Se você é um daqueles ouvintes que acreditam piamente que discos têm que ser malucos, tortos e devem testar nossos sentidos, então você precisa conferir esta lista de melhores discos ‘estranhos’ de todos os tempos, elaborado pela Mojo Magazine (para ver a lista completa, clique aqui).
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Aventure-se:
#10 White Noise: “An Electric Storm” (1969)
O primeiro disco do projeto de Delia Derbyshire e o contrabaixista acústico David Vorhaus é um daqueles álbuns ‘extremos’, cheio de colagens e (des)construções estéticas com base na percussão vívida de Paul Lytton, bastante envolvido no free-jazz. Quem ‘estimulou’ o som tempestivo do White Noise foi o produtor Chris Blackwell, chefão da Island Records responsável pela popularidade de Bob Marley pelo mundo.
#9 The United States of America: “The United States of America” (1968)
Um grupo de rock sem guitarras. Em seu lugar, sons circenses, psicodélicos, marchas que subvertem o uso de teclados e uma linha musical que ultrapassa em lisergia a cena do acid-rock.
#8 John Coltrane: “Ascension” (1966)
Quando lançou “Ascension”, o lendário saxofonista já havia lançado seus trabalhos mais clássicos, como “ Giant Steps” (1959) e “ A Love Supreme” (1965). Neste disco ele reuniu alguns dos maiores instrumentistas do já consagrado free-jazz, como os sax-tenoristas Archie Shepp e Pharoah Sanders, além dos incansáveis parceiros Elvin Jones (bateria) e McCoy Tynner (piano). O som é arrebatador: não há espaço para solos, ‘apenas’ uma explosão intermitente de instrumentistas virtuosos, inspirado no antológico “Free Jazz” (1960), de Ornette Coleman.
#7 The Jimi Hendrix Experience: “Axis: Bold as Love” (1967)
O segundo álbum de Jimi Hendrix não apenas mostra novas técnicas na guitarra – mostra, também, novos delineares psicodélicos, levando o baterista Mitch Mitchell e o baixista Noel Redding a paisagens não visitadas pelo rock naquela época. Destaque para faixas como “Spanish Castle Magic”, “If 6 Was 9” e “You Got Me Floatin’”.
#6 Faust: “The Faust Tapes” (1973)
Primeiramente, cada lado é separado por um faixa cada, sem título. Hoje uma das mais cultuadas bandas do krautrock, o chamado ‘rock alemão’, Faust realizou, com “The Faust Tapes”, uma das maiores façanhas sonoras misturando free-jazz, psicodelia, rock progressivo e música de câmara, exercitando técnicas nada usuais de estúdio.
#5 Butthole Surfers: “Locust Abortion Technician” (1987)
Estes caras são doidões: primeiro, zoam o Black Sabbath na versão-pilhéria de “Sweet Leaf” – que, no disco, ficou “Sweet Loaf”. A zoeira se estende à música árabe (“Kuntz”) e chega a imaginar uma plateia para isso (“Hay”). Com vocês, certamente o disco mais maluco da década de 1980.
#4 Funkadelic: “Maggot Brain” (1971)
Enquanto o funk de James Brown fritava na década de 1970, uma nova vertente do gênero foi criada pela doida trupe de George Clinton. O P-Funk explorava um lado mais lisérgico com o Parliament – já com o Funkadelic, chegaria ao extremo da verve psicodélica. Para que o guitarrista Eddie Hazel se inspirasse na lunática faixa-título do álbum, Clinton disse: “ Toque como se sua mãe tivesse acabado de morrer”. Resultado? Um dos melhores solos de guitarra de todos os tempos.
#3 Miles Davis: “Agharta” (1975)
Nos anos 1970, o trompetista Miles Davis foi o pioneiro do fusion, que uniu jazz ao rock, no celebrado “ Bitches Brew” (1970). Os discos que lançou nesta década foram novas explorações desta vertente e, entre discos antológicos como “ On The Corner” (1972) e “ Jack Johnson” (1972). Gravado no Japão, o live “ Agharta” mostra o jazzista testando novas frentes musicais com um grupo fragmentado de instrumentistas, com destaque para o baixista Michael Henderson e o multi-instrumentista Pete Cosey (guitarra, sintetizadores e percussão).
#2 Sun Ra: “Space is the Place” (1973)
Sun Ra era muito mais que um pianista, tecladista ou bandleader: ele insistia no argumento de que veio de Saturno e, sendo verdade ou não, “Space is the Place” pode ser oriundo de qualquer lugar, mas não do planeta Terra. O disco foi a trilha sonora de um filme que evidenciou o poder da Sun Ra Arkestra no filme com direção de John Coney.
#1 Captain Beefheart & His Magic Band: “Trout Mask Replica” (1969)
Para Flea, baixista do Red Hot Chili Peppers, é o “ melhor disco de todos os tempos”. O bardo mais maluco de todos os tempos, Don Van Vliet (ou Captain Beefheart), chegou a insultar seus músicos no tanto que insistiu para obter o resultado de “ Trout Mask Replica”. Resultado: guitarras tortas, vocais foras de conexão, notas intempestivas de sax, poemas horrendos. “Trout Mask Replica” é uma epopeia ao contrário, certamente um dos discos mais subversivos de todos os tempos.