Mesmo de luto pela morte da filha Daniella Perez, que foi brutalmente assassinada em dezembro de 1992, a autora Gloria Perez não deixou o trabalho de lado. Ela, que pela primeira vez realizava um trabalho autoral como escritora de novelas, fez questão de continuar criando os capítulos do folhetim “De Corpo e Alma”.
Apenas 15 dias após a morte brutal, Gloria Perez retornou ao trabalho. E reuniu forças para escrever a novela até o final. Para quem não se lembra, “De Corpo e Alma” estava há cerca de quatro meses no ar quando o crime aconteceu.
Gloria Perez terminou “De Corpo e Alma”
Na época do assassinato de Daniella Perez, cometido por seu colega de elenco, o ator Guilherme de Pádua e sua então esposa, Paula Thomaz, a novela era um sucesso no horário nobre da TV Globo. “De Corpo e Alma” chegou a ter mais de 50 pontos de audiência.
Depois do crime brutal, parte do elenco ficou em choque e pediu o fim imediato da trama. Até mesmo a emissora carioca cogitou tirar a novela do ar temporariamente. Mais opções foram consideradas, como alternativas para o desfecho da trama e até mesmo encerrar o folhetim sem nenhum final.
Mesmo acometida pela dor da perda da filha, ainda no velório de Daniella, Gloria Perez fez um apelo à cúpula da Globo para seguir escrevendo a novela. Segundo o diretor Daniel Filho, a autora disse que “continuar a trabalhar seria uma maneira de não morrer com a filha”.
Só tinha uma ressalva: não criar a cena em que Daniella sairia do folhetim. Os outros autores, Gilberto Braga e Ana Maria Moretzsohn, escreveram o final da personagem Yasmin, que acabou viajando para estudar fora do país. Feita por uma dublê, a cena emocionante foi ao ar menos de um mês após a morte da atriz.
Além disso, eles fizeram uma homenagem póstuma à Daniella, com imagens de arquivo, depoimentos de autores e diretores. Já o personagem Bira, interpretado pelo condenado Guilherme de Pádua, nunca mais foi nem citado no folhetim.
Gloria Perez seguiu em frente e conseguiu terminar a novela. O último capítulo foi ao ar em 5 de março de 1993. E não só isso: a autora acabou incluindo na trama alguns temas relevantes no folhetim, como a morosidade da justiça e a inadequação do código penal.
A autora tinha como objetivo transformar o homicídio em crime hediondo, o que aconteceu em 1994 após ela recolher mais de um milhão de assinaturas. Além disso, por um pedido da própria autora, “De Corpo e Alma” nunca foi reprisada pela Globo.
Saiba mais sobre a história no vídeo abaixo:
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