Pedro Neschling descobriu deficiência auditiva aos 18 anos: ator demorou para aceitá-la

Pedro Neschling, filho de dois artistas, chegou a largar sua carreira de ator por não saber lidar com a deficiência auditiva

Pedro Neschling, filho da atriz Lucélia Santos com o maestro John Neschling, possui deficiência auditiva. O diagnóstico, no entanto, veio quando tinha apenas 18 anos e a causa da condição nunca foi descoberta, mas levou o ator, diretor e roteirista a aprender a conviver com a “deficiência invisível”, nas palavras dele.

Pedro Neschling descobriu deficiência auditiva aos 18 anos

“A surdez é uma deficiência invisível porque, se eu não contar, não ficam sabendo. Boa parte da minha vida fui, e sou, deficiente. Provavelmente, as pessoas não sabem, mas a minha perda vem desde antes que eu possa me recordar”, declarou o ator, em entrevista ao jornal O Globo, em 2023.

“Tive um diagnóstico de surdez aos 18 anos. Não tenho um diagnóstico sobre a causa. Provavelmente, alguma coisa hereditária, não há essa explicação”, acrescentou. O ator revelou, além disso, que as pessoas quase não acreditam quando revela sua condição e já chegou a precisar mostrar o aparelho auditivo.

Pedro Neschling (Crédito: Reprodução/Instagram @pedroneschling)

Pedro não nasceu com nenhum tipo de deficiência, mas a audição começou a falhar ao longo do seu crescimento. Chegando à fase adulta, posteriormente, o ator percebeu que já não escutava muita coisa, momento em que estava começando sua carreira nas artes.

Como resultado de um trabalho no teatro, Pedro fez uma audiometria e descobriu que os dois ouvidos já estavam bem comprometidos. “Eu sou deficiente auditivo mesmo, eu tenho frequências que não escuto. Eu tenho perdas desde leve, no grave, até profunda, nos agudos. Tem sons que eu não escuto. Nos meus médios eu tenho perda moderada para severa”.

Pedro Neschling chegou a abandonar carreira de ator

Porém, Pedro não conseguiu lidar tão bem com a condição em um primeiro momento, se recusando a aceitá-la. Em seguida ao diagnóstico, Pedro ganhou destaque na TV, começando em “Sítio do Picapau Amarelo”, da Globo, em 2003.

No ano seguinte, Pedro estourou como o Dionísio Sardinha em “Da Cor do Pecado”, emendando um trabalho no outro, até 2013. A perda auditiva, em contrapartida, começou a atrapalhar sua atuação, fazendo com que optasse por trabalhar atrás das câmeras.

Pedro Neschling no remake de “Renascer” (Crédito: Reprodução/Globoplay)

“Eu tinha justamente que ficar com essa tensão hiperdobrada, para estar o tempo inteiro ligado no que estava acontecendo. Tinha que estar atento ao movimento, ao trabalho do câmera, eu tinha que estar atento às ordens da direção, ao meu colega. Eu tinha que estar quatro vezes mais atento do que qualquer pessoa para não atrapalhar o andamento da engrenagem”, declarou, ao canal Crônicas da Surdez Surdos que Ouvem.

Nesse meio tempo, Pedro se recusava a seguir as orientações médicas, que incluíam o uso do dispositivo. De acordo com o ator, o medo era que isso prejudicasse sua imagem visualmente, demorando para processar que a deficiência é algo normal.

Pedro Neschling demorou para aceitar deficiência

Em 2020, anos após o diagnóstico, Pedro decidiu experimentar o aparelho auditivo, quando sua vida mudou completamente. O dispositivo, portanto, amplifica os sons que o ator não consegue escutar, fazendo com que entendesse a dimensão do seu problema.

Graças ao aparelho auditivo, Pedro se sentiu confortável para voltar a atuar, recebendo convite para o remake de “Renascer”, onde poderia aparecer na TV com o dispositivo, o ator não pensou duas vezes. “Eu me sinto um ator muito mais preparado agora”, confessou.

“Eu me sinto muito mais tranquilo para estar em cena do que eu tinha. Agora é mais fácil para entender, para saber o que está acontecendo”. Atualmente, Pedro usa o aparelho nos dois ouvidos e divide sua experiência para alertar pessoas que passam pelo mesmo problema.

“Você que escuta normalmente não faz ideia da dificuldade que é ser surdo sem auxílio. Sobretudo porque se trata de uma deficiência invisível, difícil de fazer quem não sofre entender”, explicou, ao X. “Quando eu digo para os outros que sou surdo, muita gente ri, achando que é piada. Não por maldade, mas por conceber isso como uma possibilidade”.

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