Quando Ian Curtis se suicidou, em 18 de maio de 1980, aos 23 anos, deu fim a uma das bandas mais importantes do pós-punk, o Joy Division – e início a uma nova era, com o New Order, banda dos remanescentes do Joy Division.
O vocalista não chegou a ver, por exemplo, a repercussão do single “Love Will Tear Us Apart”, gravada um mês antes de sua morte: ela tornou-se o principal sucesso ao longo dessas três décadas.
O segundo disco do Joy Division, “Closer” (1980), lançado depois da tragédia, eternizou canções como “Isolation” e “Heart and Soul”. E o primeiro álbum, “Unknown Pleasures” (1979), ainda hoje permanece como um dos discos de rock mais intrigantes já feitos.
Para lembrar, 35 anos depois, a trajetória do vocalista, confira oito curiosidades sobre Ian Curtis e o Joy Division:
Origem do nome
Antes de firmar o nome Joy Division, a banda foi apresentada como Varsóvia. Pouco tempo depois, mudou para Warszawa, nome de uma faixa do álbum “Low” (1977), de David Bowie. O nome Joy Division é inspirado no romance “The House of Dolls” (1956), de Yehiel De-Nur, que cita o termo como a denominação de uma área nazista em que se explorava sexualmente de mulheres judias.
Letras destrutivas sobre si mesmo
A letra de “Love Will Tear Us Apart” diz: “Você grita em seu sono, todos os meus fracassos expostos. E há um gosto em minha boca, enquanto o desespero toma conta”. Não apenas essa, mas muitas outras canções do Joy Division tinham um teor autodestrutivo. No entanto, os demais integrantes não sabiam que Ian Curtis estava se referindo a si próprio nas composições. Apenas a sonoridade importava para a banda.
Ícone do pós-punk
A banda lançou apenas dois discos: “Unknown Pleasures” (1979) e “Closer” (1980). Canções como “Shadowplay”, “She Lost Control” e “Transmission” tornaram-se as principais marcas do pós-punk, que era calcado por riffs ininterruptos de guitarra, baterias ágeis e letras melancólicas. Ian Curtis era a própria personificação do pós-punk, com sua história trágica.
Sex Pistols: o elo
A banda britânica Sex Pistols foi o grande elo do Joy Division: foi num show da banda que eternizou o hit “God Save the Queen” que Bernard Sumner (guitarra e teclados) e Peter Hook (baixo) conheceram Ian Curtis. A banda fecharia a formação com a entrada de Stephen Morris na bateria.
Apesar da melancolia, havia união
Apesar do clima soturno predominar na maioria das canções, o Joy Division era uma banda unida e relativamente alegre. O baixista Peter Hook esclarece isso no livro “Unknown Pleasures: Joy Division”. Hook disse, em entrevista à Rolling Stone: “Nós realmente dávamos algumas gargalhadas, mesmo na luta. Após ficar com o New Order em todo esse tempo, (surpreendia) o fato de sermos tão unidos. Estávamos literalmente indo na mesma direção”.
Ele violentou a mulher, Deborah Curtis
Com o relativo sucesso do Joy Division, Ian Curtis passou a conquistar popularidade, o que o levou a ter um caso com Annik Honoré. A vida do cantor, que já era conturbada, passou a se tornar uma avalanche – e ele, claro, não soube lidar com isso. Na biografia “Tocando a Distância: Ian Curtis e Joy Division”, a ex-mulher do músico, Deborah Curtis, disse que chegou a ser violentada em algumas ocasiões. Ela conta um caso: “Numa noite, ele virou as costas para mim diversas vezes. Desesperada, eu mordi as suas costas. Chocado pela leve marca de sangue em minha boca, fui recompensada ao ser chutada para o chão”.
Possíveis teorias sobre o suicídio
Nunca se soube qual foi a verdadeira causa do suicídio de Ian Curtis: se foi o fato de não saber lidar com o relacionamento com Annik e Deborah, ou as complicações da epilepsia. Na época, a Medicina não era suficientemente avançada para indicar os melhores remédios. “Talvez o que o tenha levado a cometer aquele ato tenham sido as drogas que tinha que tomar para controlar a epilepsia”, sugere Anton Corbijn, renomado fotógrafo e diretor do filme “Control”, sobre a vida de Ian Curtis. “Nos anos 70, elas tinham efeitos secundários terríveis, que incluíam depressão – em especial se eram misturadas com álcool, o que ele fazia.
Venda da casa de Ian Curtis
Para evitar a peregrinação dos fãs que costumam visitar a rua da casa em que Ian Curtis se matou, na pequena cidade de Macclesfield, os moradores tiraram a sua numeração. Quando a casa foi colocada à venda pelo valor de £115,000, fãs se juntaram para tentar comprá-la e transformar em um museu, só com arquivo da banda. No entanto, poucos aderiram, e eles não conseguiram comprar o imóvel.