
Houve declarações dizendo que David Bowie não faria mais shows – o que não quer dizer que ele pararia com os discos. Em nota, ele afirmou trabalhar em seu disco ‘mais estranho’ – como se ‘estranho’ não fosse um adjetivo que o acompanha há mais de 40 anos.
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Relembre, a seguir, 5 discos estranhos de David Bowie, para entender como isso deve se manifestar em sua próxima obra.
#1 “Low” (1977)
Disco mais celebrado da ‘trilogia de Berlim’, “Low” retratou o auge da fase em que David Bowie retrabalhou o rock com sons experimentais do krautrock. A produção de Brian Eno, ex-membro do Roxy Music, foi importante: eles viajaram para a Alemanha, contaram com a colaboração de bandas experimentais como Can e Neu! e entregaram um dos álbuns mais inventivos de toda a década de 1970, com destaque para “Sound and Vision” e a atmosférica “Warszawa”.
#2 “Tonight” (1984)
Após o sucesso de “Let’s Dance” (1983), “Tonight” foi visto com ambiguidade pelos fãs. A faixa-título, versão reggae de um clássico de Iggy Pop, ao lado de Tina Turner, foi contra qualquer prerrogativa já estabelecida pelo britânico. “Neighbourhood Threat” também foi registrada primeiramente pelo Iguana. Mas, algo deve ser lembrado: foi Bowie quem compôs as duas canções para o clássico da carreira solo de Iggy Pop, “Lust For Life” (1977). Portanto, ele tinha todo direito de desconfigurar como quisesse tais canções – assim como “God Only Knows” (Beach Boys) e “I Keep Forgettin’” (Chuck Jackson).
#3 “Tin Machine II” (1991)
https://www.youtube.com/watch?v=Ok5A8VoOMis
A sequência do trabalho com a Tin Machine, grupo que David Bowie criou no final dos anos 1980 para dar nova impulsão à sua carreira, só teve destaque no Japão. Canções como “Baby Universal” e “You Belong in Rock’n Roll” se conectam com o rock industrial de Nine Inch Nails – algo que o guitarrista Reeves Gabrels dominava, já que também integrava o grupo de Trent Reznor.
#4 “The Buddha of Suburbia” (1993)
Preparado para a trilha de um documentário da BBC, “The Buddha of Suburbia” liga música clássica à eletrônica, englobando o rock’n roll já preponderante em sua carreira. “Bleed Like a Craze, Dad” e “Dead Against It” são tão distintas entre si, que têm mais a ver com o andamento do doc, de Hanif Kureishi, que com a proposta de um disco. Bastante subestimado, “The Buddha of Suburbia” pode mostrar bem o que David Bowie realmente quer dizer com o termo ‘estranho’.
#5 “Outside” (1995)
David Bowie chamou Brian Eno mais uma vez para produção, e o resultado não poderia sair do espectro ‘estranho’. Com 19 faixas, “Outside” mostra o Camaleão distanciado e tão melancólico como em “Station To Station”. De fato, “Outside” mostra o amadurecimento de sua incursão na trilogia de Berlim, com clássicos que precisam ser revisitados, como “Hallo Spaceboy” e “Wishful Beginnings”.