Adaptada da versão de Benedito Ruy Barbosa, lançada em 1990, o remake de “Pantanal” é assinado pelo neto do autor, Bruno Luperi, que se esforçou para manter a alma da história, mantendo-a presente na produção lançada pela TV Globo mais de 30 anos depois.
Preservando os personagens, o autor se atentou também em respeitar as regionalidades dos pantaneiros, com um texto que é carregado de palavras e expressões utilizadas no Centro-Oeste e em outras partes do Brasil. Confira o significado de algumas das mais utilizadas na novela!
Dicionário de “Pantanal”: significados de palavras e expressões
Apiar
Logo nos primeiros capítulos, Joventino (Irhandir Santos) decidiu que iria ‘apiar’ e ficar pelo Pantanal, lugar pelo qual ele se apaixonou imediatamente. Repetida algumas vezes ao longo da trama pelos peões pantaneiros, a palavra significa “aquietar”. Em outras colocações, ela ainda pode expressar que alguém chegou a algum lugar ou desceu de algum meio de transporte, como: “Apiei de meu cavalo”.
Grileiro
Usada em referência a Tenório (Murilo Benício) no início da trama, a palavra faz referência a uma das práticas que mais ocorrem no interior do Brasil, com destaque para as regiões Norte e Centro-Oeste. Nela, um proprietário de terras privadas se apossa das terras públicas ou de terceiros, que estão ao redor de sua propriedade – as chamadas terras devolutas.
Desta forma, ele produz documentos falsos e, para dar mais veracidade a eles, armazena os papéis com grilos, para que pareçam antigos pelos detrimentos que o inseto deixa – dando origem ao nome. No caso da trama, Tenório vendeu terras que já tinham dono para Gil (Enrique Diaz) e Maria Marruá (Juliana Paes), dando-lhes um documento sem comprovação legal.
Posseiro
Termo utilizado para Gil e sua família, posseiros são aquelas pessoas que ocupam de forma ilegal uma terra ou uma propriedade, podendo ser áreas abandonadas de fazendeiros ou que pertencem ao Governo. Neste local, os posseiros passam a cultivar alguma plantação para o seu próprio sustento.
Chalana
Palavra de utilizada portuguesa e transmitida para o português brasileiro, chalana signifca “barco de fundo chato”, sendo este o principal meio de transporte da região pantaneira, por ser uma embarcação de grande porte que transporta pessoas e suprimento entre as comunidades. Em 1943, Mário Zan e Arlindo Pinto compuseram uma música com o nome da embarcação, se tornando famosa nas vozes de Sérgio Reis e Almir Sater, que hoje interpreta o chalaneiro em “Pantanal”.
Pirangueiro
Em muitas regiões, a palavra pode ser vista como uma ofensa, sendo usada para pessoas desprezíveis e que não possuem honestidade. No entanto, na região pantaneira, pirangueiro é a pessoas que cresceu junto ao rio e conhece todas as suas peculiaridades, sendo um especialista em pesca e nas estratégias de se viver ali.
Alforje
Ainda na primeira fase da trama, José Leôncio (Renato Góes) partiu para o Rio de Janeiro com a intenção de encher o seu alforje com o dinheiro que lhe era de direito. Mas, você já tinha ouvido falar nessa palavra? Ela faz referência a uma bolsa que possui um saco duplo, que fecha em ambas as extremidades e deve ser colocado nos ombros, para que assim, o peso seja dividido.
Gado Alongado
Termo muito utilizado no Pantanal, gado alongado é aquele que se cria de forma selvagem entre as grandes fazendas da região, sendo conhecido também como “bagual”. Geralmente, estes animais fogem de suas criações e se tornam muito bravos, além de terem um porte maior do que o comum, já que passam da época de ser abatido.
Marruá
Da mesma forma, podemos falar da palavra “marruá”! Se você acredita que este era o sobrenome de Maria Marruá, está enganado. A pesonagem ganhou esse complemento por conta de seu comportamento hostil e agressivo, já que a palavra faz referência a novilhos não domesticados – sendo a mesma coisa que um gado alongado.
Currutelas
-em-)
Lugar frequentado por José Leôncio e outros peões de comitivas, a currutela foi onde o protagonista conheceu Filó (Letícia Salles). Muito comum nas regiões Norte e Centro-Oeste, lá, o trabalhadores podem encontrar garotas de programa, bebidas e música após um longo dia de trabalho, sendo configuradas como barracas até grandes estabelecimentos.
Jacú
Utilizada como uma ofensa para Jove (Jesuína Barbosa), a palavra Jacú se refere a duas coisas. Na cultura popular, significa uma pessoa cheia de acanhamentos, vegonhas, que não tem muitos conhecimentos e pode ser facilmente enganada. Ao mesmo tempo, Jacú é uma espécie de pássaro presente na América Central e na América do Sul.
Flozô
Uma outra palavra usada de forma mais contante pelos peões para se referir ao comportamento de Jove, “flozô” é uma palavra utilizada desde a primeira versão da novela, que gerou receios de ser acrescentada no remake por conta de sua repercurssão negativa na internet. Em referência a um jeito afeminado e sensível de um homem, a palavra é vista, atualmente, como homofóbica.
Sarandí
Lugar onde começou a história de Gil, Maria e Tenório, o Sarandí é uma região que, de fato, existe. Localizada no Norte do Paraná, a cidade conta com cerca de 96.688 habitantes e é dividida por loteamento de terras.
Ninhal
De extrema importância para a história, o Ninhal também é uma das maiores maravilhas de nosso país. No Pantanal está localizado um dos mais importante ninhais da América do Sul, com cerca de 1km de extensão, onde mais de 700 espécies de pássaros se reproduzim durante os tempos de seca. É para lá que elas viajam inacreditáveis distâncias, apenas para colocar seus ovos em segurança.