Espiritualidade, fé e misticismo são assuntos que muitas vezes causam divergências entre devotos de algumas religiões. No entanto, a diversidade de cultos e crenças é algo interessante que pode ajudar a abrir vários caminhos na vida das pessoas, inclusive na de celebridades.
Conheça famosos que seguem candomblé e umbanda, duas religiões de matriz africana que enfrentam uma série de preconceitos:
Famosos da umbanda e do candomblé
Miguel Falabella
Muita gente não sabe, mas o ator e diretor Miguel Falabella tem uma relação muito especial com o candomblé. O artista, que perdeu a mãe muito jovem, encontrou na atriz e produtora Chica Xavier uma segunda mãe. E Chica, além do ofício nas artes, também foi ialorixá – palavra em iorubá que significa “mãe de santo” ou “mãe de terreiro”.
Ao lado dela, ele passou a seguir os fundamentos da religião, sempre sem medo de se posicionar contra a intolerância religiosa e de frisar sua crença no dia a dia. Em 2018, por exemplo, ele parabenizou a mãe publicamente pelo aniversário dela e, na declaração, incluiu menções e saudações a orixás.
“Nosso encontro deu-se quando você, a fonte de todo amor, ao saber da morte da minha mãe biológica, abriu os braços e me chamou de filho. Imediatamente reconheci o chamado, porque as almas, ainda que incomunicáveis, reconheceram-se. Feliz aniversário, minha mãe amada! Obrigado por tudo. Hoje Oxóssi reúne o povo na Jurema e canta em sua homenagem! Eparrei, minha mãe! Seu filho te ama!”, declarou.
Maria Bethânia
A cantora de MPB Maria Bethânia é mais uma que segue os conceitos do candomblé. Para quem escuta as canções da artista, que não hesita em incluir nas letras menções a orixás e saudações relacionadas à sua fé, no entanto, isso não é uma surpresa.
Maria Bethânia foi iniciada no candomblé em 1981. “Fio feita por Mãe Menininha, Caetano e eu, juntos”, disse ela, se referindo ao irmão, o também cantor Caetano Veloso. Eventualmente, ela se tornou filha do terreiro de Gantois, em Salvador, um dos terreiros mais famosos do Brasil por sua origem antiga, datada de 1849.
Daniela Mercury
Cantora baiana de axé que também vive homenageando elementos de religiões de matriz Africana em suas músicas, Daniela Mercury é iniciada no candomblé. Criada sob valores católicos, ela se converteu à atual religião adulta.
Assim como Maria Bethânia e mais famosos, ela também cumpre suas obrigações no terreiro de Gantois, em Salvador. Apesar da devoção ao candomblé, ela demonstra ser aberta à fé com a qual cresceu – mas não se cala diante do preconceito religioso. No Twitter, por exemplo, ela já repreendeu falácias sobre a religião de forma direta.
“O candomblé é uma religião, preciso ter fé e respeito aos orixás. Procure algum terreiro de gente séria”, alertou.
Anitta
A cantora Anitta é, talvez, a artista brasileira mais popular da atualidade a falar abertamente sobre ser do candomblé. A funkeira nunca escondeu sua ligação com a religião de matriz africana – e, em 2024, inclusive, lançou uma canção chamada “Aceita”, cujo clipe mostra uma série de cenas ritualísticas que a incluem.
Nas imagens, Anitta aparece usando vestes feitas de palha, na companhia de pessoas importantes para sua vivência no terreiro, e até recebendo um dos banhos que fazem parte dos fundamentos da religião.
Ao lançar o clipe, ela afirmou ter perdido cerca de 200 mil seguidores e recebido represálias por parte de quem não aceita sua espiritualidade. Ela, no entanto, não se calou, e deixou claro que não deixará de falar sobre algo tão importante para si.
“Eu já falei da minha religião inúmeras vezes, mas parece que deixar um trabalho artístico pra sempre no meu catálogo foi demais para quem não ACEITA que o outro pense diferente. Acredito que as religiões são rios que desembocam num mesmo lugar: Deus, a inteligência suprema. […] Quando recebo mensagens de repúdio e intolerância religiosa, não sinto energia divina sendo emanada em minha direção, sinto a energia contrária. Eu tenho fé, não tenho medo”, declarou.
Cleo Pires
A atriz e cantora Cleo Pires, filha de Fábio Jr. e Gloria Pires, também é adepta do candomblé. Ao se casar com o atual marido, Leandro D’Lucca, ela inclusive fez mais de uma celebração, tudo para poder firmar a união também no candomblé.
Nas redes sociais, ela expôs abertamente o motivo de estar realizando a cerimônia, que foi feita em uma cachoeira e celebrada pelo babalorixá – ou pai de santo – do casal. Na ocasião, familiares de Cleo estiveram presentes, e todos os convidados usaram roupas brancas, bem como adereços relacionados à religião.
Bruno Gagliasso
Mais discreto, Bruno Gagliasso também é do candomblé, mas não fala sobre a religião com tanta frequência. Em 2023, porém, ele compartilhou com o público uma experiência que surpreendeu quem não sabia sobre a fé do ator.
No Instagram, Gagliasso mostrou cliques feitos no terreiro que frequenta há anos em Salvador, o Ilê Axé Opo Aganju, na companhia do filho, Bless.
“A noite que por conta disso já seria emocionante, tornou-se ainda mais especial, pois recebi a honra de ser suspenso Ogã de Oxossi na casa. Uma alegria emocionante e a sensação de que tô apenas começando uma caminhada linda de aprendizado e axé. Okê Arô Oxossi”, disse ele, compartilhando cenas de Bless aprendendo e se divertindo no local.
Alcione
Voz da celebrada canção “Não Deixe o Samba Morrer”, Alcione nasceu, cresceu e decidiu permanecer em meio à pluralidade religiosa. Além de ter sido batizada por inspiração na personagem de um romance espírita chamado “Renúncia”, ela teve contato com a fé católica, chegou a fazer uma cirurgia espiritual e, eventualmente, se descobriu na umbanda e no candomblé.
Atualmente, ela frequenta um terreiro de candomblé em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e não esconde de ninguém sua espiritualidade.
Alice Wegmann
Em 2022, a atriz Alice Wegmann afirmou ter se encontrado em uma religião. Em entrevista à apresentadora Angélica, ela afirmou que foi criada sob a fé católica, mas teve vontade de conhecer outras crenças ainda na época em que estudava teatro. Hoje, ela é adepta da umbanda e faz questão de falar sobre o assunto abertamente.
“Na umbanda, a gente busca ser melhor para a gente e para o outro. Então o que isso faz de mal para os outros? É totalmente o contrário. A gente tem o intuito de se proteger, de limpar a alma, de não carregar sentimentos ruins junto com a gente”, disse ela.
Leci Brandão
Grande nome tanto na carreira como cantora quanto na política, Leci Brandão não só é devota do candomblé e fala abertamente sobre, mas também trabalha ativamente contra a intolerância religiosa.
Na época em que foi deputada em São Paulo, ela foi a responsável por criar o Dia Estadual da Umbanda. A ideia, segundo ela, foi firmar o reconhecimento do Estado a uma religião que sofre diariamente com o preconceito.
Apesar de ter vivido uma trajetória na umbanda, ela se encontrou de fato no candomblé ao conhecer um terreiro em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Ela, inclusive, não tem qualquer medo de falar sobre o assunto. “Ogum e Iansã, dois guerreiros, estão norteando meu caminho”, disse ela em entrevista à revista “Mais 60”, do Sesc SP.