15 discos de 1995 que você TEM que ouvir e reouvir

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Um ano após o suicídio de Kurt Cobain, muitos se perguntavam qual direção a música tomaria – pelo menos, no eixo pop. A imprensa musical apostou na richa ‘Blur vs. Oasis’, que esquentou o britpop, mas, por trás dos panos, fortaleciam mesmo o trip-hop, o jungle e o hip-hop.

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Fizemos uma pequena seleção de 15 discos de 1995 que merecem ser reouvidos não só por sua qualidade, mas pela relevância especialmente nos dias de hoje. Muitos foram deixados de fora – como “Brown Sugar”, de D’Angelo, e “Mellon Collie & The Infinite Sadness”, do Samshing Pumpkins – justamente porque a ideia não é selecionar ‘melhores’ ou ‘mais relevantes’. Queremos, isso sim, mostrar que o impacto daquele ano também pode ser analisado a partir de outras perspectivas.

Confira 15 discos de 1995 que você TEM que ouvir e reouvir: A Guy Called Gerald: “Black Street Technology”

Gravadora: Juice Box

Com manipulações sônicas inspiradas em ficção científica e um affair pelo minimalismo levado ao extremo, A Guy Called Gerald partiu do jungle (dança das pistas influenciadas pelo dancehall da Jamaica) em nova busca sonora. É uma busca onírica e multifacetada, como exemplifica “Alita’s Dream” e “Silent Cry”. Esse lado melancólico da eletrônica hoje possui diversos adeptos, como Oneohtrix Point Never e Jamie xx. Bezerra da Silva, Moreira da Silva e Dicró: “Os 3 Malandros in Concert”

https://www.youtube.com/watch?v=HPpu4thU0ug

Gravadora: Cia Industrial de Discos

A ideia é genial: a trinca do samba ironizou os 3 tenores (Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras) com um ‘recital’ que faz de sons como “Ressuscita Ele”, “O Político” e “Jogando com o Capeta” espetáculos, com arranjos e direção musical do maestro Jaime Alem. Claro que violinos e violoncelos são apenas adorno de temas sarcásticos e muito bem-humorados, da época em que ‘pagode’ era sinônimo de samba arrojado, não como o conhecemos hoje. Dr. Sin: “Brutal”

Gravadora: Laser/Unimar

Formado em 1991, em São Paulo, pelos irmãos Andria e Ivan Busic e o guitarrista Eduardo Ardanuy, o Dr. Sin conseguiu contrato com a gigante Warner antes mesmo de lançar disco. A estreia rendeu relativo sucesso, mas foi com “Brutal”, com a influência de ter tocado em mais de 9 países, que a banda condensou um hard-rock de peso distinto. As duas canções mais conhecidas são “Silent Scream” e “Fire”, que fez parte da trilha sonora da novela “Chamas da Vida”, da Rede Record. Foo Fighters: “Foo Fighters”

Gravadora: Capitol/Roswell Records

Dave Grohl não tinha nem um terço da popularidade de Kurt Cobain, parceiro do Nirvana, que morreu em 1994. Ele queria continuar seguindo carreira, e lançou um álbum em que gravou todos os instrumentos. Canções como “I’ll Stick Around” e “Big Me” são esboços da grandiosidade que a banda teria a partir dos próximos discos – principalmente após “The Colour and the Shape” (1997).

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https://www.youtube.com/watch?v=fV80H9rScSQ

Gravadora: Geffen/MCA

Um dos membros mais prolíficos do grupo Wu-Tang Clan, GZA havia lançado o primeiro trabalho antes mesmo do clássico “Enter the 36 Chambers” (1993). Mas é com “Liquid Swords” que o rapper entregou algumas de suas canções mais afiadas, como “Shadowboxin’” e “Living in the World Today”. Uma das principais características deste rapper é rimar como se tivesse jogando xadrez, tamanha é a complexidade de sua técnica. Pato Fu: “Gol de Quem?”

Gravadora: BMG

O segundo disco dos mineiros do Pato Fu apresentou o elo musical de Fernanda Takai e John Ulhôa ao Brasil. O single “Sobre o Tempo” chegou a integrar a trilha sonora de uma “Malhação” que ainda estava engatinhando na TV Globo, mas foi com canções como “Mamãe Ama é o Meu Revolver” e a releitura de “Vida de Operário”, de autoria dos Excomungados e já relido pela Patife Band. Foi com o Pato Fu, porém, que o grande público pode cantar: ‘ E o lucro é do patrão/Semana é do patrão/Ganância é do patrão/E o lucro é do patrão’. Pin Ups: “Jodie Foster”

Gravadora: Independente

Formado no final dos anos 1980 na cidade de Santo André (SP), os Pin Ups surgiram como uma banda de noise-rock influenciada por Lou Reed e The Jesus & Mary Chain. Aos poucos a banda foi se moldando; neste quarto disco, por exemplo, Alê Briganti assume os vocais (que antes eram de Luiz Gustavo). As guitarras de Zé Antônio Algodoal são um poço de distorção, como é possível ouvir em “Feel So Strange” e “In a Hole”, cover do Jesus & Mary Chain. Apesar de ser idolatrado nos círculos alternativos, o Pin Ups não teve sucesso comercial, pois muitos o tacharam como cópia de bandas estrangeiras só porque cantavam em inglês.

