Vanessa Romanelli, cadeirante de ‘Viver a Vida’: ‘Tiro arte da cadeira de rodas’

Vanessa Romanelli entrou no folhetim de Manoel Carlos para dar mais veracidade à trama e acabou incorporando sua própria realidade ao personagem. Amiga da personagem de Alinne Moraes na novela “Viver a Vida”, da Rede Globo, a atriz comemora a chance de mostrar, na ficção, conquistas e dificuldades dos cadeirantes.

A atriz foi escolhida após uma seleção com meninas da Companhia Mix Menestréis. No projeto, voltado para cadeirantes e deficientes visuais, Vanessa atuava em uma peça e acabou ganhando o papel de Camila. “Sempre gostei de teatro, mas comecei de forma informal, coisa pequena de escola mesmo. Encontrei esse grupo e me envolvi. No começo, meus pais ficaram com receio, mas depois também foram se apaixonando pelo trabalho”, conta.

Com 24 anos, Vanessa é cadeirante há oito. A atriz precisou contar com a ajuda da cadeira de rodas quando estava na adolescência, período conturbado para a maioria dos jovens, devido a uma atrofia espinhal, uma doença degenerativa. No entanto, a nova condição não a impediu de cursar faculdade de Biologia, iniciar o mestrado e agora fazer sua estreia na televisão no horário nobre. “Sempre tive uma instrução muito boa dos meus pais. Dificuldade sempre encontramos, passei por momentos de dúvida e medo, mas nesse caminho encontrei pessoas muito legais. Por ser cadeirante meu fardo não vai ser maior que o de ninguém”, afirma.

Além de atuar na trama de Manoel Carlos, Vanessa Romanelli divide seu tempo entre o teatro e o mestrado em Biologia. A cadeira de rodas também não foi uma barreira para um envolvimento amoroso. Bem resolvida, ela conta que nunca se vitimizou por conta da deficiência. “Agora estou solteira, mas já namorei. Não é pelo fato de ser cadeirante ou andante que as coisas mudam. As pessoas acabam aprendendo a lidar com a nossa condição. Tenho uma vida ótima. Tenho a filosofia de nunca olhar para baixo. Obstáculo, às vezes, servem como um mecanismo de crescimento”, avalia.

O futuro é incerto, mas a bióloga pretende conciliar as duas carreiras. Por enquanto, entre uma aula e outra, alternada por gravações e ensaios teatrais, Vanessa Romanelli vibra por poder dar informação às pessoas nas mesmas condições. “Tiro arte da cadeira de rodas. Esse momento está sendo uma constante evolução pessoal e profissional. As pessoas me abordam na rua, fazem perguntas, contam histórias. Antes as pessoas nem tocavam no assunto e agora já estão começando a abrir os olhos. Podemos mostrar que estudamos, trabalhamos e namoramos. É bom fazer parte disso”.

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Por Naiara Sobral, do Te Contei