Mudanças na história da personagem de Taís Araujo dividem opiniões entre público e até elenco
Vale a pena ser honesto no Brasil? A frase que norteou a criação de “Vale Tudo” por Gilberto Braga, Leonor Bassères e Aguinaldo Silva em 1988 não é a mesma que serve de base para o remake – ao menos, não na prática.
Se em 1988 a história era puxada pela heroína Raquel, vivida por Regina Duarte, em 2025, é a Odete Roitman de Débora Bloch quem dá as cartas e rouba a cena. Com muitas mudanças no roteiro original, a Raquel de Taís Araujo perde cada vez mais espaço na trama.
Raquel em “Vale Tudo”: protagonista perde espaço
Depois de muitas mudanças na história de Raquel, a protagonista tem perdido cada vez mais relevância em “Vale Tudo”. Tanto que, no resumo dos capítulos da próxima semana – de 15 a 20 de setembro -, o nome da protagonista aparece apenas uma vez.
O de Odete, por sua vez, aparece 14 vezes, enquanto até o de Freitas (Luis Lobianco) é citado em 12 momentos. O “sumiço” de Raquel é o retrato das reclamações recentes do público sobre as mudanças na história da protagonista.
Enquanto na versão de 1988 ela é a heroína que personifica o lema da novela, no remake, ficou como pano de fundo enquanto Odete, Maria de Fátima (Bella Campos), Marco Aurélio (Alexandre Nero) e até Olavo (Ricardo Teodoro) estão em destaque na reta final.
Mudanças na história de Raquel em “Vale Tudo”
Na versão original da novela, Raquel triunfa como uma empresária de sucesso e tem uma ascensão meteórica honestamente, provando para Maria de Fátima (Gloria Pires) que é possível enriquecer sem passar ninguém para trás. Dona da Paladar, a heroína de Regina Duarte morava em um apartamento luxuoso e, enquanto assistia à queda da filha mau caráter, desfrutava de sua honestidade recompensada.
Já no remake, a Raquel de Taís Araujo não tem respiro. A personagem até se tornou dona da Paladar, mas passou por uma reviravolta inédita ao perder tudo depois de uma rasteira de Odete Roitman e voltou a vender sanduíche na praia. Dois capítulos depois, recuperou a casa sede da empresa por conta da benevolência de Celina (Malu Galli). A partir de então, Raquel começa a se reconstruir como empresária.
No entanto, a reviravolta da personagem fica em segundo plano enquanto outras histórias tomam o protagonismo. Até Olavo tem aparecido mais na história por conta de seu romance com Celina, enquanto Raquel tem cenas curtas e está longe da narrativa principal.
Frustração de Taís Araujo com Raquel em “Vale Tudo”
Em entrevista recente à revista Quem, Taís Araujo falou sobre as mudanças no roteiro feitas pela autora Manuela Dias e confessou sua frustração.
“Quando peguei a Raquel para fazer, falei: ‘Cara, a narrativa dessa mulher é a cara do Brasil. E ela vai ter uma ascensão social a partir do trabalho. Vai ser linda e ela vai ascender e ela vai permanecer’. Isso vai ser uma narrativa muito nova do que a gente vê sobre representação da mulher negra na teledramaturgia brasileira. Quando vejo que isso não aconteceu, como uma artista que quer contar uma nova narrativa de país, e a dramaturgia proporciona isso, confesso que fico triste e frustrada”, afirma.
Odete é a nova heroína?
Não foi apenas a história de Raquel que mudou em “Vale Tudo”. O tom de Odete Roitman transformou a vilã em a nova queridinha do público. Com tiradas sarcásticas e um texto interessante, a vilã das vilãs perdeu o ar das maldades e inspirou até alívio cômico em certos momentos, gerando uma campanha para que ela não tenha o mesmo destino da Odete de Beatriz Segall.
Em 1988, “Vale Tudo” ficou marcada pela frase “quem matou Odete Roitman”, enquanto em 2025, o apelo do público é para salvar a pele da vilã.