Na história do Oscar, a premiação nunca havia transmitido ao vivo uma cena de violência entre duas celebridades — pelo menos até a sua 94ª edição, que ocorreu na noite de domingo (27). Na ocasião, Chris Rock fez uma “piada” com a esposa de Will Smith, Jada Pinkett Smith, que não agradou o ator: ele subiu ao palco e deu um tapa no rosto do humorista.
Por conta do ocorrido, surgiu uma especulação na web de que Will tenha que devolver à Academia o seu primeiro Oscar em 32 anos de carreira — conquistado na mesma noite da confusão. Mas, afinal, isso pode acontecer? Entenda abaixo!
Will Smith pode ter que devolver o seu Oscar?
Na 94ª edição do Oscar, Chris Rock fez uma piada de mau gosto com Jada Pinkett Smith: disse que mal podia esperar para ver Jada, que tem alopecia (uma doença que causa queda de cabelos), estrelar “G.I. Jane 2”. No filme — que foi lançado em 1997 e no Brasil chama-se “Até o Limite da Honra” —, Demi Moore raspou os cabelos para dar vida a uma tenente.
A “piada” causou um silêncio constrangedor no teatro. Foi então que Will subiu ao palco, caminhou até Rock e lhe deu um tapa no rosto. Em seguida, ele voltou para a plateia, sentou ao lado de Jada e gritou: “Mantenha o nome da minha esposa fora da p*rra da sua boca”.
Mais tarde, Will Smith retornou ao palco para receber a estatueta de Melhor Ator por “King Richard: Criando Campeãs”. O artista aproveitou o momento para se desculpar com a Academia e os presentes.
“Richard Williams era um defensor feroz de sua família. Estou recebendo um chamado na vida para amar pessoas, proteger pessoas. E poder ser um rio para o meu povo. Virei o pai louco, igual ao Richard Williams. O amor nos faz fazer coisas loucas”, disse em um trecho de seu discurso.
Em meio aos acontecimentos, o New York Post analisou o código de conduta da Academia para entender se Will Smith poderia ser obrigado a devolver o seu prêmio após protagonizar o episódio de violência.
O código de conduta foi lançado em 2017, em meio aos movimentos #MeToo e Time’s Up. Na época, a CEO da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Dawn Hudson, disse que “os membros também devem se comportar eticamente, defendendo os valores da Academia de respeito à dignidade humana, inclusão e um ambiente de apoio que promova a criatividade”.
“Não há lugar na Academia para pessoas que abusam de seu status, poder ou influência de uma maneira que viole os padrões reconhecidos de decência. A Academia se opõe categoricamente a qualquer forma de abuso, assédio ou discriminação com base em gênero, orientação sexual, raça, etnia, deficiência, idade, religião ou nacionalidade. O Conselho de Governadores acredita que esses padrões são essenciais para a missão da Academia e refletem nossos valores”, escreveu Hudson.
Apesar dos dizeres do código, não há diretrizes claras sobre o que uma pessoa precisa fazer para ter um prêmio revogado. Na realidade, até hoje a Academia nunca obrigou um artista a devolver a sua estatueta — mesmo quando o premiado é acusado de crimes pela Justiça, como é o caso do diretor Roman Polanski. Por isso, parece improvável que Will tenha que abrir mão de seu Oscar.
Nas redes sociais, a Academia se pronunciou brevemente sobre o caso: “A Academia não tolera violência de qualquer forma. Hoje à noite temos o prazer de celebrar nossos vencedores do 94º Oscar, que merecem este momento de reconhecimento de seus colegas e amantes do cinema em todo o mundo”.
https://twitter.com/TheAcademy/status/1508310547564953606