
Faith No More: “Sol Invictus”
Gravadora: Ipecac / Reclemation
O Faith No More não lançava disco há 18 anos, mas os integrantes da banda não pararam. O vocalista Mike Patton, por exemplo, manteve projetos de música pop subvertida (Peeping Tom), experimental (Fantômas) e metal alternativo (Tomahawk) nesse ínterim.
Leia também: Faith No More libera disco para streaming
O novo disco, “Sol Invictus”, já não possui aquele aspecto de novidade inesperada, algo comum ao Faith No More desde que alcançou grandes públicos com o hit “Epic”. Naquele momento, muitos se surpreenderam: como não conhecer, em 1989, aquela incrível banda, que já estava em atividade há quase uma década?
Assim que lançadas, “Superhero” e “Motherfucker” mostraram o Faith No More com pé no chão. Depois de tanto tempo afastado, quem é que quer saber de inovação? São dois acertos mais que bem-vindos, mais que esperados. O Faith No More voltou com as energias recarregadas no estúdio, indo além do que mostrava nas apresentações, que acontecem desde o retorno, em 2009 – uma delas no Brasil, na 2ª edição do Festival SWU, em 2011.
Leia também: Slipknot e Faith No More vendem ingressos para shows em SP
“Superhero” transita entre o metal-core e piano free-jazz, com vozes guturais de Patton, enquanto “Motherfucker” tem no sarcasmo a grande força: “Olá, filho da puta/Meu amante/Você tinha que vir”, diz o refrão, sem perder aquele ar totalmente anos 1990.
Claro, a banda oferece mais no disco, ainda que muito do que se ouve em “Sol Invictus” tenha paralelo com os demais projetos dos integrantes. “Separation Anxiety”, por exemplo, é impulsionado pelo baixo potente de Billy Gould, similar ao que se ouve em “God Hates a Coward”, do Tomahawk.
Do reggae ao nu-metal, “Rise of the Fall” é mais um dos bem-sucedidos exemplos de transição rítmica da banda: eles continuam fazendo isso com propriedade, ainda que o desfecho deixe a desejar.
Sentimentalismo, para Mike Patton, inescapavelmente tem a ver com algo sombrio. Em pelo menos três faixas ele segue nessa direção: no pós-punk de “Cone of Shame”; em “Matador”, mostrando um lado pouco visto – e pouco inspirado – acompanhado ao piano; e na última faixa, “From The Dead”, em que o violão substitui a guitarra num take que clama por arranjos mais orquestrais.
“Sol Invictus” não veio para suprir a importância de clássicos como “Angel Dust” (1992), ainda que extraia algumas de suas principais investidas. É, sim, o que se esperaria de um retorno do Faith No More. Se os pontos baixos existem, são pontos baixos já comuns à banda, que alguns ouvintes, inclusive, também associam como algo positivo.
Mariah Carey: #1 to Infinity

Gravadora: Epic
Mariah Carey é a principal artista solo com singles no topo das paradas Billboard – tanto que até lançou um álbum só com estas canções, “#1 to Infinity”.
Leia também: Taylor Swift, Britney, Mariah: veja os principais destaques do Billboard Awards 2015
São 18 canções de sucesso, incluindo sua versão para “I’ll Be There”, de Michael Jackson, com Trey Lorenz; o grande hit da década de 2000 “Without You”; e a parceria com Jay Z que renovou sua carreira: “Heartbreaker”.
A única música inédita é “Infinity”, que inclusive foi apresentada na premiação Billboard Awards 2015.
Apenas um pequeno aperitivo para Mariah não sair de cena. Quem sabe ela não coloca mais um produto no topo das paradas…
Scalene: “Éter”

Antes de ganhar os holofotes pela participação no programa “SuperStar”, a banda Scalene havia conquistado bom espaço nas rádios de rock com seu hardcore de pegada enérgica.
Leia também: Relembre os maiores sucessos dos 50 anos da TV Globo
Com postura de banda britânica, estes brasilienses revelam beber da fonte do Queens of the Stone Age em petardos como “Sublimação” e “Fogo” (esta última, clara cópia do estilo Josh Homme de cantar).
Apesar do ar de ‘novidade’ em torno da banda, “Éter” é o segundo disco do Scalene. Ah, e não representa nada de novo na cena do rock nacional, apesar de algumas canções inspiradas, como “Histeria” e “Terra”, com participação de Mauro Henrique.
A repercussão no programa da TV Globo aponta para a possibilidade de ver o rock ecoar novamente nas paradas nacionais.
Scalene tem o timbre adequado para cativar o mesmo público da Banda Malta, com ênfase bem maior nas guitarras e sem aquela chatice forçada dos vocais da banda vencedora da primeira edição do “SuperStar”.
Brandon Flowers: “The Desired Effect”

Gravadora: Virgin/EMI
Pretensão é um termo de destaque nas intenções de Brandon Flowers, vocalista do The Killers: ele afirmou que a sua banda é a melhor dos últimos 15 anos.
Leia também: 11 bandas que não seriam nada sem o público hipster
Com um título como “Desired Effect” e uma musicalidade indie-orquestral, o negrito se reforça. Esse é o guia para a ruína de “Lonely Town”, com horrível inserção de vocoder.
“I Can Change” tem uma letra fraquinha e sonoridade que deturpa a new-wave oitentista.
“Between Me and You” é a faixa que exibe o caminho que Flowers deveria seguir; seria boa se tivesse três minutos.
“Never Get You Right” apresenta uma das melhores composições de “The Desired Effect”, mas o vocalista precisa mostrar mais vontade na hora de entoar as ‘bridges’ da canção. Fora as guitarras que o acompanha, soa, bem… apenas como um rapaz pretensioso.
Paul Weller: “Saturns Pattern”

Gravadora: Atlantic/Elektra/Parlophone/PRW/Warner/Warner Bros
Dono de um dos grandes discos da década até agora (“Sonik Kicks”, de 2012), o britânico Paul Weller repaginou a sonoridade ‘punk-mod’ da influente The Jam, ativa entre fim dos anos 1970 e início dos 80.
Uma das principais contribuições de Weller atualmente é mostrar que compor, mesmo depois dos 50, não tem somente a ver com as letras.
O denso ambiente que contorna canções como “White Sky” e “Pick It Up” são claros exemplos de que o Modfather não atualiza apenas o guarda-roupa; a sobreposição das guitarras e as climatizações abstratas fortalecem o discurso otimista de Weller.
A balada “Going My Way” de alguma forma lembra Marc Bolan em memorável sessão acústica, enquanto “I’m Where I Should Be” arremessa Brian Wilson lá pros anos 2040. Bem que o U2 poderia aprender umas três, quatro ou cinco coisinhas.

