“A Criança Amaldiçoada”: por que o livro não é uma continuação de Harry Potter

A oitava história da saga Harry Potter, “A Criança Amaldiçoada”, foi lançada em todo o mundo em inglês em julho deste ano – no Brasil, o lançamento em português ocorreu no final de outubro –, e deixou muitos fãs felizes, mas também divididos quanto ao enredo. Poderia o livro-roteiro ser considerado uma continuação das histórias bruxas quase 10 anos após o início das vendas de “Relíquias da Morte”?

Durante a narrativa somos apresentados a Alvo Severo Potter, filho de Harry e Gina, Rose Granger-Weasley, filha de Rony e Hermione, e Scorpius Malfoy, filho de Draco e Astoria. A trama gira em torno de Alvo e Scorpius, melhores amigos que são bem diferentes dos pais e têm que lidar com os pesos dos legados de suas famílias nunca desejados pela dupla. Muitos ficaram felizes apenas com o fato de um novo livro ser lançado, mas os fãs mais exigentes terminaram a leitura um pouco desapontados. 

Quer entender por que muitos ficaram descontentes? Confira os motivos pelos quais “ A Criança Amaldiçoada” não pode ser considerada uma continuação das histórias do mundo bruxo. Mas atenção: contém spoilers

1. É um roteiro de peça

O livro não é um romance – assim como os outros sete livros da saga –, e sim o roteiro do espetáculo teatral que está em cartaz em Londres, na Inglaterra, desde 31 de julho deste ano.

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2. O livro não foi escrito por J.K.Rowling

O roteiro de “A Criança Amaldiçoada” não foi escrito por J.K. Rowling, autora dos livros da série. Na verdade, foi baseado na história da autora britânica e do diretor John Tiffany e escrito pelo dramaturgo Jack Thorne.

3. Momentos já vistos em outros livros mostram falta de criatividade 

Jack Thorne inclui diversas referências dos livros anteriores no enredo: o vira-tempo de “O Prisioneiro de Azkaban”, o Torneio Tribuxo de “O Cálice de Fogo”, Alvo e Scorpius descendo por um cano no banheiro para chegar à Câmara Secreta, e até mesmo a entrada da dupla no Ministério da Magia sob os efeitos da Poção Polissuco – como fizeram Harry, Rony e Hermione em “As Relíquias da Morte”. São tantos os fatos repetidos que, em certos momentos, mostram certa falta de criatividade do autor.

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4. A existência de Delfi não tem lógica

A misteriosa Delfi, que descobrimos ser filha de Voldemort e Bellatriz Lestrange, aparece como uma surpresa na narrativa. Não há sentido que a jovem tenha nascido no mesmo ano em que ocorreu a Batalha de Hogwarts, em 1998 – também o ano em que seus pais morreram. Para que isso pudesse ocorrer, a Comensal da Morte precisaria estar grávida quando Harry, Rony e Hermione foram capturados e levados para a Mansão Malfoy (no último livro).

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5. A profecia que “explica” o enredo não existe

Apesar de Delphi tentar manipular Alvo a fazer diversas coisas que supostamente poderiam concretizar a nova profecia para trazer seu pai de volta, esta profecia nunca tinha aparecido no universo mágico criado por Rowling.

6. Os personagens não são desenvolvidos

Justamente por se tratar de uma peça, não é possível entender com profundidade os personagens. Harry, Rony, Hermione, Draco e seus filhos têm características que servem exclusivamente para movimentar a trama para frente.

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