina, até por ser uma das poucas mulheres a quem o machista Don Draper realmente aprende a respeitar e admirar. Trabalhando duro e com muita competência, sobe na agência, sai quando tem uma proposta e volta contratada a peso de ouro. É a personagem que mais mostra os resultados do movimento feminista na prática.