Em 1896, quando o cinema estava surgindo como novo meio de entretenimento, o público não sabia muito bem o que esperar. Um dos primeiros filmes a serem projetados ao público foi o “The Kiss”, uma cena muda em preto e branco com menos de um minuto que mostrava um homem e uma mulher se beijando, nada muito apaixonado e caloroso.
O filme gerou um verdadeiro escândalo e foi considerado por muitos como uma obscenidade abominável.
Séculos depois, é claro que os limites do que é aceitável no cinema mudou consideravelmente, mas a verdade é que as temáticas que causam polêmica não mudaram muito: onde há sexo, há controvérsia. O mesmo pode-se dizer da violência. O filme “Saló ou 120 dias de Sodoma” é um grande exemplo disso. Veja mais alguns filmes que causaram muita polêmica nos últimos anos:
10 – “Beise-moi” (2000)
Este filme francês que mescla violência e sexo explícito é considerado como um dos primeiros exemplos do que foi chamado de “novo extremismo francês”, termo cunhado pelo crítico da revista “Artforum” para englobar as várias produções de caráter transgressor que surgiram no país no começo dos anos 2000.
O filme foi proibido na Malásia e no Singapura, na Austrália foi permitido somente para maiores de 18 anos.
9 – “Réquiem Para um Sonho” (2000)
Qualquer filme que está relacionado ao consumo de drogas tende a gerar polêmica, sobretudo se glorifica algumas condutas. “Réquiem Para um Sonho” está longe de fazer isso, já que mostra toda a obscuridade sob a qual vivem os personagens viciados. Mas, mesmo assim, o filme causou certo alvoroço e o diretor Darren Aronofsky precisou lutar contra órgão regulamentador de Hollywood para que o filme não recebesse classificação de 17+.
8 – “A Invasora” (2007)
Definitivamente um filme difícil de assistir. Dentro do “novo extremismo francês” há um subgênero chamado “nova onda de terror”, que representa uma nova abordagem dos elementos clássicos do terror. “A Invasora” é um dos filmes de maior destaque e mais valorizados dessa nova onda.
“A Invasora” é uma típica história de terror de invasão de casa. No entanto, é protagonizado por uma mulher grávida que sofre todo tipo de violência vindo de outra mulher, o que causa enorme desconforto em grande parte da audiência.
7 – “Shortbus” (2005)
Este filme dirigido por John Cameron Mitchell é repleto de cenas de sexo explícito real, não atuado e nem simulado, entre um grupo de pessoas de Nova York que se reúnem em um quarto subterrâneo. Apesar de o filme explorar diversos aspectos cinematográficos, isso não evitou que ele fosse classificado como pornográfico.
O diretor se defendeu dessa acusação dizendo que o pornô é por definição algo criado com única finalidade de gerar excitação sexual, enquanto em seu filme o sexo é frequentemente despido de erotismo para revelar ideias e emoções que permaneceriam ocultas na pornografia.
6 – “O Albergue” (2005)
O crítico David Edelstein criou o termo “torture porn” (tortura pornográfica) ao ver “O Albergue”. O termo logo passou a designar filmes de terror em que a tortura e as mutilações, ou seja, a vulnerabilidade do corpo humano, roubam a cena.
“O Albergue”, dirigido por Eli Roth, é ambientado na Eslováquia, o que deu origem a queixas e conflitos por parte do país, pois o filme mostra o local como pobre, sem cultura e cheio de criminalidade. A resposta de Roth às críticas foi curiosa é um pouco ridícula: ele disse que, apesar da saga “O Massacre da Serra Elétrica” se passar no Texas, as pessoas continuam indo para lá.
5 – “Ninfomaníaca” (2013)
Lars Von Trier é um diretor controverso que construiu toda a sua carreira fazendo filmes provocadores e um tanto transgressores.
“Ninfomaníaca” já foi tido como controverso desde seu título. O longa, que tem duas partes, conta a história de uma mulher viciada em sexo (Charlote Gainsbourg) que é encontrada machucada e indefesa por um homem mais velho que a leva pra sua casa. Lá ela conta suas histórias sexuais com uma impecável (e às vezes sórdida) riqueza de detalhes. A polêmica em torno do filme fez com que sua classificação fosse exclusiva pra adultos, mesmo que o estúdio tenha decidido lançá-lo sem nenhuma classificação.
4 – “Martys” (2008)
Mais um filme francês pertencente ao “novo extremismo” e à “nova onda de terror”. “Martyrs” conta a história de uma jovem que busca a vingança contra os sequestradores que a torturaram quando criança.
O filme foi lançado no Festival de Cannes de 2008, e parte da audiência se retirou ofendida enquanto algumas pessoas desmaiaram e passaram mal. Com essas informações já dá para saber o quanto o filme é impactante e não priva o espectador de cenas cheias de horror.
3- “Irreversível” (2002)
Um filme aclamado pela crítica. O diretor é Gaspar Noé, cujas habilidades narrativas e técnicas potencializam a crueldade e a violência presentes no filme.
Lá vem spoilers: a cena mais lembrada e também a mais polêmica é a do espancamento fatal e o estupro. O primeiro é resultado do segundo, mas o espectador não sabe disso até o final do filme, que é contado em ordem cronológica inversa.
Um filme sombrio com uma das cenas mais difíceis de assistir no cinema.
2 – “Anticristo” (2009)
Outra obra de Lars Von Trier, também protagonizada por Charlotte Gainsbourg, ao lado de Willwn Dafoe. O filme é parte da trilogia não oficial do diretor, a “trilogia da depressão”, da qual fazem parte “Melancolia” e “Ninfomaníaca”.
O título do filme talvez faça com que muitos pensem que se trata de um longa religioso e polêmico. Contudo são as cenas de violência que provocaram grita e desmaios durante sua exibição em Cannes. Neste festival, o júri ecumênico (não-oficial) homenageou o filme com um “anti-prêmio” e declarou que “Anticristo” é o filme mais misógino (descrença geral e repulsa à mulher) do autoproclamado melhor diretor do mundo.”
1 – “A Serbian Film – Terror sem Limites” (2012)
https://www.youtube.com/watch?v=n70XqAQkses
Ninguém se surpreende que o “A Serbian Film” seja um dos filmes mais polêmicos dos últimos tempos se levarmos em conta que contém cenas de violação, necrofilia e abuso sexual de menores. Tampouco é chocante o fato de que o longa foi proibido em dezenas de países.
A princípio, o filme pode ser considerado apenas uma tentativa de choque gratuito ao público. Mas, de certa forma, é uma obra bastante inteligente que debaixo de toda perversidade e horror contém potentes metáforas que permitem uma leitura mais séria e complexa (se o espectador conseguir).