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Gravadora: Island

Enquanto a imprensa – principalmente a MTV – se aproveitava da richa ‘Blur vs. Oasis’, os britânicos do Pulp mostraram que estavam acima de tudo isso ao gravar um disco que discorria sobre temas sociais e sexuais, com a admirável habilidade do compositor Jarvis Cocker. O disco teve boas vendagens, mas hoje em dia o Pulp não desfruta a mesma popularidade de duas décadas atrás. Hits como “Common People” e “Disco 2000”, todavia, não envelhecem assim tão rápido. Raekwon: “Only Built 4 Cuban Linx…”

Gravadora: Loud/RCA

Antes de brigar com o produtor RZA e selar um grande hiato para o Wu-Tang Clan, Raekwon o chamou como ‘diretor’ de seu disco mais aclamado: “Only Built 4 Cuban Linx…”. Uma das grandes forças do álbum de estreia é recriar um ambiente de máfia, que se tornou influência para a estreia de Jay Z. Influenciado pelo filme “Era Uma Vez na América”, Raekwon escreveu “Wu Gambino”, mas as canções realmente impactantes foram “Heaven and Hell” e “Criminology”. Raimundos: “Lavô Tá Novo”

Gravadora: Warner

A estreia homônima do Raimundos foi tão estrondosa que não demorou para que a major Warner ficasse de olho e batesse o martelo para que o norte-americano Mark Dearnley assumisse a produção. Os riffs de guitarra são mais límpidos e a voz de Rodolfo em clássicos como “Eu Quero Ver o Oco” e “I Saw You Saying (That You Say That You Saw)” tiveram milhões de ecos por aí, dos bate-cabeças desordenados aos grandes shows patrocinados por rádios FM. Scott Walker: “Tilt”

Gravadora: Fontana

Nos anos 1960, o bardo Scott Walker era uma das promessas americanas para ‘competir’ com grupos britânicos como The Beatles e The Kinks. The Walker Brothers acabou e, ainda que tenham ensaiado alguns retornos sem a pretensão artística que alguns managers esperavam, foi o cantor Scott Walker quem se destacou ao longo dos anos. Entre discos estranhos nos anos 1970 e 80, com “Tilt” o músico foi ainda mais longe, dando início a uma trilogia que só seria retomada em 2006, com “The Drift”, e concluída com “Bish Bosch” (2012). T-Power: “The Self Evident Truth of an Intuitive Mind”

Gravadora: Sour

Mais uma prova da junção sci-fi e drum’n bass. T. Power, projeto do hoje consagrado produtor britânico Marc Royal, também experimentava com a IDM. Como composições, “Circle” e “Octagon” são mais substanciais e pé no chão, criando pavimento para projetos como Four Tet e Burial ao longo dos anos. Vale prestar atenção em como uma canção caleidoscópica pode te deixar com vontade de dançar, em “Triangle”. Teenage Fanclub: “Grand Prix”

https://www.youtube.com/watch?v=WJpBlfJLbRM

Gravadora: Creation

O quinto disco dos escoceses do Teenage Fanclub é, até hoje, o mais conhecido. Antes de tudo, “Grand Prix” é um disco de rock, calcado em riffs, bons refrãos, letras fáceis de memorizar e uma energia instigante, que até hoje tem mantido antigos fãs e conquistado alguns outros. Three 6 Mafia: “Mystic Stylez”

Gravadora: Prophet

Juicy J hoje é conhecido por ser parceiro de Wiz Khalifa em uma gravadora, mas no início dos anos 1990 mostrou a força do rap alternativo com o Three 6 Mafia, ao lado dos irmãos DJ Paul e Lord Infamous, que morreu de ataque cardíaco. “Mystic Stylez” é, até hoje, reconhecido como um dos discos de rap pioneiros do que hoje se chama trap e horrorcore. Satanismo, tortura e assassinatos em massa são alguns dos temas do álbum, que ainda precisa ser revisitado por muitos.

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Tricky: “Maxinquaye”

Gravadora: Island

Pouco tempo após o lançamento do primeiro disco de trip-hop – “Blue Lines” (1991), do Massive Attack – Tricky, que colaborou naquele disco, mostrou que era possível ir de Michael Jackson a A. R. Rahman (sampler de “Black Steel”) em um disco que não escapa do adjetivo ‘sensual’. Uma das principais colaboradoras do álbum é Martina Topley-Bird, então namorada do músico.

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