O mundo de “Vinyl”: 11 discos que definiram 1973

O seriado “Vinyl”, de Martin Scorsese e Mick Jagger, é centrado no mundo da música de 1973, ponto onde o peso da indústria musical tradicional estava começando a fomentar a rebelião. A cena underground começou a borbulhar, e novas opções começaram a aparecer ao longo do caminho.

“Vinyl” consegue contextualizar, com credibilidade, todas as músicas que usa, seja em flashbacks dos anos 50 e 60, ou em cenas nos anos 70. Para ajudar a explicar o que acontecia na época, veja os discos que mais marcaram o ano de 1973.

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Lou Reed – “Transformer”

“Transformer” foi tecnicamente lançado em dezembro de 1972, mas Lou é uma parte tão importante do meio social de “Vinyl” que não poderia não ser citado. Produzido por David Bowie (que na época ainda era considerado um estranhão de primeira classe) e Mick Ronson, “Transformer” é provavelmente o exemplo mais perfeito desse período em particular. “Walk on the Wild Side” é a música menos importante de um disco que inclui também “Vicious”, “Perfect Day” e “Satellite of Love”, mas “Walk on the Wild Side” ficou em primeiro lugar nas paradas e de algum jeito foi para o rádio.

David Bowie – “Aladdin Sane”

O sucessor de “Ziggy Stardust and the Spiders From Mars”. Bowie se referiu a “Aladdin Sane” como “Ziggy vai para a América”, e escreveu muito do material na estrada para “Ziggy”. “Aladdin Sane” abre com “Watch That Man”, a história da experiência de Bowie no after-party que aconteceu após o show do New York Dolls. A letra faz referência à estrela da Warhol Factory, Cyrinda Foxe, que namorou David Johansen, dos Dolls. “The Jean Genie” foi escrita no apartamento de Cyrinda, e Bowie mais tarde a dedicaria a Iggy Pop. “Time” é referência ao baterista Billy Murcia, que teve uma overdose na primeira viagem da banda para Londres um ano antes.

The Stooges – “Raw Power”

Se tivesse uma música de abertura mais “tapa na cara” do que “Search And Destroy”, provavelmente derreteria seus fones de ouvido. Ela é seguida por faixas como “Your Pretty Face Is Going To Hell”, “Penetration”, a faixa-título, e a irresistivelmente grudenta “Shake Appeal”. “Selvagem” seria o melhor adjetivo para descrever este disco, os vocais cortantes de Iggy, e o trabalho de guitarra de James Williamson. E nada disso existiria se David Bowie não tivesse salvado Iggy Pop – que estava chafurdando na esteira do término dos Stooges (e lidando com o vício em heroína) – assinando-o com a MainMan (a mesma agência que cuidava de Bowie), conseguindo para o cantor uma carreira solo.

The Rolling Stones – “Goats Head Soup”

“Goats Head Soup” não é um disco ruim. É, contudo, um disco terrível se comparado ao seu antecessor, um dos melhores discos já feitos, “Exile on Main Street”. Enquanto “Exile” tinha uma tremenda profundidade e se arriscou de verdade, “Goats Head Soup” apenas cai. Não é que as músicas sejam ruins, mas a experiência no geral é insatisfatória. Parece que eles estão tentando demais. Apesar disso, “Angie” é bela e mordaz. “Winter” tem seus momentos.

Elton John – “Goodbye Yellow Brick Road”

Elton já havia obtido sucesso nas paradas antes de “Goodbye Yellow Brick Road”, mas os hits continuaram vindo nesse disco duplo. O CD abre com uma mini ópera-rock, “Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding.” Mas no disco também tem “Candle in the Wind,” “Saturday Night’s Alright for Fighting,” “Harmony,” e “Bennie and the Jets.”

Stevie Wonder – “Innervisions”

“Innervisions” foi um disco que pareceu estar em todos os lugares no verão de 1973. “Higher Ground” foi lançado como o primeiro single, um mês antes do lançamento do disco, em agosto. Junto com “Living for the City” e “Don’t You Worry About a Thing”, Stevie Wonder se infiltrou nas rádios com um complexo e surpreendente disco, que falava sobre racismo, política, fé e amor.

The Who – “Quadrophenia”

Como uma ópera-rock, “Quadrophenia” foi excessivamente ambicioso. Mas a música é vívida e transcendente. Pete Townshend capturou completamente todas as emoções de Jimmy, o personagem principal da história. Existe raiva (“The Punk Meets the Godfather”) e frustração  (“The Real Me”) e desespero causado pelas drogas (“I’m One”), assim como consolo (“Drowned”) e redenção (“Love, Reign O’er Me”), tudo executado com poder e precisão. The Who nunca soou tanto como eles mesmos como eles fazem aqui.

Pink Floyd – “Dark Side of the Moon”

Olhando para trás agora, é improvável que esse disco tivesse tanto sucesso como teve. Pink Floyd era rock progressivo, denso e inacessível ao consumidor normal de música. Mas aqui, eles substituíram o improviso indulgente dos discos anteriorespela concisão, e os assuntos exotéricos por temas mais simples (“Money”, “Time”, “Us and Them”). Permanece mais poderoso como um álbum do que em uma visão música-por-música.

Led Zeppelin – “Houses of the Holy”

“Houses of the Holy” foi um ponto de reviravolta importante para o Zeppelin, que se afastava de suas influências do blues e da abordagem do rock-and-roll direto que caracterizou seus primeiros quatro discos. É mainstream como nunca – “Dancing Days”, “D’yer Maker,” e “The Ocean” queimavam as ondas da rádio FM – mas também razoavelmente experimental. A banda brincou com reggae e funk. É o som de uma banda indo direto para a agitação dentro do mato. 

Alice Cooper – “Billion Dollar Babies”

Não é todo mundo que consegue inventar um novo gênero de música sozinho, do jeito que Alice Cooper (verdadeiro nome: Vincent Furnier) conseguiu. Furnier criou a persona de Alice misturando Bette Davis, Barbarella, e Emma Peel, com muita maquiagem e uma vibe noir. (Os adereços no palco incluíam uma guilhotina, teias de aranha, e bonecas mutiladas). Tudo isso aparece junto em “Billion Dollar Babies, o sexto e mais famoso disco da banda, que cobre assuntos super alegres como serial killers (“Raped and Freezin’”), necrofilia (“I Love the Dead”), e o mal generalizado (“No More Mr. Nice Guy”).

Marvin Gaye – “Let’s Get It On”

Enquanto Al Green pode ter dito “Call Me”, Marvin é muito mais direto e honesto: “Let’s Get It On”. Com faixas como “Keep Gettin’ It On,” “Just to Keep You Satisfied,” e o single “You Sure Love to Ball,” Gaye acaba com todas as dúvidas: o disco é sexo em vinil, sem parar, durante toda a noite. É também sobre sedução e desejo franco, e aquele tipo especial de desejo à meia-noite. Musicalmente, é suave e sensual, e você poderia derreter manteiga usando a voz de Gaye.