Dentre as mortes que já ocorreram na novela “Pantanal”, algumas delas ficaram por conta das piranhas localizadas nos rios da região. Animal de água doce, a espécie carnívora pode causar arrepios em muitas pessoas, mas diferente da ficção, estes peixes não apresentam uma ameaça aos humanos.
Em conversa com o Zappeando, o educador ambiental Matheus Mesquita, conhecido como Biomesquita nas redes sociais, explicou melhor o comportamento das piranhas, que são consideradas animais carniceiros: “Elas preferem se alimentar de animais que já estão mortos”. Entenda!
Piranhas representam risco para os humanos como em “Pantanal”?
Escrita em 1990 por Benedito Ruy Barbosa, “Pantanal” tem como parte ativa de sua história as piranhas, que são as responsáveis por acabar com a vida daqueles que perturbam a paz dos moradores da região, como Lúcio (Erom Cordeiro) e Levi (Leandro Lima) no remake da história.
Na novela, os personagens dizem que estes animais atacam ao sentirem o cheiro de sangue de algum ferimento enquanto a pessoa está na água – mas esta atitude por parte das piranhas não é algo comum.

“Piranhas são animais que não nos veem como presas enquanto nós estamos vivos. Elas preferem se alimentar de animais que já estão mortos, já que a carne em decomposição libera um odor diferente na água, sendo este o prato preferido delas”, explica o educador ambiental Matheus Mesquita, graduando em Biologia pela UFRJ.
Conhecidas como animais carniceiros, elas são as responsáveis pela limpeza dos rios, comendo corpos que já estão em decomposição. “A piranha que a gente tem na nossa cabeça, que os filmes colocaram, é um animal que na vida real não é um predador de humanos. Ela apenas gosta de se alimentar de carne em decomposição, independente de ser um peixe, um jacaré, uma serpente ou uma pessoa, não conseguindo diferenciar”.
“No geral, estes animais têm muito medo da gente. É cientificamente comprovado que elas não nos veem como presas. O que pode acontecer é, quando estes animais estão em período de estiagem – quando o alimento fica muito escasso -, eles se tornam mais agressivos […] podendo ocorrer uma mordida defensiva em alguém”, complementa Biomesquita.
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Apesar disso, a espécie ainda assim se alimenta em outras situações. “Ela também ataca animais vivos, só que nós não estamos no cardápio dela”, explica Matheus, que acrescenta que estes peixes buscam por outros animais que já estejam machucados, próximos da morte ou já bem lentos por conta da idade avançada.
Quanto aos humanos, o educador ambiental garante que as chances de virarmos o prato principal delas são bem baixas. “Bem menor do menor do que 1% a chance disso acontecer. Tem que ser uma situação muito específica: sangramento, época de estiagem, em que elas estejam presas, sem nenhum alimento e estejam famintas e, aí, tem a possibilidade maior de ocorrer um ataque, mas também não é certeza”.

Diferente da ideia que é passada na novela, apesar de as piranhas serem sensíveis ao cheiro do sangue na água – sendo capazes de sentirem uma gota de sangue a cada 200 litros de água -, elas são atraídas muito mais pela movimentação.
“O cardume de piranhas é uma célula. Eles são preparados para viver e se defender juntos, como se fossem uma comunidade que faz todos os movimentos muito coordenados. Elas têm essa sensibilização muito elevada à movimentação estranha de animais na água. Isso chama muito mais a atenção delas do que propriamente o sangue”, detalha o estudioso.