Cássia Eller lo-fi, e a ‘loucura’ de Adriana Calcanhotto; veja lançamentos

Cássia Eller: “O Espírito do Som, Vol. 1: Segredo”

Gravadora: Coqueiro Verde

Cassia Eller era uma cantora para as massas. Uma das principais vozes da geração dos anos 1990, sua morte precoce, em 2001, calou uma intérprete desbocada e talentosa, que ainda tinha muito a mostrar.

Mais de uma década após sua morte, a gravadora Coqueiro Verde prepara uma série de discos que miram os primeiros anos de vida musical, ainda antes de iniciar sua carreira – de quando tinha apenas 21 anos e gravava suas versões musicais em fitas K7, com violão e certa esperança em ser descoberta.

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Dito isso, dá pra entender que a atmosfera do álbum é totalmente lo-fi. Sem arranjos, ou alguma produção que contorne as debilidades da gravação caseira, “O Espírito do Som” não passa de um item para colecionadores e grandes fãs.

Das 10 canções, destaque para a notável versão de “Sua Estupidez”, da boa safra de Roberto Carlos (1969), também regravada por Gal Costa, e o primeiro registro de “Flor do Sol”.

Ao ouvir a forma com que entoa “Ne Me Quitte Pas”, “For No One”, entre outras, pouco há a acrescentar, ou mesmo relacionar ao turbilhão que foi Cassia Eller. O registro tem sua importância, mas não dá pra dizer que é essencial. Adriana Calcanhotto: “Loucura: Adriana Calcanhotto Canta Lupicínio Rodrigues (Ao Vivo)”

Gravadora: Sony

Adriana Calcanhotto gravou este show no final do ano passado, na Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS) especialmente dedicado a um dos mais conhecidos compositores gaúchos: Lupicínio Rodrigues. A cantora escolheu a dedo a banda com que iria tocar; e isso realmente importa quando se ouve a bela versão de “Ela Disse-me Sim (Vá Embora)” ou a tocante versão de “Felicidade”, com acompanhamento impecável no violão de Arthur Nestrovski. Não poderia faltar, também, o hino do Grêmio, time de coração da cantora.

https://www.youtube.com/watch?v=tShMsP7AV74 Joe Satriani: “Shockwave Supernova”

Gravadora: Sony

O ‘guitarrista para guitarristas’ Joe Satriani chega ao 15º disco com a segurança de quem não precisa aplacar notas ligeiríssimas de seu instrumento para se dizer virtuoso. Sete anos após “Professor Satchafunkilus and the Musterion of Rock” (2008), Satriani mostra mais afeição por um progressivo melódico, onde a construção sonora reverbera melhor que a variação rítmica (vide “Lost in a Memory”). Ele retorna ao repetitivo solo de milhões de dedilhados em “Crazy Joy”, mas é em uma canção como “Cataclysmic” que o músico demonstra que pode mandar bem sem emular a si próprio.

https://www.youtube.com/watch?v=IOKKAM6rqVU Jill Scott: “Woman”

Gravadora: Atlantic

Apesar de pouco conhecida fora do nicho R&B, Jill Scott faz canções pop com o requinte musical de Amy Winehouse e Sharon Jones. Jill, que já conquistou três Grammys e tem tudo para chegar novamente ao topo das paradas norte-americanas – algo que conseguiu com o elogiado antecessor, “The Light of The Sun” (2011). Seja na potencial balada “Can’t Wait” ou no groove cativante de “Closure”, Jill faz parte do time que defende que o R&B atual está enraizado numa tradição. Ela soube escolher muito bem o fruto de sua árvore genealógica musical.

https://www.youtube.com/watch?v=NQlBr3KfQ6k Lamb of God: “VII: Sturm and Drang”

Gravadora: Epic/Nuclear Blast

A prisão do vocalista Randy Blythe na República Tcheca por homicídio chocou os fãs da banda de groove-metal Lamb of God. Ele foi declarado inocente e a animação aumentou após o anúncio do 7º disco. “VII: Sturm and Drang” abre com uma canção que Blythe escreveu na prisão: “Still Echoes”. Foi do cárcere que também veio “512”, número de sua cela. O peso e a urgência musical da banda permanece firme ao longo do disco: petardos como “Footprints” e “Delusion Pandemic” dão a entender que a banda, como um todo, estava se libertando de uma clausura torturadora. Assim, o disco soa como a liberdade necessária – ou, ao menos, fugaz.