Joey Ramone foi líder de uma das maiores bandas de punk-rock de todos os tempos. Como vocalista dos Ramones, ele mostrou que trejeitos supostamente infantis, como sussurros, soluços, pausas e falsetes poderiam soar enérgicos na proposta do grupo.
Desde que estreou, com o disco homônimo da banda, de 1976, Joey Ramone permaneceu no imaginário dos fãs de punk como o cara que deturpa todos os estereótipos de beleza, bom-mocismo e virtuoso astro do rock. Se ele era desengonçado, fez dessa característica um ponto positivo que se fortaleceu ao longo dos anos – até o momento de sua morte, em 15 de abril de 2001, por conta de complicações com linfoma.
Se estivesse vivo, hoje (19 de maio), Joey Ramone completaria 64 anos.
Para saudar o Ramone mais carismático do grupo, confira 10 grandes canções do vocalista:
“Beat on the Brat”
Como assim ‘bata no fedelho?’. A segunda faixa de “Ramones” (1976) surgiu para Joey Ramone quando ele estava em um parque em Forest Hills e viu uma “criança horrível apenas correndo pra todos os lados, sem nenhuma disciplina”, disse Joey.
“Sheena is a Punk Rocker”
Uma das primeira canções a trazer o termo ‘punk-rock’ no título foi escrita por Joey. Mesmo com guitarras barulhentas, eles disseram que a influência veio da surf-music e do pop. Lançada como single, com o B-side “I Don’t Care”, “Sheena is a Punk Rocker” fazia menção a uma personagem dos quadrinhos tida como “rainha da selva”. A associação de Joey, claro, corrobora aquele papo de ‘ser punk é ser selvagem’. O single chegou a atingir a 22ª posição nas paradas britânicas e 81ª posição nos Estados Unidos. É, até hoje, um dos principais hits dos Ramones.
“Teenage Lobotomy”
Uma das canções mais ácidas dos Ramones usa como pano de fundo as técnicas de lobotomia, em que se enfiava um instrumento cortante no cérebro a partir de duas perfurações no crânio. Acreditava-se que esta seria a principal cura da esquizofrenia e da depressão – o que depois foi considerada uma prática bárbara. “Teenage Lobotomy” tornou-se a mais conhecida canção do álbum “Rocket To Russia” (1977), considerado um dos melhores trabalhos dos Ramones.
“I Just Want to Have Something to Do”
https://www.youtube.com/watch?v=eRwek-qyyeM
Chega a ser cômico ver Joey Ramone, meio estranhão, em meio a diversos colegiais do filme “Rock’n Roll High School” (1979). Alguns críticos viram a canção como uma tentativa malsucedida de se aproximar ao pop, mas “I Just Want to Have Something to Do” também pode ser vista como a canção universal do tédio. Não são só os adolescentes que não têm nada pra fazer…
“Do You Remember Rock’n Roll Radio?”
Phil Spector veio produzir um disco dos Ramones, e algumas coisas mudaram: a mais notável foi a inserção de outros elementos sonoros que vão além da utilização das três cordas distorcidas de guitarra. Na primeira faixa de “End of the Century”, Joey canta de forma mais correta para seus padrões – mesmo que “Do You Remember Rock’n Roll Radio?” não seja lá uma canção ‘endireitada’. “Precisamos mudar, precisamos disso rápido/Antes que o rock se torne coisa do passado”, diz a letra da canção. Por mais que seja criticada, é um single de grande impacto dos Ramones.
“The KKK Took My Baby Away”
As conturbações se acumularam: primeiro de tudo, a banda teve que aceitar a imposição da gravadora Sire de gravar com um produtor de renome, Graham Gouldman, no álbum “Pleasant Dreams” (1981); por outro lado, Joey brigou com Johnny Ramone porque ele estava saindo com uma de suas ex-namoradas. As letras KKK referem-se à Ku-Klux-Klan mas, de acordo com um amigo próximo de Joey, a letra referia-se ao guitarrista de forma pejorativa.
“Mama’s Boy”
O disco “Too Tough To Die” (1984) marcou o retorno à velha forma. Com Richie Ramone nas baterias, eles trouxeram novamente Tommy Ramone, desta vez para a produção. A primeira faixa do álbum, “Mama’s Boy”, é tão rascante como as dos primeiros discos. O baixista e compositor Dee Dee Ramone assume os vocais pela primeira vez, em “Wart Hog” e “Endless Vacation”.
“My Brain Is Hanging Upside Down (Bonzo Goes to Bitburg)”
https://www.youtube.com/watch?v=YoL_lL3Uu2I
Uma das canções mais políticas dos Ramones, “My Brain is Hanging Upside Down” era um manifesto contra a decisão do presidente Ronald Reagan em visitar um cemitério em Bitburg, na Alemanha, com feridos da II Guerra Mundial. ‘Você é um político/Não vire um dos filhos de Hitler’, diz a barulhenta canção.
“Pet Sematary”
O cemitério não está apenas no nome de uma dos singles mais conhecidos dos Ramones. A canção integra “Brain Drain”, último disco com o baixista e um dos principais compositores da banda, Dee Dee Ramone. “Todo mundo na banda tinha problemas: problemas com namoradas, com dinheiro, problemas mentais”, disse Dee Dee em sua autobiografia. Escrita por Dee Dee e Daniel Rey, “Pet Semetary” foi preparada para a trilha do filme de mesmo nome dirigido por Mary Lambert, a partir de obra de Stephen King.
“Poison Heart”
Mais um filme “Pet Semetary”. Mais uma colaboração dos Ramones. Mais uma letra de Dee Dee Ramone, que já não estava mais na banda. “Poison Heart” é outros dos grande sucessos comerciais dos Ramones, mas o fator mais curioso é a suposta mudança vocal de Joey: ele tenta soar mais macabro, mais austero. Integra o disco “Mondo Bizarro” (1992), com CJ Ramone no baixo e Marky Ramone na bateria.
“Christmas (Baby Please Come Home)”
https://www.youtube.com/watch?v=6PRRyhDUNQ0
O quê, um Ramone fazendo música de Natal? Lançado em um EP póstumo, em 2002, “Christmas” mostra Joey em arranjos jamais imaginados: a estrutura é roqueira, com backing vocals e um vocalista transbordando emoção. Joey, claro, não abandona o estilo arrojado.
“Like a Drug I Never Did Before”
“Don’t Worry About Me”, primeiro disco solo de Joey Ramone, foi lançado no ano seguinte à sua morte. Além da emocionante cover de “What a Wonderful World”, trouxe canções que bem poderiam integrar o repertório de notáveis discos dos Ramones. Uma delas é “Like a Drug I Never Did Before”, que traz guitarras distorcidas de Daniel Rey, que produz o disco, e a bateria do antigo parceiro Marky Ramone.
“New York City”
Joey Ramone fez uma homenagem à correria da cidade de Nova York, palco de todas as loucuras do punk-rock e importante ponto de partida para que os Ramones estourassem da forma que estouraram. “New York City” é faixa de seu último disco solo, “Ya Know”?”, de 2012. O clipe, com direção de Greg Jardin, é bem divertido.