É comum citar as bandas Beatles e Rolling Stones na mesma frase, por diversos motivos: foram duas das bandas mais importantes para o rock, são parte da Invasão Britânica e, no mesmo período, lançaram discos antológicos tidos como alguns dos mais importantes do gênero.
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A despeito de toda a grandiosidade e o reconhecimento por trás deles, há muitas diferenças entre Beatles e Rolling Stones. Vejamos algumas delas:
#1 Pop-rock vs. Blues-rock
Desde o início de carreira, a dupla de compositores John Lennon e Paul McCartney criou algumas das canções pop mais importantes da década, como “I Want to Hold Your Hand” e “Love Me Do”, abordando temas adolescentes que tinham a ver com que os integrantes viviam naquele momento.
Ainda que os Beatles tenham muita influência do blues e da fase inicial do rock, principalmente de Chuck Berry e Buddy Holly, os Rolling Stones condensaram melhor o gênero. Seu amálgama blues-rock parte dos riffs e solos de guitarra do rhytm’n blues de caras como Muddy Waters e Howlin’ Wolf. Foi dessa essência que os guitarristas Keith Richards e Brian Jones criaram uma espécie de ‘fórmula’ para os primeiros hits dos Stones.
O aspecto vocal das bandas também se difere: Lennon e McCartney eram mestres nas harmonias e vocalizações limpas, enquanto Mick Jagger cantava de forma mais ‘relaxada’, sedutora e, num bom sentido, despojada.
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#2 Os discos
Aqui, as diferenças são mais radicais. Ainda que em menos de 10 anos os Beatles tenham lançado 12 álbuns de estúdio, em 50 anos de carreira os Rolling Stones mal chegam ao dobro dessa quantidade. É nas direções musicais, porém, que as diferenças se manifestam.
É quase um consenso da crítica especializada que todos os discos dos Beatles sejam bons, apesar de canções como “Yellow Submarine” e “Ob-La-Di-Ob-La-Da” permanecerem bem distantes de outros clássicos da banda no quesito qualidade.
Essa unanimidade elogiosa, no entanto, não se aplica aos Rolling Stones. Mais aclamados por seus singles isolados, álbuns como “Flowers” (1967) e “Goats Head Soup” (1973) não tiveram tanto êxito assim quando lançados – apesar de, vez ou outra, alguma publicação assumir gosto por alguns dos discos menos usuais da carreira deles.
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#3 Outro tipo de psicodelia
Comparemos os discos mais psicodélicos das bandas: “ Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” e “ Their Satanic Majesties Request”, ambos lançados em 1967.
Visto como um dos discos mais importantes do rock, o álbum dos Beatles foi importante para que o rock psicodélico tomasse o protagonismo a partir daquele ano. Sem preocupação de tocar ao vivo, naquele momento os Beatles incorporaram técnicas de estúdio a partir das invencionices também realizadas pelos Beach Boys (marcadamente em “Pet Sounds”, de 1966).
Quanto aos Stones, não foi tão compreendido pelo público. Instrumentos como melotron, cítara, theremin e sintetizadores soaram meio desajustados à sonoridade blues-rock já instituída em discos como “ Aftermath” (1966). Se, por um lado, os Stones se mostravam mais versáteis, por outro soaram quase inacessíveis ao sair da zona de conforto.
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#4 Carreiras diametralmente diferentes
Ainda que tenha vendido uma grande quantidade de discos, os Beatles não duraram mais que 10 anos. Findada as extravagâncias da beatlemania, eles deixaram de se apresentar ao vivo, salvo raras aparições, deixando os fãs afoitos – afinal, eles queriam ver como soavam aquelas consagradas canções em shows.
Com os Stones, aconteceu o contrário. Nenhum de seus discos atingiu recordes de vendas, mas a força motora da banda ao longo dos anos baseou-se nas apresentações, sempre arrebatadoras. O compromisso com os fãs é inquebrável – mesmo com os fãs brasileiros, afinal, nos dias 21 e 23 de fevereiro de 2016 a banda se apresenta em São Paulo (ainda deve confirmar os shows no Rio de Janeiro).
#5 Frontman fundamental
Os temas dos Beatles eram tocados ao vivo por Lennon e McCartney. Muitas das críticas diziam que, nos palcos, eles eram meio estáticos – algo que não se pode dizer de Mick Jagger. Não importa a idade, não importa o momento: nos palcos, o vocalista dos Stones dança, pula, grita, se empolga… Parece que ele realmente nasceu para isso.
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#6 O look
O estilo dos cabelos e a roupa dos Beatles foram uma espécie de modelo a seguir, por todo o mundo. Os integrantes da banda eram bem vestidos e mantiveram por muito tempo o corte tigelinha, sugerido pela fotógrafa Annie Leibovitz. Quando a banda estava prestes a chegar ao fim, porém, passou a adotar trajes mais despojados (e adultos), além de deixar a barba crescer.
Mick Jagger, Keith Richards e o restante da trupe deixaram o cabelo crescer e usavam roupas rasgadas, uma espécie de contraponto à imagem de bons garotos dos Beatles. Dessa forma, os Stones, desde o início, deixavam claro seu estado de rebeldia para com o mundo.