Ky-Mani Marley: “Maestro”
Gravadora: Konfrontation Muzic LLC
Todos os filhos de Bob Marley que partiram para a mesma profissão do pai, talvez com exceção apenas de Damian Marley (por um breve desvio), têm a mesma mensagem: paz e amor.
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“A mensagem é sempre sobre um amor, sobre unidade, sobre amar sua vizinhança assim como você ama seus irmãos”, disse Ky-Mani Marley ao jornal The Wall Street Journal.
Dub e reggae são sintomáticos nas 12 canções de “Maestro”, com o toque da soul-music, que também influencia o seu trabalho.
“Get High” sugere a abordagem mais moderna dessa musicalidade: com synths tão pausados quanto as percussões, e voz quase em procissão, tem interessante aura espiritual.
Tal busca ganha contornos coletivos em “We Are”, com participações de Matisyahu e Gentleman. Ela é judia; Gentleman, alemão; e Ky-Mani, “um garoto rasta da Jamaica que mora em Miami”, como se descreve. Para ele, é possível a convivência e pluralidade religiosa, como evidencia a canção.
O irmão mais novo Damian canta em “Keepers of the Light”, buscando justiça poética em meio a guitarras R&B habituais à música de Miguel.
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De fato, a sonoridade de “Maestro” é o frescor mais agradável do sexto álbum de Ky-Mani. A abordagem, neste caso, é o que pode fazer com que a mensagem, já datada, soe efetiva.
https://www.youtube.com/watch?v=7Nt7Js9IpC0 Amplexos: “Sendeiro”
Gravadora: Independente
O segundo disco dos fluminenses de Volta Redonda Amplexos já é considerado “o melhor trabalho de nossas vidas”, de acordo com o vocalista Eduardo Valiante. Contando novamente com a produção de Buguinha Dub, o grupo acumulou a experiência de ver o disco anterior retrabalhado por feras como Mad Professor e a oportunidade de dividir palcos com o lendário guitarrista Oghene Kologbo, da clássica banda de Fela Kuti – Kologbo, inclusive, colaborou em “Do Perdão”. “Sendeiro” reprocessa vertentes que vão da música afro-brasileira de origem escrava pré-anos 1950 (“O Presente”) ao dub psicodélico jamaicano dos Upsetters (“A Tecnologia”), uma das muitas referências para o grupo.
https://www.youtube.com/watch?v=zsEV41s37V0 Banda Gentileza: “Nem Vamos Tocar Nesse Assunto”
Gravadora: Independente
Atenção, o baile vai começar. Está seis anos atrasado. Após a estreia, com o disco homônimo, os curitibanos da Banda Gentileza não perderam a ginga de um baile híbrido, que vai da música cigana ao rock frenético, com letras despretensiosas. “Nem Vamos Tocar Nesse Assunto” mostra uma banda reformulada, adaptada a um quarteto. Dez anos de experiência na bagagem são favoráveis para que a crônica familiar “Casa” e a guitarrada de “Chorume” se afastem dos clichês que os temas poderiam se aproximar. Para compensar a diminuição em integrantes, a Gentileza foi atrás de mais participações: entre elas, o trombonista Lauro Ribeiro e o percussionista Maurício Badé. A produção também ficou mais encorpada, fruto do elogioso trabalho da dupla Zé Nigro e Gustavo Lenza, que já lapidou discos de Céu, Apanhador Só, entre outros.
https://www.youtube.com/watch?v=YKWj3HBWLnI Ghostface Killah & Adrian Younge: “12 Reasons to Die II”
Gravadora: Linear Labs
Lançado no final de 2013, a primeira parte de “12 Reasons to Die”, feito em parceria com o produtor Adrian Younge, mostrou o rapper Ghostface Killah dando sua versão de um clássico HQ italiano no papel de Tony Starks. Na segunda parte, o foco é o gângster Lester Kane, interpretado pelo parceiro Raekwon – que canta em cinco das 13 faixas. Fazendo valer a cumplicidade dos membros do Wu-Tang Clan, Ghostface contou novamente com a produção-executiva de RZA e traz participações da nova geração de rappers, como Vince Staples (“Get The Money”) e Bilal (“Ressurection Morning”).
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https://www.youtube.com/watch?v=bqSTIroBAno Four Tet: “Morning/Evening”
Gravadora: Text
O produtor Kieran Hebden, que há décadas mantém o Four Tet, é mais afeito ao ambient que às variações exacerbadas da eletrônica. Seu repertório, no entanto, é de escala global. Na primeira faixa, “Morning”, ele sampleia a indiana Lata Mangeshkar, que compõe trilhas para o Bollywood. A segunda, “Evening”, é mais associada ao seu formato gélido, estilo post-rock-eletrônica. Totalmente à parte das inovações generalizadas do gênero, Four Tet continua fazendo escola com suas peças organicamente bem construídas, que representam mais a utopia da paz de espírito que o reflexo de tempos turbulentos.