Da sensibilidade às críticas: as 7 melhores canções de Chico Buarque

É incontestável a importância de Chico Buarque no cancioneiro brasileiro. Suas músicas, seus personagens e sua abordagem são imbuídas de crítica política e social, quando não revelam uma rara sensibilidade e compreensão, tanto do universo masculino, como do universo feminino.

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Atualmente o músico está dividido entre a música e a literatura, tão celebrada quanto suas canções mais antológicas. Em busca de entender o impacto de sua obra cultural, está em cartaz o filme “Chico – Artista Brasileiro”, documentário de Miguel Faria Jr. que reúne depoimentos de outros artistas célebres em busca de mapear os 50 anos de carreira de um dos mais prestigiados músicos brasileiros.

Para relembrar a importância de Chico, confira 7 de suas melhores canções:

#1 “Roda Viva”

O músico apresentou essa canção pela primeira vez em 1967, no III Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record. Ao lado da MPB-4, mostrou uma crítica velada ‘contra a corrente’ antes dos anos de chumbo da Ditadura Militar, que passaria a fechar o cerco no final de 1968. Naquele momento, ficou com o 3º lugar, atrás de “ Domingo no Parque” (Gilberto Gil e Os Mutantes) e “ Ponteio” (Edu Lobo, Marília Medalha, Momentoquatro e Quarteto Novo).

#2 “Benvinda”

Vencedora do IV Festival de Música Popular Brasileira, em 1968, “Benvinda” é uma de suas canções mais marcantes sobre as mulheres. Quando diz ‘ pode entrar que é tempo ainda’, revela que precisa de consolo, talvez pelas conturbações políticas ou por mera carência mesmo. Afinal, ela tem ‘ um carinho pra dar’.

#3 “Construção”

Considerada pela revista Rolling Stone Brasil a melhor canção brasileira de todos os tempos, “Construção” foi escrita após o exílio de Chico Buarque na Itália. De cabo a rabo, “Construção”, o disco, é uma crítica inteligente a todo aparato opressivo e repressivo da Ditadura Militar. A faixa-título fez do momento da morte de um personagem o símbolo caótico de uma sociedade que estava se definhando.

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#4 “Cálice”

Chico Buarque e Milton Nascimento apresentaram “Cálice” pela primeira vez no antológico Phono 73, festival realizado pela gravadora Phonogram no Anhembi, em São Paulo. A música, que faz clara simbologia com ‘ cale-se’, como se o Regime quisesse impor sua verdade, foi censurada logo durante a apresentação. Os militares mandaram cortar o som dos microfones e a canção só foi liberada quando a Ditadura estava próxima de assinar o documento da Lei da Anistia, em 1979.

#5 “Terezinha”

Escrita para a peça teatral “ Ópera do Malandro”, nesta canção Chico Buarque se põe na pele de uma mulher ‘ tão desarmada’. Ela é mais uma dos muitos personagens que não têm voz, tampouco opção dentro do enredo do disco e peça, de 1979. A canção também ganhou fama com as versões de Maria Bethânia e Oswaldo Montenegro.

#6 “Meu Caro Amigo”

Chico Buarque disse: ‘ A coisa aqui tá preta’. Já era 1976, e por mais que o país vivesse numa situação política complicada, a censura era menos agressiva que nos anos anteriores. “Meu Caro Amigo” cita as simbologias culturais vendidas como coisa boa (como futebol, samba, choro e rock’n roll), quando na verdade são apenas aparatos para que tudo permaneça como está. “Meu Caro Amigo” foi composta ao lado do arranjador Francis Hime e integra o disco “ Meus Caros Amigos”.

#7 “Paratodos”

Os primeiros segundos da canção revelam que a miscigenação é o tema desta antológica canção. “Paratodos” celebra uma linha do tempo de grandes mestres musicais, citando Jackson do Pandeiro, Dorival Caymmi, Tom Jobim e diversos outros compositores consagrados. O álbum, homônimo, faturou Disco de Ouro em 1993.

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