
Muse: “Drones”
Gravadora: Warner Bros
Depois de confessarem ter ‘se vendido’ ao compor uma faixa especialmente para a trilha da saga “Crepúsculo” e faturar um Grammy com a soberba produção do single “Madness”, o Muse disse que queria “voltar às raízes” em seu álbum “Drones”.
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A pergunta que fica é: que raízes são essas? Desde o álbum de estreia, “Showbiz” (1999), a banda tem mostrado interesse em uma veia sci-fi progressiva. Ao longo da jornada, a rota não mudou: o que realmente aconteceu foi que estes britânicos entenderam o que as massas queriam e investiram no peso dos riffs de guitarra, em efeitos reluzentes e muita iluminação de palco.

O Muse atende novamente essa demanda com “Drones”. Influências de Rush e U2 ainda são o mote que determinam as vibrações de “Dead Inside” e “Defector”.
Certa vez, o vocalista Matthew Bellamy ficou irritado com as intermináveis comparações com o Radiohead, alegando que influência mesmo para a banda era o Rage Against the Machine. Fãs e detratores procuravam até hoje algum motivo que explicasse isso, mas finalmente a banda encontrou a coerência. “Reapers” emula os scratches na guitarra tão caros a Tom Morello. “Psycho” traz um pouco das distorções do RATM, mas, querendo ser sludge, aproxima-se mais do Def Leppard.
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Não se pode negar que a banda quis soar mais ousada em “Drones”. Isso é refletido no estouro dos riffs e na abordagem fugidia e clichê do sci-fi, em que a liberdade da sociedade está completamente atrelada a um governo déspota.
Como espetáculo, o disco fortalece o Muse. Como obra, bom, “Drones” é mais um espeto a incomodar os túmulos de George Orwell e Ray Bradbury.
Vários Artistas: “Mil Tom: Volume 1”

Gravadora: Independente
Artistas de 11 estados brasileiros foram imbuídos de reler a obra de Milton Nascimento, cantor mineiro cuja obra vai muito além do Clube na Esquina.
Organizado pelo site “Scream & Yell”, do jornalista Marcelo Costa, o primeiro volume de “Mil Tom” traz 15 faixas de músicos da nova geração. Abre com a consagrada Vanguart relendo “Clube da Esquina nº 2”, com belos arranjos de violino.
A associação dos artistas ao repertório surpreende: o rapper Rashid decide se comportar para interpretar uma das mais emblemáticas canções do repertório de Milton, “Tudo que Você Podia Ser”. A parceria da curitibana Karol Conka com a produção eletrônica de BossinDrama dá a “Rouxinol” uma perspectiva amigável às pistas. A complexidade dos arranjos de “Canoa, Canoa” foi bem assimilada pela Filarmônica de Pasárgada, que deu pitadas psicodélicas à amazônica composição do disco “Clube da Esquina nº 2” (1978).
Inevitavelmente, os discos com o Clube da Esquina compõem a base do repertório de “Mil Tom”: são 15 faixas dos volumes 1 e 2 dessa fase de Milton. Outros discos contemplados na homenagem são “Minas” (1975), “Travessia” (1967), “Caçador de Mim” (1981), entre outros.
O segundo volume da coletânea “Mil Tom” será lançado na próxima semana, em 17 de junho.
The Rolling Stones: “Sticky Fingers Deluxe”

Gravadora: UMe
“Sticky Fingers” solidificou a renovação musical do The Rolling Stones, dando à banda arsenal mais que necessário para invadir os anos 1970 com os dois pontapés. Canções como “Brown Sugar”, “Can’t You Hear Me Knocking” e “Bitch” reativaram a importância do bom e velho riff de guitarra no rock. “Wild Horses” e “Sister Morphine” fizeram com que Mick Jagger voltasse às raízes do country e blues novamente – só que de uma forma bem mais enérgica.
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O relançamento não traz nenhuma novidade no repertório. Há takes alternativos das principais canções do disco, além de versões ao vivo de “Midnight Rambler” e “Love in Vain”, do anterior e também celebrado “Let It Bleed” (1969). Os fãs, porém, vão gostar da versão inédita de “Brown Sugar”, com Eric Clapton delineando slides em sua guitarra.
Diogo Nogueira: “Porta-Voz da Alegria”

Gravadora: EMI
Foi louvável a parceria com o virtuoso bandolinista Hamilton de Holanda em “Bossa Negra” (2014), mas o público sentia falta do sambista-romântico-pop-carismático Diogo Nogueira. “Alma Boêmia” e “A Mil Por Hora” dão a levada de samba da Lapa (que nada tem a ver com o samba do morro).
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Mas, o que Diogo realmente quer em seu sétimo disco é formar a trilha sonora dos amores perdidos e desencontrados, como em “Tenta a Sorte” e “Pra Que Brigar”. Portanto, não se engane: ouvir “Porta-Voz da Alegria” no Dia dos Namorados pode dar uma deprê mais que indesejável: uma deprê indigesta.
Of Monsters and Men: “Beneath the Skin”

Gravadora: Republic Records
“My Head is an Animal” (2011), o disco de estreia do Of Monsters and Men, impressionou por figurar entre os mais vendidos nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e diversos países da Europa. Para o segundo disco, “Beneath the Skin”, projetou-se uma expectativa com o lançamento do single “Crystals”.
Ser da Islândia é um mero detalhe: a banda está mais para uma mistura de Mumford & Sons e Alanis Morissette que algo próximo de Sigur Rós e Björk. Quem sabe faixas como “Hunger” e “Wolves Without Teeths” não entram na trilha de algum filme blockbuster…